Delacroix resolve pintar Lula: A Ignorância Guiando o Povo! Ou: O dia em que o Apedeuta e Collor mandaram seus adversários “calar a boca”
“Elite”,
como grupo social a ser vencido, não é um conceito marxista. É só um
chavão petista. E o petismo é uma derivação tardia, oportunista e
rebaixada da teoria revolucionária. Já escrevi muito a respeito. Do
bolchevismo, o PT herdou apenas a tara autoritária, que pode ser
aplicada, e eles estão tentando, também num regime capitalista. “E se
herdasse tudo? Seria melhor?” É claro que não! Mas isso seria
impossível. O socialismo como alternativa econômica acabou, morreu.
Restaram o amor pela ditadura e esses idiotas que saem por aí ameaçando
desafetos nas ruas com sua mordida hidrófoba. Mas volto ao ponto.
Lula está
cumprindo ao menos uma de suas promessas mirabolantes: acabar com a
elite brasileira — com qualquer uma, em qualquer área. Está em curso uma
evidente marcha do emburrecimento, da qual, nem poderia ser diferente,
ele é o líder. Eu o imagino no quadro de Delacroix em lugar da
Liberdade, que carrega uma bandeira, com os seios nus. Título: A
Ignorância Guiando o Povo. O rebaixamento a que esse sujeito submete a
política e a sua contribuição à deseducação democrática ainda não
mereceram a devida atenção científica — dos cientistas sociais; daquela
parcela que ainda resiste à ditadura intelectual do partido. Por que
isso tudo?
Nesta
terça, tivemos um dia realmente exemplar do espírito do tempo. As
personagens de destaque foram o próprio Lula e o senador Fernando Collor
de Mello (PTB-AL). Vamos ver.
Numa manobra vexaminosa
— contando com a pressurosa ajuda de seu aliado petista Tião Viana
(AC), que presidia a Mesa —, Collor conseguiu aprovar, na quinta-feira
passada, um requerimento para que o TCU investigue a compra de 1.200
iPads feita pela Procuradoria-Geral da República. O alvo, mais uma vez, é
Roberto Gurgel. O impichado tenta vingar-se do procurador-geral, de
quem é desafeto, fazendo a vontade também do PT, para quem opera hoje
quando não está cuidando exclusivamente de questões pessoais ou
paroquiais.
Em 1992,
como todos sabem ou se lembram, os petistas ajudaram a incendiar o país
contra “o caçador de marajás”, que não resistiu. Hoje, são companheiros
de jornada, parceiros, amigos. Quem mudou? Nem um nem outro. Ambos
seguem sendo o que sempre foram.
Pois bem.
Gurgel, acusado por Collor, fez o óbvio: defendeu-se. Chamou de risíveis
as suspeitas. E como reagiu aquele senhor que dava murros no peito na
década de 90 e dizia ter “aquilo roxo”? Ora, saiu ofendendo e
vociferando, como é de seu feitio. Arrancou a pistola retórica, que traz
sempre na cinta — não deixa de ser um avanço moral no seu caso —, e
disparou:
“Ele [Gurgel] tem que calar a boca. Ele e a sua trupe corporativista de êmulos [rivais]. Agora é o Senado que quer saber de tudo. Por isso, cale a boca e espere o TCU dar a palavra final. Só ele é capaz de dizer se o senhor prevaricou ou não. Se cometeu mais um ilícito a acrescentar ao seu portfólio criminoso”.
“Ele [Gurgel] tem que calar a boca. Ele e a sua trupe corporativista de êmulos [rivais]. Agora é o Senado que quer saber de tudo. Por isso, cale a boca e espere o TCU dar a palavra final. Só ele é capaz de dizer se o senhor prevaricou ou não. Se cometeu mais um ilícito a acrescentar ao seu portfólio criminoso”.
Collor é
valentão assim porque tem a imunidade parlamentar. Age como um pivete
inimputável, que traz de cor e salteado trechos do Estatuto da Criança e
do Adolescente para cometer crimes impunemente. É, nesse caso, um
pivete ético. Quais são os crimes, afinal, do procurador-geral da
República? Que seja Collor a se comportar como o seu Catão, eis uma
ironia macabra. Esse é mais um dos vampiros do republicanismo aos quais o
PT garantiu farto suprimento de sangue. Por quê? Porque quiseram as
circunstâncias históricas e políticas, não sem a colaboração de setores
da oposição e, sim!, da imprensa, que o velho e o novo patrimonialismos
se estreitassem, como disse o poeta, “num abraço insano”.
No mesmo dia, a mesma fala!
Collor não foi o único a mandar um desafeto calar a boca. Nesta mesma terça, referindo-se ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula afirmou:
“Eu acho que o Fernando Henrique Cardoso deveria, no mínimo, ficar quieto. O que ele deveria fazer é contribuir para a Dilma continuar a governar o Brasil bem, ou seja, deixa ela trabalhar.”
Collor não foi o único a mandar um desafeto calar a boca. Nesta mesma terça, referindo-se ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula afirmou:
“Eu acho que o Fernando Henrique Cardoso deveria, no mínimo, ficar quieto. O que ele deveria fazer é contribuir para a Dilma continuar a governar o Brasil bem, ou seja, deixa ela trabalhar.”
Então
ficamos assim: o PT lança um livreto eivado de mentiras sobre o governo
do antecessor, e Lula acha que ao agredido não cabe nem mesmo o direito
de defesa. Notem: para ele, FHC deveria “no mínimo, ficar quieto”. Ou
por outra: essa é a menor das coisas que ele espera do antecessor: o
silêncio obsequioso. Imagino a noção que deve ter do “máximo”. Mais: o
presidente de honra do partido de oposição, segundo o Apedeuta, tem é de
“contribuir” com o governo. Claro! É o que Lula sempre fez quando
estava na oposição, certo? Impressionante!
Impressionante,
mas não inesperado. Se há alguém “nestepaiz” que tem defendido, ao
longo dos anos, que a oposição diga a que veio, este alguém é este
escriba. Mas me parece evidente que os tucanos cometeram um erro e
morderam a isca ao responder ao embate de caráter eleitoral proposto por
Lula desde agora. Esse é o ambiente do Apedeuta. Fica mais feliz do que
pinto no lixo. Pode sair por aí, distribuindo suas caneladas e
rearranjando precocemente as forças governistas (ver post a respeito).
As ineficiências do governo perderam lugar no noticiário para o embate
eleitoreiro com quase dois anos de antecedência. Quem ganha com isso?
Não é o povo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário