MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Médico produz terço gigante há 17 anos por fé na padroeira do ES


Obstetra Osmar Salles é responsável pelo serviço voluntário.
Neste ano, decoração é com flores de garrafa pet e copos descartáveis.

Juliana Borges Do G1 ES

O médico Osmar Salles faz o terço da Festa da Penha há 17 anos (Foto: Juliana Borges/ G1 ES)O médico Osmar Salles faz o terço da Festa da
Penha há 17 anos (Foto: Juliana Borges/ G1 ES)
Há 17 anos, uma "força maior" leva o médico obstetra Osmar Salles, de 58 anos, a dividir o tempo entre os partos e um trabalho voluntário muito apreciado durante os dias de Festa da Penha. Ele é o responsável por fazer o terço gigante, que fica pendurado entre duas palmeiras no Campinho do Convento da Penha, em Vila Velha. "É minha forma de agradecer à santa pela minha vida", disse. Faltando 13 dias para o início das comemorações, a preparação está em fase de cuidado com as partes pequenas que decoram o terço, que são feitas de garrafas pet e copos descartáveis pintados. Uma equipe de amigos auxilia o médico todos os anos.

A história do médico com a tradição do terço começou quando ele foi ao Rio de Janeiro, em 1997, para assistir as festividades em comemoração à visita do Papa João Paulo II. Na ocasião, um terço feito com balões de gás foi solto no ar. "Uma tia da minha esposa estava comigo e ela já era envolvida com a Festa da Penha. Foi então que ela perguntou se eu conseguiria fazer um terço assim para a festa e eu disse que faria", lembrou.
Fiéis assistem à missa do oitavário, que faz parte das comemorações da Festa da Penha (Foto: Juliana Borges/ G1 ES)Terço gigante exposto durante a Festa da Penha de 2013 (Foto: Juliana Borges/ G1 ES)
Mas o primeiro terço do médico, apesar de ter sido feito com balões, não subiu por causa do peso da cruz pendurada. Ele então pediu que o símbolo fosse pendurado em algum lugar durante a festa. O local escolhido foi entre as duas palmeiras, onde até hoje é o ponto oficial do artefato religioso.

Osmar Salles contou que sempre foi devoto da santa e que todos os anos, mesmo sabendo de todo o trabalho necessário para a preparação do terço, uma "força maior" o leva a continuar. "Essa força me impulsiona e me dá sempre ideias novas para a decoração. Esse ano, ele será nas cores branco e azul, com várias flores. A cruz será de madeira", explicou.
Os custos com o terço ainda não foram calculados, mas de acordo com o médico, não ficará caro pois boa parte do material foi reaproveitada do ano anterior e outras peças foram doadas. "Sempre guardo as peças de anos anteriores, na minha própria casa e na oficia de um amigo, que sempre me ajuda também. Durante a preparação de um novo terço, sempre verifico se dá para reaproveitar algo. A cruz quase sempre é doada, feita de madeira leve e com durabilidade para aguentar a força do vento. Nesse ano, a iluminação será feita com lâmpadas incandescentes", disse.
Equipe formada
O médico contou que as ideias para o próximo terço começam um ano antes, mas a preparação dura, em média, quatro meses. Mas ele nunca está sozinho, nesses 17 anos uma equipe de amigos foi se formando para ajudar a montar a estrutura.
"O pessoal vai ficando sabendo e se oferece para ajudar. O trabalho mesmo começa na cozinha da minha casa e minha família participa. Depois, sempre conseguimos um lugar maior para que mais pessoas ajudem. Nesse ano conseguimos um espaço no convento. Costumo dizer que é um trabalho emagrecedor, sempre perco quatro ou cinco quilos durante a preparação do terço. É muita responsabilidade", contou.
O bancário aposentado José Paulo de Souza Tulli, de 61 anos, participa da montagem há oito anos. "Sou amigo do doutor há muitos anos e participo da Associação de Amigos do Convento da Penha. Há oito anos, me pediram para ajudar e nunca mais consegui abandonar esse trabalho. O Osmar sempre chega com todas as ideias e agente vai acompanhando e fazendo", disse.
A esposa de José Paulo, Ednéia Tulli, de 60 anos, contou que o filho do casal costuma ajudar. "Já virou coisa de família, os filhos do doutor Osmar ajudam também. Tenho muita devoção na santa. De manhã, a primeira coisa que faço é pedir que Maria passe a frente do meu dia e da minha família", falou.
Equipe é formada por voluntários (Foto: Juliana Borges/ G1 ES)Equipe é formada por voluntários (Foto: Juliana Borges/ G1 ES)
Emoção
A parte final da montagem é feita no momento que o terço é pendurado no Campinho do convento. Nessa parte entra a colaboração de eletricistas e bombeiros. "Na Sexta-feira Santa é feito um acabamento e revisão, para que nada dê errado. Graças a Deus nunca aconteceram acidentes. No sábado ele sobe, através das roldanas instaladas pelo convento. Tenho um amigo bombeiro, de confiança, sargento Alcemir, que já está aposentado, mas todos os anos ajuda nessa parte. Ele sempre participa desse processo comigo, há 17 anos", contou.
Para o médico, nada descreve a emoção de ver a obra exposta. "Dá trabalho, mas compensa. Todo o ano o terço fica mais bonito do que eu imaginei. É a minha forma de agradecer por tudo na minha vida. É o carinho por Nossa Senhora, a fé, que me motivam a isso. No terço você tem toda a história de vida de Jesus, você medida o que ele passou", contou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário