O apoio petista ao ditador Daniel Ortega é deplorável, mas ao menos deve servir para abrir os olhos de muitos brasileiros, mostrando-lhes de uma vez por todas que o petismo pode ser tudo, menos um entusiasta da democracia. Editorial da Gazeta do Povo:
Quem,
em sã consciência, elogiaria uma farsa eleitoral montada por um regime
ditatorial, em que sete candidatos à presidência são presos e acusados
de “traição à pátria”, observadores internacionais são vetados, partidos
políticos são dissolvidos e a imprensa é ameaçada, saudando o ocorrido
como uma “manifestação popular e democrática”? O Partido dos
Trabalhadores, é claro. Em nota, a legenda exaltou a conquista do quinto
mandato – o quarto consecutivo – do ditador Daniel Ortega e afirmou que
conta com os sandinistas nicaraguenses para fazer da América Latina uma
“região de paz e democracia social que possa servir de exemplo para
todo o mundo”.
Com
a nota, o PT se junta a uma série de outros regimes ditatoriais e
autocráticos que considerou legítima a pantomima eleitoral deste
domingo, a começar pela mais nefasta das ditaduras latino-americanas, a
cubana, com o ditador Miguel Díaz-Canel exaltou a “demonstração de
soberania e civismo” no país centro-americano. A Venezuela de Nicolás
Maduro, a Bolívia de Luís Arce (o “poste” de Evo Morales) e a Rússia de
Vladimir Putin já deram seu aval ao resultado. Também governados pela
esquerda, México e Argentina escolheram a omissão, que neste caso conta
como cumplicidade.
Por
outro lado, a comunidade democrática internacional rechaçou
veementemente a farsa. Antes mesmo do pleito, a União Europeia já havia
considerado as eleições “completamente falsas” e afirmara que não se
poderia esperar nenhum “resultado legítimo” delas. O secretário de
Estado norte-americano, Anthony Blinken, afirmou que a votação era
“antidemocrática”. O resultado também não foi reconhecido por várias
nações da América Latina – inclusive o Peru, que tem como presidente o
esquerdista Pedro Castillo; ex-presidentes de países da região, mesmo
alguns mais alinhados à centro-esquerda, como o chileno Ricardo Lagos e o
brasileiro Fernando Henrique Cardoso, pediram que a Nicarágua seja
suspensa da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Esta
exaltação de ditaduras e processos eleitorais de fachada não é nova
para o petismo, sempre pronto a emitir notas de apoio a seus camaradas
ideológicos. Foi assim nas recentes eleições para o Executivo e o
Legislativo venezuelanos, ambas marcadas por ampla fraude e rejeitadas
também pelas nações democráticas de todo o mundo; em julho deste ano,
quando tiveram lugar os maiores protestos de rua contra o governo desde a
instauração do regime comunista, o partido manifestou seu apoio
incondicional à ditadura enquanto ela prendia, agredia e censurava
opositores em Havana e várias outras cidades cubanas.
Desde
já, com apoio de boa parte da comunidade nacional de formadores de
opinião, Lula e o petismo vêm se apresentando como os representantes da
“democracia”, forçando uma contraposição com um suposto “autoritarismo”
atribuído ao presidente Jair Bolsonaro. Se episódios como o apoio
petista ao ditador Daniel Ortega – e a todos os outros ditadores de
esquerda latino-americanos – são sumamente deploráveis, eles ao menos
devem servir para abrir os olhos de muitos brasileiros, mostrando-lhes
de uma vez por todas, caso alguém ainda tenha alguma dúvida a esse
respeito, que o petismo pode ser tudo, menos um entusiasta da
democracia. Olhar para os regimes que o PT admira, defende e exalta é
entender para onde o partido deseja levar o Brasil.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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