Projeto é uma iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas.
Lançamento reuniu membros de religiões de matriz africana.
Representantes dos grupos de matriz africana observam o calendário (Foto: Jonathan Lins/G1)
Os 101 anos do episódio conhecido como Quebra de Xangô - um ato de
violência praticado contra as casas de culto afro-brasileiras de Alagoas
-, foi lembrado na manhã desta sexta-feira (1), com o lançamento do
calendário “O Centenário da Quebra e a Presença Negra em Alagoas”. O
projeto é uma iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas
(Fapeal).Está é a 10ª edição do calendário, que é uma parceria com a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal). A diretora da Unidade Gestora de Ciência e Tecnologia da Fapeal, Sandra Nunes Leite, explicou que em cada edição o calendário traz um tema diferente, mas sempre relacionado à pesquisas no Estado. “Foi muito importante o projeto resgatar a Quebra de Xangô. O episódio representa um martírio cultural, censura espiritual e o silêncio que quiseram provocar nos povos de matriz africana”, destacou Sandra.
Mãe Mirian elogia iniciativa do calendário
(Foto: Jonathan Lins/G1)
A cerimônia de lançamento contou com a presença de pesquisadores e
membros de religiões de matriz africana. A yalorixá Mãe Mirian elogiou a
iniciativa e disse que o calendário representa o respeito à cultura
presente nas religiões. Para Mãe Ângela, da Casa de Manoel Axelegionire,
o dia de hoje não é para ser comemorado, mas lembrado como forma de
respeito.(Foto: Jonathan Lins/G1)
O presidente da Fundação Municipal de Ação Cultural, Vinicius Palmeira, disse estar feliz porque as ações relacionadas à cultura das religiões afro-brasileiras continuam sendo lembradas. “O projeto faz com que a cultura afro-alagoana tenha mais visibilidade e levanta a autoestima das comunidades”, ressaltou.
Durante a cerimônia, o professor Zezito Araújo lembrou da necessidade de investir nas causas sociais dos negros de Alagoas. “Esse calendário provoca uma discussão para que o debate não fique apenas no papel. A situação de vulnerabilidade que vivem muitas pessoas no Estado precisa mudar”, expôs.
O reitor da Uneal, Jairo Campos, lembrou do projeto Xangô Rezado Alto – Centenário da Quebra, realizado ano passado. Ele disse que o projeto vai continuar neste ano, iniciando as ações no dia 21 de março com um Cortejo Cultural e Religioso. “Deslocamos as ações previstas para o dia dois de fevereiro por questões administrativas e pela proximidade com as prévias carnavalescas, o que tiraria o foco do evento, em comum acordo com os religiosos ", explicou o reitor.
O episódio foi um ato de violência e intolerância praticado contra os terreiros de Maceió no dia 2 de Fevereiro de 1912, e posteriormente do interior de Alagoas. A Liga dos Repúblicanos, uma milícia armada que junto da população enfurecida invadiu e depredou os templos e os objetos cultuados do povo de matrizes africanas.
No ano passado, o centenário do Quebra foi marcado por um cortejo que reuniu diversas casas de axé. O encontro foi realizado na Praça Dom Pedro II, e percorreu a Rua do Sol até o Palácio do Governo de Alagoas. O Governador Teotônio Vilela Filho, assinou um pedido de perdão pelos atos cometidos em 1912.
Calendário lembra o episódio da Quebra de Xangô (Foto: Jonathan Lins/G1)
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