por
Hieros Vasconcelos Rego
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Foto: Romildo de Jesus
A produção anual baiana tem diminuído
Os cerca de 14 milhões de habitantes da Bahia
consomem, em média, 135 mil toneladas de peixe por ano. No entanto, em
2013, a produtividade no Estado foi de 103 mil toneladas, o que apontou
um déficit anual de 32 mil toneladas.
Este déficit tem encarecido o produto nos mercados, ano a ano, e gerado reclamações entre os consumidores. E a tendência, este ano, é que os preços continuem a subir.
Isto porque, explicam especialistas, a auto-insuficiência da produção em águas baianas tem mantido a necessidade de importação de outros estados, e causado, consequentemente, a elevação dos preços nas peixarias e mercados baianos devido ao transporte mais demorado, os gastos com mais gelos e com embalagens mais resistentes.
Apesar de a Bahia ser um dos estados com maior potencial hídrico do País, com mais de mil quilômetros do Rio São Francisco e quatro reservatórios que totalizam 4 milhões de metros quadrados cúbicos, a produção anual só tem diminuído.
Segundo dados do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), de 2010 a 2013 a produção anual passou de 114 mil para 103 mil toneladas. A média de consumo do baiano anualmente é de 135 mil toneladas, cerca de 9,7 quilos por habitante (a Bahia tem cerca de 14 milhões de pessoas). Contatado, o MPA não enviou, até o fechamento desta edição, os dados do primeiro semestre deste ano.
A equipe de reportagem da Tribuna da Bahia percorreu principais supermercados da capital baiana, inclusive o Mercado do Peixe, em Água de Meninos, onde, no passado, os valores eram mais baixos. Hoje em dia, eles se equiparam. Um quilo de Corvina nos principais estabelecimentos comerciais, por exemplo, tem preços que variam entre R$ 10 a R$ 15 este ano, quando em 2013 os valores variavam entre R$ 7 a R$ 13.
O badejo, bastante presente na mesa do consumidor, custa cerca de R$ 20 a R$ 25 o quilo, e chegou a custar, ano passado, entre R$ 17 e R$ 23 o quilo. Outro pescado consumido com frequência pelo baiano é a Arraiá, cujo o valor do quilo tem variado entre R$ 8 a R$ 10 este ano e chegou a custar em torno de R$ 6 a R$ 8 o ano passado.
Para o engenheiro de pesca Carlos Albuquerque Santos existe uma série de entraves na produção que envolve à falta de infraestrutura, regularização ambiental e, principalmente, o acesso ao crédito para que haja o crescimento da produtividade através do aumento de reservatórios- a aquicultura. Entre estes entraves, estaria a falta de estratégia do Estado. “Temos potencial e não estamos aproveitando. Temos uma costa e uma cultura de consumir pescado litorâneo mas está faltando incentivo e crédito”, destaca.
Entre outros problemas, está a dificuldade da sustentabilidade. A sobrepesca e a poluição ambiental, acrescenta ele, tem diminuído a quantidade de pescados amadores – aquela encontrada em mercados livres e vendidos em baldes pelos próprios pescadores. Por isso, diz Santos, a importância de se profissionalizar a atividade através da pesca oceânica, com a criação de terminais pesqueiros.
A maioria dos peixes vem da região Sul do País
De acordo com Eduardo Rodrigues, asssessor de projetos institucionais da Bahia Pésca, empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia (Seagri), a maior produção da Bahia vem da aquicultura e não do pescado tradicional. A estratégia que o governo tem tomado é investir, anualmente, na infraestrutura e criar planos estratégicos para dinamizar a produção.
“Na Bahia, os principais reservatórios estão no território de Itaparica e Sobradinho, no Sertão do São Francisco. O território de Itaparica engloba oito municípios, dos quais cinco estão na Bahia: Paulo Afonso, Glória, Rodela e Chorrochó. Estamos investindo e aumentando estes reservatórios para atender a demanda”, explica ele. Segundo Rodrigues, as 32 mil toneladas de peixe que faltam nos mercados e peixarias da Bahia estão sendo trazidos dos estados de Santa Catarina, Pará, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Pernambuco.
Ele assume, inclusive, que a importação do pescado tem influenciado no preço, na qualidade e no impacto ambiental. “O pescado que vem de Santa Catarina, por exemplo, exige um consumo maior de energia e de gás carbônico. O tempo de chegada também influência na qualidade do peixe”, afirma. 9.74 o consumo per capita por pessoa. Mas esse valor oscila muito. Conforme os levantamentos da Bahia Pesca, as regiões do rio São Francisco e do litoral baiano são os que mais consomem pescado.
Dentre outras atividades, está o aumento da oferta de alevinos – peixes recém saídos dos ovos importantes para piscicultura, que é o cultivo de peixes em águas doces. De 2009 até este ano, a produção de alevinos passou de 15 milhões ao ano para 75 milhões/ano. Existem cerca de nove estações de piscicultura.
Por conta da baixa produtividade na Bahia e da necessidade de importação do pescado por outros estados, muitas franquias de supermercados como o Bompreço, Extra e G Barbosa, por exemplo, findaram o setor de peixaria. “O peixe tem demorado de chegar. Não chega mais tão natural como antigamente. E pra importar, fica mais caro. Por isso optamos as postas e filés embalados, até por uma questão da vigilância sanitária”, afirma um gerente que preferiu não ser identificado.
Com ausência de peixarias, o consumidor tem pago mais caro por quilos de postas e filés. È o que tem notado a dona de casa, moradora da Vasco da Gama, Maria Luiza Araújo. “Antigamente a gente vinha no mercado e comprava o peixe que achássemos mais bonito, ali, in loco. Era mais barato, pois ele não vinha já fatiado em posta ou com filé, nem embalado. Agora, a gente só encontra as postas e os filés, e sempre mais caro”, reclama.
Ministério espera baixar os preços
O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) irá promover - com apoio de empresários de variados segmentos, entre o pesqueiro, bares e restaurantes, instituições, escolas e centros de saúde - a 11ª Semana do Peixe, entre os dias 01 e 14 de setembro.
O objetivo é realizar uma série de palestras, seminários, cursos, festivais gastronômicos, degustações e campeonatos que colaborem no incremento da oferta e na redução dos preços em supermercados e feiras livres do Brasil.
De acordo com o Ministério, espera-se que os preços baixem entre 15% a 30% e desta forma as vendas aumentem em torno de 30%. Conforme o MPA, a Semana do Peixe é fundamental para estimular o consumo de pescado no País e tem a participação de bares, restaurantes, escolas, centros de saúde, empresas e instituições.
Este déficit tem encarecido o produto nos mercados, ano a ano, e gerado reclamações entre os consumidores. E a tendência, este ano, é que os preços continuem a subir.
Isto porque, explicam especialistas, a auto-insuficiência da produção em águas baianas tem mantido a necessidade de importação de outros estados, e causado, consequentemente, a elevação dos preços nas peixarias e mercados baianos devido ao transporte mais demorado, os gastos com mais gelos e com embalagens mais resistentes.
Apesar de a Bahia ser um dos estados com maior potencial hídrico do País, com mais de mil quilômetros do Rio São Francisco e quatro reservatórios que totalizam 4 milhões de metros quadrados cúbicos, a produção anual só tem diminuído.
Segundo dados do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), de 2010 a 2013 a produção anual passou de 114 mil para 103 mil toneladas. A média de consumo do baiano anualmente é de 135 mil toneladas, cerca de 9,7 quilos por habitante (a Bahia tem cerca de 14 milhões de pessoas). Contatado, o MPA não enviou, até o fechamento desta edição, os dados do primeiro semestre deste ano.
A equipe de reportagem da Tribuna da Bahia percorreu principais supermercados da capital baiana, inclusive o Mercado do Peixe, em Água de Meninos, onde, no passado, os valores eram mais baixos. Hoje em dia, eles se equiparam. Um quilo de Corvina nos principais estabelecimentos comerciais, por exemplo, tem preços que variam entre R$ 10 a R$ 15 este ano, quando em 2013 os valores variavam entre R$ 7 a R$ 13.
O badejo, bastante presente na mesa do consumidor, custa cerca de R$ 20 a R$ 25 o quilo, e chegou a custar, ano passado, entre R$ 17 e R$ 23 o quilo. Outro pescado consumido com frequência pelo baiano é a Arraiá, cujo o valor do quilo tem variado entre R$ 8 a R$ 10 este ano e chegou a custar em torno de R$ 6 a R$ 8 o ano passado.
Para o engenheiro de pesca Carlos Albuquerque Santos existe uma série de entraves na produção que envolve à falta de infraestrutura, regularização ambiental e, principalmente, o acesso ao crédito para que haja o crescimento da produtividade através do aumento de reservatórios- a aquicultura. Entre estes entraves, estaria a falta de estratégia do Estado. “Temos potencial e não estamos aproveitando. Temos uma costa e uma cultura de consumir pescado litorâneo mas está faltando incentivo e crédito”, destaca.
Entre outros problemas, está a dificuldade da sustentabilidade. A sobrepesca e a poluição ambiental, acrescenta ele, tem diminuído a quantidade de pescados amadores – aquela encontrada em mercados livres e vendidos em baldes pelos próprios pescadores. Por isso, diz Santos, a importância de se profissionalizar a atividade através da pesca oceânica, com a criação de terminais pesqueiros.
A maioria dos peixes vem da região Sul do País
De acordo com Eduardo Rodrigues, asssessor de projetos institucionais da Bahia Pésca, empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia (Seagri), a maior produção da Bahia vem da aquicultura e não do pescado tradicional. A estratégia que o governo tem tomado é investir, anualmente, na infraestrutura e criar planos estratégicos para dinamizar a produção.
“Na Bahia, os principais reservatórios estão no território de Itaparica e Sobradinho, no Sertão do São Francisco. O território de Itaparica engloba oito municípios, dos quais cinco estão na Bahia: Paulo Afonso, Glória, Rodela e Chorrochó. Estamos investindo e aumentando estes reservatórios para atender a demanda”, explica ele. Segundo Rodrigues, as 32 mil toneladas de peixe que faltam nos mercados e peixarias da Bahia estão sendo trazidos dos estados de Santa Catarina, Pará, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Pernambuco.
Ele assume, inclusive, que a importação do pescado tem influenciado no preço, na qualidade e no impacto ambiental. “O pescado que vem de Santa Catarina, por exemplo, exige um consumo maior de energia e de gás carbônico. O tempo de chegada também influência na qualidade do peixe”, afirma. 9.74 o consumo per capita por pessoa. Mas esse valor oscila muito. Conforme os levantamentos da Bahia Pesca, as regiões do rio São Francisco e do litoral baiano são os que mais consomem pescado.
Dentre outras atividades, está o aumento da oferta de alevinos – peixes recém saídos dos ovos importantes para piscicultura, que é o cultivo de peixes em águas doces. De 2009 até este ano, a produção de alevinos passou de 15 milhões ao ano para 75 milhões/ano. Existem cerca de nove estações de piscicultura.
Por conta da baixa produtividade na Bahia e da necessidade de importação do pescado por outros estados, muitas franquias de supermercados como o Bompreço, Extra e G Barbosa, por exemplo, findaram o setor de peixaria. “O peixe tem demorado de chegar. Não chega mais tão natural como antigamente. E pra importar, fica mais caro. Por isso optamos as postas e filés embalados, até por uma questão da vigilância sanitária”, afirma um gerente que preferiu não ser identificado.
Com ausência de peixarias, o consumidor tem pago mais caro por quilos de postas e filés. È o que tem notado a dona de casa, moradora da Vasco da Gama, Maria Luiza Araújo. “Antigamente a gente vinha no mercado e comprava o peixe que achássemos mais bonito, ali, in loco. Era mais barato, pois ele não vinha já fatiado em posta ou com filé, nem embalado. Agora, a gente só encontra as postas e os filés, e sempre mais caro”, reclama.
Ministério espera baixar os preços
O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) irá promover - com apoio de empresários de variados segmentos, entre o pesqueiro, bares e restaurantes, instituições, escolas e centros de saúde - a 11ª Semana do Peixe, entre os dias 01 e 14 de setembro.
O objetivo é realizar uma série de palestras, seminários, cursos, festivais gastronômicos, degustações e campeonatos que colaborem no incremento da oferta e na redução dos preços em supermercados e feiras livres do Brasil.
De acordo com o Ministério, espera-se que os preços baixem entre 15% a 30% e desta forma as vendas aumentem em torno de 30%. Conforme o MPA, a Semana do Peixe é fundamental para estimular o consumo de pescado no País e tem a participação de bares, restaurantes, escolas, centros de saúde, empresas e instituições.
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