Deputado do PT ligado ao PCC é acusado de sete crimes: organização criminosa, extorsão, constrangimento ilegal, apropriação indébita, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e abuso de autoridade.
O deputado estadual Luiz Moura (PT), flagrado pela Polícia
Civil em uma reunião da qual participaram dezoito criminosos da facção Primeiro
Comando da Capital (PCC), passou a ser investigado pelo Ministério Público de
São Paulo por ter sido sócio de uma empresa de transporte de passageiros
suspeita de lavar dinheiro para o PCC.
O nome do parlamentar é citado em
apuração de promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco) sobre vínculos da facção criminosa com cooperativas de
perueiros que operam na capital paulista.
Moura figurou, ainda que temporariamente, no quadro
societário da empresa Happy Play Tour, uma das que compõem o Consórcio Leste 4,
suspeito de vínculos com o PCC e que já foi alvo de intervenção judicial. Em
2010, o parlamentar declarou à Justiça Eleitoral ter 4 milhões de reais em
cotas da companhia. Um ano depois, já havia deixado a sociedade, conforme registros
da Junta Comercial do Estado. O petista também foi diretor da cooperativa
Transcooper, em cuja garagem foi flagrado pela polícia, em março, reunido com
integrantes do PCC.
Há uma semana o site de VEJA revelou que o procurador-geral
de Justiça de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa, apresentou ao Tribunal de
Justiça do Estado uma representação criminal contra o deputado. Elias Rosa vai
investigar se Moura cometeu sete crimes: organização criminosa, extorsão,
constrangimento ilegal, apropriação indébita, sonegação fiscal, lavagem de
dinheiro e abuso de autoridade. Por ter foro privilegiado, Moura só pode ser
investigado pelo chefe do Ministério Público paulista, e o processo deve correr
direto na segunda instância da Justiça.
Segundo promotores do Gaeco, Moura também chegou a ser
citado em depoimentos como uma das pessoas influentes no ramo das cooperativas
que atuam na Zona Leste. A suspeita mais forte que pesa contra o deputado até
aqui, porém, é o elo entre Moura e a Happy Play. Ele não foi citado em
interceptações telefônicas feitas contra outros suspeitos.
Por causa do foro
privilegiado, toda a investigação contra Moura foi deslocada para o órgão de
competência originária do MP, que assessora o procurador-geral. A apuração contra
os demais suspeitos seguirá com o Gaeco. Moura nega qualquer relação com o crime organizado. Seu
defensor, o advogado João de Oliveira, disse ao site de VEJA que a
representação do procurador-geral é "oportunismo político".
Inquérito - Edição desta quarta-feira do jornal O Estado de
S. Paulo revela trechos do inquérito produzido pelo Gaeco. Segundo os autos, o
Consórcio Leste 4, contratado pela SPTrans em 2007 para operar linhas de ônibus
na Zona Leste da capital paulista, era integrado por três empresas cujos
sócios, segundo os autos, eram “indivíduos que estariam lavando dinheiro,
produto do cometimento de crimes” para a facção criminosa.
Ao longo das investigações o MP descobriu ainda, de acordo
com a reportagem, casos de perueiros com patrimônio superior a 22 milhões de
reais e motoristas com seguros de vida superiores a 1 milhão de reais. Dois
suspeitos, Gerson Adolfo Sinzinger e Vilson Ferrari, o Xuxa, levantaram,
segundo as investigações, 4 milhões de reais cada, no intervalo de dois anos,
enquanto trabalhavam nas cooperativas da cidade. O dinheiro serviu para o
acúmulo de capital da Happy Play, de acordo com a investigação do Ministério
Público. “A empresa não possuía nenhum veículo, mas recebia repasses do
Consórcio Leste 4”, diz trecho do auto citado pelo jornal.
A investigação
aponta que a dupla chegou a fazer parte das três empresas que compunham o
Consórcio Leste 4. Diante das evidências de enriquecimento ilícito, os promotores
do caso conseguiram a quebra do sigilo financeiro de Moura, de outros sete
suspeitos e de cinco empresas (Consórcio Leste 4, Himalaia, Novo Horizonte,
Happy Play, Transcooper e Aliança Paulista), em 2011. Os bancos, contudo,
levaram mais de 1 ano para repassar os dados.
Deputado-bomba - Ex-presidiário – foi condenado por assalto
à mão armada nos anos 1990 –, o deputado também é alvo de um processo
disciplinar interno no PT. A cúpula do partido pretende expulsá-lo da sigla até
o início de agosto. Na última sexta, a Comissão Executiva do PT estadual deu
prazo de dez dias para o parlamentar se defender formalmente – é a última fase
do processo. Em junho, Moura chegou a ser suspenso por sessenta dias da legenda
e ficou impedido de concorrer à reeleição em outubro.
BLOG DO CORONEL
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