Em
meio aos esforços globais em direção à cobertura universal de saúde,
surge uma preocupação crescente sobre os danos causados por cuidados
de saúde inseguros. O impacto desses incidentes não apenas gera
sofrimento para pacientes e suas famílias, mas também impõe um ônus
econômico substancial, destacando a urgência de uma abordagem preventiva
e holística.
Estudos
recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que
aproximadamente 134 milhões de eventos adversos devido a cuidados
inseguros ocorrem anualmente em hospitais de países de baixa e média
rendas, resultando em cerca de 2,6 milhões de mortes. Segundo
estimativas, os custos sociais desses danos podem chegar a uma cifra
alarmante entre US$ 1 trilhão e 2 trilhões anualmente, de acordo com o
Plano de Ação Global de Segurança do Paciente 2021–2030.
O
contexto nacional também não é isento de desafios, como evidenciado
pelos gastos expressivos, por exemplo, do Sistema Único de Saúde (SUS)
no tratamento do câncer em 2022, que ultrapassou R$ 3,8 bilhões.
De
acordo com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, o sistema de
saúde brasileiro desperdiça 53% do custo assistencial. Além disso, a
ineficiência no uso do leito hospitalar apresenta 49,3% do desperdício
de uma unidade, os eventos adversos contribuem com 21,3% dos
desperdícios, as reinternações hospitalares precoces potencialmente
preveníveis representam 13,5% do desperdício, e as internações por
condições sensíveis à atenção primária equivalem a 11,5% do total.
A
segurança do paciente é uma preocupação vital no cenário de saúde
atual, pois incidentes de cuidados inseguros têm ramificações
significativas em termos de morte, incapacidade e custos financeiros. A
ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce poderia resultar em
economias substanciais para o sistema de saúde.
O
sistema de prestação de cuidados de saúde necessita de mudanças
estruturais. Os cuidados de saúde atuais prejudicam com demasiada
frequência e falham rotineiramente na obtenção dos seus benefícios
potenciais e os problemas de Qualidade estão por toda parte, afetando
muitos pacientes. Os níveis de frustração, tanto dos pacientes como dos
médicos, provavelmente nunca foram tão elevados. Entre os cuidados de
saúde que temos e os que poderíamos ter existe um abismo. Investir na
Atenção Primária, que é prestar serviços essenciais de saúde para toda a
população, sem distinção de raça, idade e patologia presente - e na
prevenção poderia representar uma virada de jogo em termos de saúde e
economia.
Diante
dessas circunstâncias, duas ações concretas poderiam ajudar a melhorar
essa situação: criação de uma política nacional abrangente para eliminar
danos evitáveis nos cuidados de saúde e a priorização à Atenção
Primária no sistema de saúde, a fim de promover a saúde e prevenir
agravos evitáveis, alinhando-se com o processo de adoecimento.
Em
uma indústria de alto risco, como a saúde, a prevenção de acidentes e
erros é fundamental para alcançar a sustentabilidade. A capacidade de
antecipar problemas, monitorar processos e aprender com experiências
passadas é crucial para garantir um sistema de saúde seguro e eficiente.
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