Pesquisas
revelam que os adolescentes brasileiros – meninos e meninas – começam a
vida sexual muito cedo. Nem sempre da melhor maneira, com plena
consciência e responsabilidade de seus atos.
“Jenifer”
é um “romance de formação” – aquele no qual o protagonista faz sua
jornada e ao final se reconhece transformado e amadurecido, física e
moralmente, pelas aventuras que viveu.
Ele
trata da iniciação sexual da protagonista, Jenifer, e de suas duas
amigas, Paulinha e Stephanie. Tem um começo denso e tenso, que junta
entusiasmo, ansiedade, angústia e desejo e segue adiante com cenas de
aprendizagem, curiosidades, abusos, encontros, desencontros, decepções e
um final libertador.
É um livro apimentado – mas de leitura aberta para os jovens-adultos de hoje.
Jenifer
tem 16 anos. Bonita e sensual, teve que enfrentar assédio sexual desde
menina. Paulinha é a mais imatura e, também com 16 anos, vive as
consequências da sua fragilidade e insegurança. Stephanie, 17 anos, é a
mais pragmática das três, aceitando logo que sexo é para ser convertido
em independência e poder.
Jenifer
trata de um mundo saturado de perigos e emoções, no qual o instinto
reina quase absoluto, dia e noite. A menina tem um pai ausente e uma mãe
amargurada. Pela frente, dois adultos maduros e canalhas: o pai de
Paulinha, um abusador, e Rei, predador sem escrúpulos, violento e
sádico.
Dois
jovens, Marcos e Lucas, completam o quadro. Marcos, branco,18 anos, se
crê irresistível, mas sucumbirá ao amadurecimento das meninas. Lucas, 25
anos, negro, é uma espécie de príncipe encantado doce e tímido, que
aparece na história para evitar que Jenifer se perca neste ambiente
hostil.
Stalimir
Vieira, usando uma equilibrada combinação de curiosidade, paciência e
erotismo, vai fundo e extrai de Jenifer o que para os comuns dos mortais
é quase impossível: os relatos sinceros de quem experimenta prazeres
inconfessáveis no exato momento em que ainda não consegue compreendê-los
com clareza.
Por meio de uma narrativa natural e muito livre, Jenifer
desvela bastidores de um tema tabu, sem esquivar-se de nenhuma das
possibilidades que ele comporta, nem preocupar-se com julgamentos.
Mas... um homem escrevendo sobre íntimos sentimentos femininos?
O autor não teme ser
criticado por não ser este o seu “lugar de fala”. E afirma: “Não quero
obviamente me comparar a ninguém, mas Flaubert escreveu um dos maiores
romances sobre uma mulher, Madame Bovary. Dostoievski, Ana Karenina.
Thomas Hardy, Tess. Jorge Amado criou personagens femininas
extraordinárias, Gabriela, Dona Flor, Teresa Batista. E Chico Buarque
faz como ninguém canções sobre mulheres. Tenho o direito de criar a
minha Jenifer.”
O resultado não é apenas polêmico. É desafiadoramente encantador.
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