MEDIÇÃO DE TERRA

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domingo, 5 de dezembro de 2021

Congresso Brasileiro de Hérnia discute redução do tempo de internação

 


O tempo de internação aumentaria a segurança do paciente operado


Tribuna da Bahia, Salvador
05/12/2021 16:14 | Atualizado há 3 horas e 32 minutos

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Foto: Reprodução

A segurança, o tempo de internação do paciente que passa por uma cirurgia de hérnia da parede abdominal e o futuro do sistema de saúde no Brasil, pós-pandemia, foram abordados por cirurgiões que integram a Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal (SBH).

Atualmente o protocolo de atendimento nos pós-operatório de pacientes que realizam a cirurgia de hérnia varia em diferentes regiões do país.  No Rio de Janeiro, por exemplo, dependendo da complexidade e das condições de saúde do paciente, a alta hospitalar é concedida em 24 horas. Já no Paraná, um paciente saudável e com boas condições clínicas, pode receber alta no mesmo dia.

O presidente da Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal (SBH), Christiano Claus, conta que, especialmente após a pandemia da covid-19, o Brasil está vivendo uma grande mudança de paradigmas na medicina e também no relacionamento dos financiadores de saúde, com os hospitais.  

“Além do coronavírus ter gerado um represamento das cirurgias eletivas, também contribuiu para aumentar a demanda para muitos procedimentos. Temos que pensar, sempre que possível, em desobstruir o sistema para que o maior número de pacientes possa ter o tratamento adequado e no tempo certo”, ressalta Claus.

A grande discussão, segundo ele, gira em torno da análise, que para em casos que há possibilidade, o menor tempo de internação hospitalar traz melhores resultados, e menores taxas de complicações para os pacientes. 

Pós-pandemia

Para que se tenha ideia, durante a pandemia, o número de cirurgias para correções de hérnia da parede abdominal realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil teve queda de 69%.  Entre 2020 e 2021 foram realizados 119,3 mil procedimentos cirúrgicos nesta área, sendo 36,4 mil em caráter de urgência, considerando todos os tipos de hérnias abdominais. Em 2019 o número de cirurgias chegou a 387,3 mil, sendo 45 mil urgências. 

Diferença entre países

O cirurgião brasileiro, Flávio Malcher, radicado nos Estados Unidos e uma das maiores personalidades em cirurgia de hérnia mundialmente, acredita que o Brasil pode e deve repensar este modelo. “A internação no Brasil é muito mais prolongada do que nos estados Unidos, devido a organização financeira da infraestrutura. Já nos Estados Unidos, toda a cirurgia eletiva de hérnias é realizada sem internamento e de forma ambulatorial, minimizando o tempo do paciente no hospital, a não ser para casos mais complexos”, relata Malcher que é Chefe do Serviço de Parede Abdominal - Universidade de Nova Iorque. 

Novos protocolos

O protocolo ERAS – do inglês enhanced recovery (ER) ou fast-track -  é o pilar clínico na implantação deste processo de melhoria e sustentabilidade do sistema de saúde voltado para o paciente cirúrgico, agregando segurança ao paciente, qualidade à assistência, otimização dos recursos financeiros e valor às instituições parceiras.

Recente meta análise demonstrou que ERAS, em cirurgias de grande porte reduziu o tempo de recuperação e internação hospitalar em 2 a 3 dias e o número de complicações em 30 a 50%2.

O cirurgião e ex-presidente da SBH, Alexander Morrel, também acredita que um menor tempo de internação ajuda na recuperação dos pacientes. “Em São Paulo os protocolos já estão muito bem estabelecidos e muitos permitem que os procedimentos possam ser feitos de forma ambulatorial. Isso permite que os pacientes possam ser submetidos ao tratamento cirúrgico, sem o comprometimento da sua doença, e com menor tempo de internação”, completa Morrel.  Ele reforça que o paciente que antecipa o tratamento tem menos risco de complicação. 

No Rio Grande do Sul, o professor e cirurgião, Leandro Totti - com atuação nos sistemas públicos e privados de saúde - conta que a situação é distinta no país. Segundo ele, via convênio, os hospitais estimulam que os pacientes – sem necessidade - não fiquem internado e possam abrir vagas para doenças mais graves. Já no SUS pacientes que teriam condições de ir embora no mesmo dia precisam ficar internados para que o hospital possa receber o valor da cirurgia. 

“É obrigatório que tenha uma guia de internação hospitalar, que obriga o paciente a dormir no hospital, por um período de, no mínimo, 12 a 18 horas. Acreditamos que isso é totalmente desnecessário do ponto de vista médico na maioria dos casos. Se conseguimos tratar de maneira mais abrangente estes casos, resolvendo a parte burocrática para que o paciente consiga ir embora no mesmo dia - é completamente adequado. Ele ficará menos exposto a outros pacientes com outras doenças, se recuperando em casa”, relata Totti.

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