Processo exigido pelo Ministério da Saúde iniciou em janeiro em Porto Velho.
"No começo estava com medo, agora fico mais perto dela", declara mãe.
Leide Daiane, 22, no Berçário do Hospital de Base. FIlha nasceu prematura com 8 meses. (Foto: Gaia Quiquiô/G1)
O Hospital de Base Doutor Ary Pinheiro em Porto Velho aderiu ao 'Método Canguru' de assistência a bebês prematuros com acompanhamento frequente do pai e da mãe. O Estado de Rondônia
foi o último do Brasil a implantar esse processo de humanização, onde o
vínculo entre mãe, pai e filho aumenta no contato com o bebê prematuro.
O processo, exigido pelo Ministério da Saúde, iniciou em janeiro deste
ano e os resultados têm sido satisfatórios.O Ministério da Saúde capacitou, em dezembro de 2013, trinta tutores da saúde do estado como psicólogos, assistentes sociais e fonoaudiólogos e a maioria dos setores de maternidade foram instruídos. Denominado como processo de humanização, foi implantado em janeiro deste ano, no Hospital de Base, e os resultados têm sido muito satisfatórios, segundo a direção clínica do hospital e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).
'Método Canguru' é o contato físico com o bebê recém-nascido, onde ele fica apenas de fralda, amarrado por uma faixa de tecido no peito da mãe, pai avós ou irmãos. O processo começa quando o bebê ainda está na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), os pais recebem instrução sobre cuidados e são estimulados ao contato com o bebê que está dentro da incubadora. Com o ganho de peso os bebês vão para o berçário intermediário e as mães podem ficar 24 horas com eles “amarrados” ao peito, inclusive dormir no hospital junto a outrosos bebês.
Ana Fabíola Gomes disse que até a páscoa deve ir
para casa (Foto: Gaia Quiquiô/G1)
Os pais são instruídos por uma equipe médica a cuidar sozinhos dos
bebês. “Ficamos mais perto, ajuda a ganhar peso”, contou Claudineia
Martins Sobrinho, de 29 anos, mãe de uma bebê que nasceu no início de
março, prematura com seis meses de gestação. Claudineia está com a filha
no Hospital de Base desde 31 de janeiro. “Aprendemos a fazer tudo,
trocar fralda, dar banho, amamentar e dar remédio”, disse.para casa (Foto: Gaia Quiquiô/G1)
Ana Fabíola Gomes, de 20 anos, mãe de sua primeira filha, está no hospital desde o começo de março. A filha nasceu prematura com sete meses e pesando 1,2 quilos. “No começo estava com medo, mas agora acostumei. Fico mais perto dela”, disse a mãe. No contato “pele a pele”, o 'Método Canguru' auxilia no aumento do peso e na respiração do bebê. Anteriormente, na incubadora o bebê ganhava de 15 a 20 gramas por dia, agora no contato com a mãe o bebê ganha até 90 gramas em 24 horas. Por conta disso, o tempo de permanência no hospital foi reduzido e assim que os bebês completam dois quilos podem ir para casa com os pais. Em casa o processo continua até que o bebê esteja pesando 2,5 quilos. “Até a páscoa queremos estar em casa”, declarou Ana Fabíola.
Sobre os cuidados no ambiente, a luminosidade e o barulho influenciam no estresse e dificultam no ganho de peso e desenvolvimento neuropsicomotor do bebê, segundo a enfermeira Rafaela Gonçalves. Os riscos de infecções hospitalares diminuíram e a qualidade do início de relacionamento mãe e filho melhora. “Antes as mães tinham trinta minutos para visitação e agora o contato é maior”, declarou a enfermeira.
Claudinéia Martins, 29. "A gente aprende a cuidar." (Foto: Gaia Quiquiô/G1)
"A aceitação por parte das mães tem sido muito boa. Temos tido casos de
mães que solicitaram a transferência de rede privada para o nosso
serviço para poder ter direito a esse atendimento humanizado ao filho e
família", disse a coordenadora do projeto, Telma Márcia Ferreira.
Segundo Telma, o paciente e a família, assim como os profissionais mais
conservadores estão sendo motivados a fortalecer o método no Hospital de
Base a partir dos bons resultados que estão sendo observados."Desejamos expandir na rede municipal assim como para o interior do Estado quando as novas unidades neonatais forem criadas". De acordo com a coordenadora, redes privadas de saúde demonstraram interesse em implantar métodos de humanização ao recém nascido de baixo peso.
O Ministério da Saúde exigiu a adaptação do método em Rondônia e deve fazer uma visita surpresa ao Hospital de Base para entrega do título do método 'Método Canguru' ao estado.
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