A inovação deste estudo está em alimentar os próprios insetos, com uma dieta baseada em resíduos orgânicos, contendo substâncias bioativas.
Foto: DivulgaçãoA maioria das pessoas pode sentir arrepios ou até repulsa ao pensar na ideia de comer insetos, principalmente no mundo ocidental. Mas a pesquisadora Carolina de Souza, que está à frente da startup Superbugs, investe em remodelar esse pensamento negativo em uma proposta que associa sustentabilidade e uma possibilidade de negócio lucrativo. “O relatório publicado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) já incentivava a pesquisas, produção e consumo de insetos comestíveis como alternativa nutricional para a alimentação. Além disso, orientei uma aluna de mestrado da UFBA que buscava caracterizar os nutrientes provenientes de insetos, a fim de inseri-los na alimentação humana. Foi a partir daí que surgiram as primeiras ideias para desenvolver nossa startup na Bahia”, explicou Carolina.
Os insetos destacam-se pelo elevado teor de proteína,
com valores que muitas vezes são superiores aos de fontes tradicionais:
bovina, suína e aves. Mas, para quem ainda não está familiarizado com a
proposta, Carolina faz questão de tranquilizar, contextualizando como
funciona o processo de inserção de insetos na alimentação de animais e
humanos. “Quando falamos neste assunto, o imaginário de algumas pessoas
remetem diretamente a espetinhos de invertebrados que são comuns em
algumas regiões da Ásia”, introduziu a pesquisadora, ressaltando que o
projeto não se trata de gafanhotos temperados ou besouros assados. “Na
verdade, nosso projeto visa a implantação de uma empresa de base
tecnológica, baseada nos princípios da economia circular e
sustentabilidade ambiental, na qual resíduos orgânicos da agroindústria,
que poderiam ser descartados na natureza, são reutilizados como ração
para os insetos. Esse processo resulta na criação de uma biomassa rica
em compostos bioativos que poderão ser usados como matéria-prima para a
alimentação”.
De acordo com Carolina, a inovação deste estudo
está em alimentar os próprios insetos, com uma dieta baseada em resíduos
orgânicos, contendo substâncias bioativas. “Ao incorporar essas
substâncias naturais à biomassa das larvas, estamos ofertando diversos
benefícios à saúde, através de nutrientes importantes para quem for
consumir esses insetos. Ao inserirmos os resíduos, estamos gerando uma
bioconversão, ou seja, um material que seria descartado em outras
diversas cadeias produtivas, ao servir de base de alimentação para esses
animais, pode gerar uma fonte proteica de excelente qualidade
nutricional. Portanto, nossa empresa buscar avaliar a produção de
proteína animal com alto valor biológico, associada a um baixo consumo
de água e de terra arável”, disse.
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