MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Sem dinheiro, caminhoneiros esperam para deixar o AC há um mês


Longe da família, caminhoneiros estão impedidos de deixar o Acre pela BR.
"Não sei o que vai ser de mim", diz caminhoneiro do Paraná.

Rayssa Natani Do G1 AC

caminhoneiros isolados (Foto: Rayssa Natani/ G1)Caminhoneiros ilhados em Rio Branco ocupam pátio da Suframa há mais de um mês (Foto: Rayssa Natani/ G1)
Sem poder trabalhar há pouco mais de um mês, caminhoneiros sofrem com o fechamento da BR-364, inundada pelo Rio Madeira, em Rondônia. A rodovia federal liga o Acre ao resto do país e sem ela o estado fica isolado via terrestre. Com o caminhão ilhado em Vista Alegre do Abunã (RO), Claudinei Berazoli deixou seu instrumento de trabalho e pegou uma carona até Rio Branco, capital do Acre, onde aguarda a liberação da estrada para poder voltar para casa, a esposa e três filhos que deixou em Paranaguá (PR).  'Não sei o que vai ser de mim', diz.
caminhoneiros isolados (Foto: Rayssa Natani/ G1)Claudinei Berazoli diz que categoria precisa ser
reconhecida (Foto: Rayssa Natani/ G1)
Ele explica que deixou o caminhão lotado de mercadoria estacionado na estrada e foi para a capital pois não teve outra alternativa. Em Rio Branco ele dorme em caminhões dos colegas que se encontram na mesma situação. "No Abunã, acabou até o dinheiro nos bancos. Está tudo abandonado, não tem ninguém. Aí eu fui obrigado a vir", comenta o caminhoneiro que já contabiliza os prejuízos da cheia.
"Fazemos pelo menos duas viagens por mês. Faz 36 dias que a gente está parado, e perdemos no mínimo três viagens. Deixei de ganhar perto de R$ 16 mil líquido. Sem contar que estou gastando o que não tenho. Eu pago R$ 5 mil de prestação do caminhão e R$ 2 mil de manutenção. Minhas prestações já venceram. Não tenho de onde tirar mais nem para comer", lamenta.
Diferente de Claudinei, Rogério Christ não é dono do caminhão com o qual trabalha, mas também está ilhado e sofre com a falta de dinheiro. "O caminhão não é meu, sou empregado. Então não ganho salário fixo, só comissão que chega a R$ 4 mil por mês. Estou há 27 dias parado aqui, o que significa que minhas contas estão todas atrasadas", afirma.
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caminhoneiros isolados (Foto: Rayssa Natani/ G1)Rogério Christ faz do caminhão sua moradia (Foto: Rayssa Natani/ G1)

Caminhão é moradia
Berazoli está instalado no pátio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) no Acre, na companhia de outros colegas caminhoneiros que vivem o mesmo drama há 28 dias. Sem dinheiro para se manter, ele se vira como pode. "A gente come e dorme conforme dá. Uns têm caixa de alimento no caminhão, eu não. Tenho que comer em restaurante. Mas o dinheiro acabou", comenta.

Rogério Christ diz que sempre fez do caminhão a sua moradia, mas reclama das condições em que se encontra após tantos dias sem poder voltar para casa. "Esse pátio aqui que a gente está não tem banheiro. Você vai num posto tomar um banho, gasta R$ 3, para fazer 'as necessidade', mais R$ 1. Eu durmo no caminhão e faço refeições na caixa de comida".
 
Falta de apoio
Para Claudinei, a classe dos caminhoneiros é abandonada e precisa ter seu papel reconhecido e valorizado. "A gente vem para cá para trazer o alimento, o combustível, a roupa, o remédio. Todo o transporte vem em cima de caminhão. Aviões não dão conta de abastecer o suficiente. O que está acontecendo agora é um exemplo da importância que temos e ainda assim não temos apoio de ninguém", finaliza.

Situação atual
O nível do Rio Madeira chegou 19,67 metros, nesta terça-feira (31). No domingo (30), a cota chegou a 19,72 metros. Para os moradores de Jacy-Paraná, Nova Mutum e localidades próximas, o único meio de transporte tem sido o barco.

A situação dos caminhoneiros que precisam chegar ao estado do Acre ainda é complicada. Caminhões com cargas que saíram das regiões Sudeste, Centro Oeste e Sul, estão parados há dias nos postos de combustíveis em Porto Velho aguardando a liberação da rodovia 364.

A previsão é a de que mais uma balsa seja disponibilizada esta semana para a travessia de carros e caminhões. Uma balsa já está operando na BR-364, na região do distrito, para facilitar o acesso, mas a demora tem gerado reclamações por parte dos motoristas.

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