O
sistema de saúde brasileiro é caro, complicado, disfuncional, pouco
resolutivo, tem alto custo e baixa qualidade. Apesar de gastar muito,
obtêm resultados fracos em muitas medidas fundamentais de saúde. Temos
visto que os investimentos na área estão sendo mal direcionados, pois
concentra-se mais em doenças, cuidados especializados e tecnologia, em
vez de cuidados preventivos.
De
acordo com a plataforma Valor Saúde, o Brasil mensurou que 53% do custo
assistencial hospitalar se traduz em desperdício. As pessoas recebem
cuidados em uma variedade de ambientes sem nenhuma coordenação, o que
leva a duplicação de cuidados e custos mais elevados.
Projeções
realizadas, baseadas nos critérios inflacionários e de envelhecimento
populacional, apontam para tendência de elevação dos gastos com saúde
pública no Brasil. Em 2017, os dispêndios federais em saúde foram de R$
115,3 bilhões. Estima-se que, em 2030, esse valor chegue a R$ 219,48
bilhões.
Considerando
os valores necessários para cobrir o déficit assistencial estimado, a
necessidade de recursos federais para 2030 será de R$ 277 bilhões. Esse
resultado implica na necessidade de aumento de gastos com ações e
serviços públicos de saúde ou diminuição do nível de assistência, o que
pode colocar em risco 70% da população brasileira que depende
exclusivamente do SUS, segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Importante
ressaltar que, em 2017, o Banco Mundial estimou o desperdício anual de
recursos com saúde no Brasil em R$ 22 bilhões, sendo R$ 9,3 bilhões na
atenção primária e R$ 12,7 bilhões na atenção de média e alta
complexidades. Esse valor representa, aproximadamente, 20% de todo o
gasto nacional com saúde realizado naquele ano.
O
sistema de saúde continua não desenvolvendo ações que levem em conta
fatores sociais, econômicos e ambientais que afetam os determinantes
sociais, econômicos, culturais e políticos que interferem nas condições
de vida e saúde da população.
A
promoção da saúde é necessária, com a participação da população nos
processos de decisão e na elaboração de políticas públicas, sendo que
para isto é importante o empoderamento da população. Mas estas práticas
ainda são pontuais e inexpressivas frente aos problemas existentes.
A
resolução não é simples. Mas acreditamos que com confiança, vontade e
visão necessárias construiremos algo melhor. Não será fácil, mas a
alternativa – continuar a reclamar enquanto o sistema imploda – é
inaceitável. É preciso ouvir e entender as necessidades e desenvolver um
novo modelo de governança para, assim, estruturar uma Política Nacional
que atenda a todos.
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