Apesar
da alta procura depois que a atriz Jennifer Aniston disse ter feito o
tratamento nos Estados Unidos, biomédica explica porque no Brasil o
produto não pode ser utilizado como um injetável
De
tempos em tempos surgem na internet tratamentos polêmicos ou, ao menos,
inusitados. Quase sempre incentivados por famosos, dessa vez não foi
diferente quando a atriz estadunidense Jennifer Aniston comentou que
estava fazendo tratamento para rejuvenescimento com espera de salmão, também conhecido como polydeoxyribonucleotide (PDRN). No Brasil, uma empresa que comercializa o ativo realizou lives para divulgar a técnica que é semelhante aos skinboosters (hidratação injetável na pele) e muitos profissionais iniciaram o tratamento, que promete resultados diferenciados.
A controvérsia, segundo a biomédica Ana Clara Brathwaite,
é que o produto não tem registro na Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) como medicamento e por isso não pode ser injetado na
pele. “O registro dele atualmente é apenas como cosmético grau 2, o que
chamamos de dermocosméticos. Isso significa que só pode ser utilizado de
maneira tópica, como um xampu antiresíduos ou um hidratante
rejuvenescedor. Um produto injetável deve ser registrado como medicamento
e, para isso, precisa apresentar todos os testes que mostram reações
adversas e possíveis efeitos colaterais. Para os registros de cosméticos
grau 2, esse processo não é tão detalhista e esse é o problema”,
explica a especialista.
A composição é interessante para entregar o resultado que propõe: 20mg/ml de ácido hialurônico, 5mg/ml de PDRN e 1mg/ml de niamicida.
Já conhecido do mundo estético, o ácido hialurônico é um umectante
poderoso que atrai e retém água, mantém a pele com aparência saudável e
hidratada, e reduz a aparência de linhas finas e rugas.
A
niamicida funciona como antioxidante, clareia manchas, fortalece a
barreira de proteção da pele, reduz a inflamação e a hiperpigmentação da
pele, regula a produção de sebo e ainda ajuda na produção de NAD+, uma
coenzima vital que desempenha um papel importante no metabolismo
energético celular.
O PDRN, por sua vez, já é
bastante utilizado na medicina por sua capacidade de estimular a
regeneração celular da pele, dos ossos, das articulações, ajudando a
acelerar a cicatrização de feridas, a reparar tecidos danificados e até
no controle de dores crônicas. Ele ainda é anti-inflamatório e alguns
estudos sugerem que o PDRN pode ajudar a hidratar a pele e melhorar sua
textura e elasticidade, por meio da regeneração do colágeno e da
elastina.
“Não quero dizer que o procedimento é ruim. Muito pelo contrário, já
temos dados clínicos que mostram que realmente tem bons resultados, mas
ainda não temos literatura científica bem embasada sobre o uso do PDRN
injetável para estética e muito menos o registro na Anvisa, que
é crucial. Meu posicionamento como profissional é utilizar apenas o que
é regulado pela agência, justamente para evitar riscos para o paciente e
para a sociedade. Porque, a partir do momento que o profissional
utiliza algo que não é registrado de forma adequada para aquele fim, não
temos mais respaldo nenhum”, explica Ana Clara.
A
biomédica ainda ressalta que o PDRN tem sim o registro para ser
utilizado de maneira tópica na pele, já que tem o registro como dermocosmético, apesar de ser comercializado em seringas, como os skinboosters.
“Mas provavelmente os resultados não seriam eficazes porque ele não tem
os mecanismos específicos para fazer a permeação desses ativos na pele,
que seriam conseguidos através de nanotecnologia, do tamanho das
partículas e outros detalhes que os produtos tópicos precisam apresentar
para ter eficácia”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário