BLOG ORLANDO TAMBOSI
Ignorado pelo governo Temer e proibido de entrar no Brasil por Bolsonaro, Maduro é hoje recebido com honras de chefe de Estado. Luciano Trigo para a Gazeta do Povo:
Com
sede em Haia, o Tribunal Penal Internacional é o organismo da ONU que
tem jurisdição para investigar e julgar indivíduos acusados de
genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
Pois
bem, nos últimos meses até mesmo veículos da grande mídia simpáticos à
esquerda e blogueiros que costumam passar pano para ditaduras “do bem”
informaram que:
-
A Venezuela é o primeiro país do continente americano a ter uma
investigação aberta no Tribunal penal Internacional, que investigou
Maduro por crimes contra a humanidade;
-
Em um informe detalhado sobre a repressão à oposição na Venezuela, a
ONU alertou para a implementação de um plano orquestrado nos mais altos
níveis do governo para perseguir qualquer forma de dissidência. O plano
envolveu a execução sistemática de ataques, prisões e torturas contra a
população civil;
-
Cerca de 9 mil pessoas e diversas entidades jurídicas apresentaram
denúncias ao Tribunal Penal Internacional como vítimas da ditadura
venezuelana. O tribunal documentou espancamentos, sufocamentos,
afogamentos, choques elétricos e estupros na Venezuela; as vítimas foram
submetidas a atos de violência que resultaram em sérios danos ao seu
bem-estar físico e mental;
-
Segundo o promotor de Haia Karim Khan, esses crimes foram cometidos
como política de Estado, incentivada ou aprovada pelo governo
venezuelano e realizada por membros de forças de segurança;
-
Milhares de supostos ou reais opositores do governo foram perseguidos
por motivos políticos, presos e detidos sem fundamentação legal
adequada; centenas foram torturados; e mais de 100 mulheres foram
submetidas a variadas formas de violência sexual, incluindo estupros;
Etc.
Há pouco mais de 2 meses, em 22 de março, a própria ONU publicou em seu site oficial que:
-
O governo venezuelano continua perseguindo opositores políticos e
sufocando protestos de líderes sindicais, além de prender integrantes da
sociedade civil por motivos políticos;
-
Emissoras de TV e organizações não-governamentais que criticavam o
regime de Nicolás Maduro foram fechadas, em um evidente esforço para
reprimir qualquer manifestação contrária ao regime;
-
Nesse contexto de ampla impunidade, os cidadãos críticos a Maduro se
sentem ameaçados e desprotegidos: o medo de ser preso ou torturado acaba
impedindo a liberdade de expressão e o direito ao protesto;
-
Com o agravamento da crise econômica, as prisões políticas arbitrárias
aumentaram. As famílias dos presos são vítimas de ameaças e represálias.
Visitas dos parentes ou de advogados são negadas. O acesso ao alimento e
a tratamento médico é limitado.
Além
de tudo isso, desde a morte de seu mentor Hugo Chávez, Maduro vem sendo
eleito e reeleito em eleições cercadas de suspeitas e controvérsias,
não reconhecidas pela oposição em seu país nem por grande parte da
comunidade internacional.
É pouco?
Em
março de 2020, o Departamento de Justiça americano acusou Maduro de
integrar o Cartel Los Soles, que atua em parceria com as Farc no tráfico
de cocaína (200 a 250 toneladas por ano) para os Estados Unidos.
Em denúncia apresentada pelo então procurador-geral William Barr, o ditador foi acusado de crimes como lavagem de dinheiro e corrupção, além de associação com o narcotráfico.
Na
ocasião, o governo americano ofereceu uma recompensa de US$ 15 milhões
por informações que pudessem levar à prisão de Maduro. “A intenção de
Maduro era inundar os Estados Unidos com drogas”, afirmou Barr. “Ele
usava a cocaína como arma.”
Por
tudo isso, hoje nem mesmo os mais empedernidos esquerdistas ousam
defender o ditador venezuelano, que ora se encontra no Brasil – país
onde não punha os pés de 2015, quando compareceu para a posse da
presidente Dilma Rousseff.
Depois
disso, Maduro foi solenemente ignorado pelo governo de Michel Temer e
proibido de entrar no Brasil pelo governo de Jair Bolsonaro. Hoje está
sendo recebido com honras de chefe de Estado.
Sinal dos tempos. É também uma mensagem que o Brasil emite para a comunidade internacional.
Postado há 1 week ago por Orlando Tambosi
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