Além das
certezas eleitorais, há o risco de racionamento de energia elétrica,
resultado do desastroso modelo imposto por Dilma. Vem aí um PIB ainda
mais murcho:
A
economia brasileira começou 2014 pisando no freio. Analistas esperam que
o resultado do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços
produzidos no país) no primeiro trimestre do ano deverá ficar entre
queda de 0,1% a alta de 0,3% na comparação com o trimestre anterior,
menor que o 0,7% registrado nos três últimos meses de 2013. Incertezas
eleitorais, risco de racionamento, problemas na indústria com falta de
produtividade e excesso de endividamento das famílias são apontados como
os principais vilões do crescimento econômico.
O
resultado que será divulgado pelo IBGE — que está em greve — na
sexta-feira terá outro componente de incerteza sobre o número: este PIB
vai incorporar os dados da Pesquisa Industrial Mensal que, em março,
mudou sua metodologia, ampliando a cobertura de setores e unidades
pesquisadas. Isso ampliou a insegurança nas previsões — até mesmo o
resultado de 2013 será revisto. De qualquer maneira, se espera uma
desaceleração.
Como
muitos economistas não acreditam em uma forte recuperação durante o ano —
esperam um segundo semestre novamente fraco, sob os efeitos das greves e
dos feriados da Copa — 2014 deverá fechar entre 1,3% e 1,9%, com a
maior parte dos analistas estimando 1,5%.
— Os
dados todos que temos até agora estão muito ruins, tanto para o primeiro
como para o segundo trimestre, o que deverá causar mais um ano de fraco
desempenho. Se o país realmente crescer 1,5%, será o segundo pior
resultado do governo Dilma — afirmou Alexandre Schwartsman, ex-diretor
do Banco Central (BC).
Ele
estima que, pela metodologia antiga, o PIB do primeiro trimestre
apresentaria alta de 0,2% a 0,3%, mas, com os novos dados da indústria, o
resultado poderá vir diferente e até levemente negativo. Na opinião
dele, a causa do fraco crescimento é o erro de estratégia do governo,
que tenta acelerar a atividade incentivando a demanda quando o problema
está no lado da oferta, com a baixa produtividade brasileira, reflexo
dos gargalos da economia brasileira.
Fábio
Kanzuc, professor da USP, espera alta de 0,3% no trimestre na comparação
com os últimos quatro meses de 2013 e 1,5% para o PIB de 2014. Ele
acredita que resultado de sexta-feira será marcado pela forte
desaceleração dos investimentos. Kanzuc diz que o risco de racionamento
de energia e a proximidade de “eleições sem rumo" adiam potenciais
investimentos.
— O que
me surpreende é que esta atividade mais fraca não está se refletindo na
inflação, que continua alta. Em geral, quando a economia esfria, os
preços cedem. Sempre há um intervalo neste fenômeno, mas desta vez está
demorando mais que eu esperava — disse.
No ano
passado, o PIB brasileiro teve alta de 2,3%. Com a introdução da nova
pesquisa da indústria, analistas esperam revisão para cima, para cerca
de 2,5%. Para as projeções de 2014, o viés é de baixa.
— A gente
já tinha um número muito ruim, mas depois do resultado da produção
industrial, baixamos mais ainda e o número ficou negativo. Para o
resultado do ano, mantivemos 1,9%, mas vou esperar sair o PIB para
revisar. O viés é de baixa — diz Alessandra Ribeiro, analista da
Tendências Consultoria, que projeta queda de 0,1% no primeiro trimestre
em relação ao anterior e alta de 1,3% em 2014.
Para
Jankiel Santos, do Banco do Espírito Santo (BES), pesa sobre a indústria
um forte componente da baixa confiança dos empresários, que decidiram
segurar investimentos. Embora ainda não tenha feito revisões, ele
reconhece que o crescimento neste ano está “mais para 1% e 1,5%“ do que
os 2% projetados.
— Hoje
existe uma falta de confiança com esse mix de política econômica. Os
empresários pensam “vou esperar o que vai ajustar em 2015 para me
mexer”. A economia vem perdendo fôlego, vai ser difícil o governo
cumprir a promessa do ministro Mantega de dar um crescimento igual ao de
2013 — disse Santos.
O
economista-chefe do Banco Safra e ex-secretário do Tesouro, Carlos
Kawall estima que os setores de serviços e de agropecuária deverão ser
os motores do crescimento no ano, com avanço de 1,7% cada um, enquanto a
indústria deverá subir 0,7%. Apesar da desaceleração do crescimento da
massa salarial, da inflação mais alta e de um crédito mais apertado, o
consumo deverá ficar em 2,1% e os investimentos, em 0%.
— O ano
de 2014 depende de confiança e de resultado eleitoral. O ano de 2015
deverá ser um ano bom, de ajuste. Mas isto, a depender da política
econômica. Se avançarmos em alguma agenda de reformas, um início de
história boa pode ocorrer em 2016. Se houver recuperação de confiança,
pode ter sim um horizonte de melhoria para o investimento, enquanto a
alta de juros e a alta de preços administrados vão influenciar o
consumo. Mas isto vai depender do que o governo vai sinalizar — pondera.
(O Globo).
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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