Nenhum ônibus circulou nas ruas da capital baiana nesta terça-feira (27).
Julgamento do dissídio será na quinta; categoria mantém decisão de parar.
Passageiros tiveram que usar transporte alternativo (Foto: Arte G1)
Por conta da greve dos rodoviários em Salvador,
100% dos ônibus não saíram das garagens, nesta terça-feira (27). Com
isso, os passageiros encontraram dificuldades para chegar ao trabalho e
na hora de voltar para casa.Durante a manhã, rodoviários fizeram uma manifestação na região da Sete Portas e estacionaram diversos ônibus nas proximidades do Sinergia, local onde são realizadas as assembleias dos rodoviários. Ao longo do dia, apenas motos, micro-ônibus e carros clandestinos faziam o transporte nas ruas da capital. Os passageiros que dependeram desses transportes alternativos esperaram por cerca de duas horas nos pontos de ônibus.
Com mais carros na rua, mesmo sem o fluxo de ônibus na cidade, os motoristas dos veículos de passeio encontraram congestionamento no início da noite na Avenida ACM sentido Paralela e na região da Lucaia.
(O G1 acompanhou a paralisação nas ruas da capital baiana fazendo o registro de fotos e vídeos em tempo real.)
Audiência de conciliação no TRT sobre o
dissídio coletivo. (Foto: Ruan Melo/G1)
Para resolver o impasse entre rodoviários e donos de empresas de ônibus
foi realizada também nesta terça-feira uma audiência de conciliação no
Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que começou por volta das 9h. O
tribunal propôs os 9% de reajuste salarial e R$ 17 no tíquete de
alimentação, mas os rodoviários pedem 12% de aumento e o mesmo valor do
tíquete proposto pelo tribunal.dissídio coletivo. (Foto: Ruan Melo/G1)
O desembargador e presidente do TRT, Valtercio de Oliveira, ouviu as partes separadamente, mas a audiência terminou sem acordo. Com isso, o julgamento do dissídio na Justiça do Trabalho será realizado na quinta-feira (29), às 10h.
Segundo Jorge Castro, diretor de relações sindicais do sindicato patronal, as empresas não podem atender ao pedido dos rodoviários. "Hoje não temos condição de fazer nenhuma concessão. Acho que agora a Justiça vai ter que decidir e as pessoas vão ter que atender", afirmou após a reunião. Hélio Ferreira, presidente do Sindicato dos Rodoviários, rebateu: "Impossível aceitar esse valor do tíquete, está muito baixo. Não temos como aceitar essa proposta".
Por volta das 10h aconteceu outra reunião, mas esta foi realizada na Prefeitura de Salvador, com o objetivo de definir um plano de segurança com a Polícia Militar para proteger os rodoviários que não aderiram ao movimento, segundo informações da Secretaria de Urbanismo e Transporte. O encontro determinou a formação de um grupo para acompanhar e gerenciar a greve e também garantir o cumprimento da liminar judicial, que estabelece que uma frota com 70% dos ônibus deverá circular nas ruas. Ainda assim, nenhum dos coletivos circularam em Salvador.
Ainda nesta terça-feira, a desembargadora Débora Machado bloqueou a conta bancária do Sindicato dos Rodoviários. A ação visa atender determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que estipulou multa diária de R$ 100 mil, caso não haja 70% da frota de ônibus em circulação nos horários de pico e 50% nos outros momentos.
O secretário de Transportes de Salvador, Fábio Mota, afirmou que após reunião realizada na tarde desta terça-feira, com presença da Polícia Militar e das empresas de ônibus, ficou definido um plano de ação para que sete linhas de ônibus entrem em operação na manhã de quarta-feira (28) em Salvador. Os detalhes dos roteiros (bairros) por onde essas linhas passarão não foram divulgados por medida de segurança, diz o secretário.
O diretor adjunto de comunicação do Sindicato dos Rodoviários, Aloísio da Silva, conversou com o G1 e disse que a determinação judicial foi passada para os rodoviários, que seguiam resistentes. "Estamos fazendo um trabalho de convencimento. Há um alto nível de insatisfação, de angústia, que nos deixa preocupados. Temos uma grande responsabilidade e comprometimento social, não queremos isso [a cidade sem ônibus]", afirmou.
Por meio de nota, a PM informou que iniciou uma operação de acompanhamento dos ônibus da capital baiana. "A operação consiste em acompanhar os ônibus desde a garagem até a rota estabelecida pelo poder público municipal para aquele veículo. A ação da PM seguirá até a situação ser normalizada", informa o comunicado.
A intenção com apoio do policiamento é de que haja coletivos rodando na cidade em cinco roteiros ainda na noite desta terça-feira, especifica o secretário. Em passagem pelas ruas de Salvador, o G1 não observou nenhum coletivo da frota tradicional em funcionamento.
De acordo com o secretário, a "panha" das empresas, que é o transporte que leva os primeiros rodoviários às garagens ainda na madrugada, foi interceptada pelos grevistas nesta terça-feira. "Todos os ônibus foram interceptados e levados para a assembleia", diz. A intenção do policiamento é de que isso não volte a acontecer.
Greve
O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários afirmou ao G1 que a greve da categoria segue até o julgamento do dissídio coletivo, marcado para quinta-feira (29), na sede do Tribunal Regional do Trabalho, em Salvador. Fábio Primo disse ainda que, após o julgamento, os rodoviários farão uma assembleia.
Na tarde desta terça-feira, a categoria permaneceu em assembleia permanente no Sindicato dos Eletricitários da Bahia (Sinergia), na região da Sete Portas. De acordo com Primo, nada será decidido nesta assembleia até o julgamento do dissídio.
Sem
ônibus em Salvador, pontos da região do Campo Grande ficam vazios na
noite de terça-feira; mototaxistas aproveitam para fazer o transporte de
quem não teve como voltar para casa
(Foto: Maiana Belo/ G1)
(Foto: Maiana Belo/ G1)
Rodoviários se concentram no Aquidabã, em Salvador (Foto: Ruan Melo/G1)
Greve de ônibus em Salvador (Foto:Reprodução/GloboNews)
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