Ao
lado do patriarca dos ortodoxos, Bartolomeu I, o papa Francisco pediu
neste domingo (30) o "restabelecimento da plena comunhão" entre
católicos e ortodoxos - que estão separados há mais de mil anos. Segundo
Jorge Bergoglio, essa união "não significa submissão de um ao outro,
nem absorção, mas o acolhimento de todos os dons que Deus deu a cada um
para manifestar ao mundo inteiro o grande mistério da salvação". "Quero
assegurar a todos vocês, para atingir a meta de plena unidade, a Igreja
Católica não pretende impor nenhuma exigência além daquela da profissão
de uma fé comum", afirmou o Pontífice durante a "divina liturgia" da
festa de Santa Andreia em Istambul, onde encerra hoje sua visita à
Turquia. Ele ressaltou que "estamos prontos para buscar juntos, à luz
dos ensinamentos das Escrituras e da experiência do primeiro milênio, a
modalidade com a qual haverá a necessária união entre as igrejas nas
circunstâncias atuais". De acordo com o sucessor de Bento XVI, "a única
coisa que a Igreja Católica deseja e eu busco como Bispo de Roma, é a
comunhão com as Igrejas Ortodoxas". As duas igrejas se separaram em
1054, quando os católicos quiseram impor a submissão ao Papa para os
ortodoxos. Atualmente, a sede da Igreja Ortodoxa é em Istambul e seu
líder é o patriarca Bartolomeu I. São cerca de 300 milhões de ortodoxos
no mundo contra mais de um bilhão de católicos. Ainda na celebração
deste domingo, Bergoglio afirmou que há "muitas mulheres e há muitos
homens que sofrem" pela falta de comida, de emprego e pela alta exclusão
social.
Por isso, "como cristãos, somos chamados a lutar juntos nessa
globalização da indiferença que hoje parece ter a supremacia" e que essa
união "deve criar uma sociedade no amor e na solidariedade". O
Pontífice ainda reforçou seus pedidos para que a perseguição contra os
cristãos no Oriente Médio tenha fim, "pois não podemos aceitar um
Oriente Médio sem cristãos, que ali professam a fé em Jesus há mais de
dois mil anos". Após a celebração, o Papa ainda leu uma declaração
conjunta, firmada entre ele e Bartolomeu I sobre a unificação das duas
religiões. "Demonstramos nossa sincera e forte intenção, em obediência à
vontade de nosso Senhor Jesus Cristo, de intensificar os nossos
esforços para a promoção da plena unidade entre todos os cristãos e,
sobretudo, entre católicos e ortodoxos. Queremos ainda sustentar o
debate teológico promovido pela Comissão Mista Internacional, que foi
criada há 35 anos pelo patriarca ecumênico Dimitrius e o papa João Paulo
II aqui no Fanar, e que está debatendo, atualmente, as questões mais
difíceis que marcaram a história da nossa divisão e que pedem um estudo
atento e aprofundado", informou Francisco. (JB)
Nenhum comentário:
Postar um comentário