José Rubens Almeida*
Por conta do desenvolvimento tecnológico e da medicina, bem como da melhora da qualidade de vida e saúde, a expectativa de vida da população mundial tem aumentado progressivamente e o envelhecimento tornou-se um processo natural, inexorável e bastante desafiador.
Segundo a OMS, até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos, o que constituirá um total de aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a tendência de envelhecimento da população vem se mantendo e o número de pessoas com mais de 60 anos no país já é superior ao de crianças com até 9 anos de idade. O aumento da população idosa do Brasil tem sido muito mais intenso do que no cenário global. O número de brasileiros idosos de 60 anos e mais era de 2,6 milhões em 1950, em 2019 o número de idosos no Brasil chegou a 32,9 milhões e deve alcançar 72,4 milhões em 2100.
Uma população mais longeva e vivida é uma conquista. Mas como podemos melhorar ainda mais a relação dos idosos com um mundo moderno e em constante mutação? O uso de novas tecnologias está em todos os lugares, de hospitais à supermercados, e quem não se adapta a sua utilização se torna obsoleto no próprio contexto social. Os desenvolvedores de novas tecnologias precisam ficar continuamente atentos para ajudar essa parcela da sociedade a acompanhar a evolução tecnológica.
Um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea) aplicada em 2011 concluiu que o Brasil tem poucas instituições para idosos. Muito menos do que seria preciso. Os nomes são muitos: abrigo, asilo, retiro, casa de acolhimento. Pelo nome oficial quase ninguém conhece: instituição de longa permanência para idosos. Eles são muito poucos ainda e o brasileiro está envelhecendo. Em dez anos, o número de pessoas com mais de 60 anos aumentou 41%. No mesmo período, a população com mais de 80 anos cresceu 61%. E nessa fase da vida, às vezes, já não se pode viver mais sozinho. É preciso ajuda até para caminhar. O resultado do primeiro censo de abrigos para idosos do Brasil foi divulgado em 2011. São apenas 3.548 instituições em todo o país, onde vivem 83.870 pessoas com mais de 60 anos. Os pesquisadores do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas criticaram a falta de investimentos públicos em instituições para idosos.
"A demanda está aumentando muito e a tendência para os próximos dez anos é um grande aumento na demanda por cuidado não familiar, então o governo precisa investir nessa área", afirmou a técnica de planejamento e pesquisa do IPEA Ana Amélia Camarano, na ocasião. Além do levantamento, que mostra a situação atual nos abrigos e asilos, o estudo dos técnicos do Ipea procurou apresentar também propostas de como poderia ser o atendimento aos idosos no país. Algumas ideias já estão em execução no Rio. Entre as formas alternativas, estão cuidadores familiares e centros de convivência, onde as pessoas passam o dia e depois voltam para casa.
Em um futuro não muito distante, eles se tornarão o foco e aumentarão cada vez mais sua representatividade nessa utilização.
De acordo com Pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) a população idosa, em sua maioria, aceita as novas tecnologias. Mas isso não é tudo. Se estes objetos podem ser reconhecidos como ferramentas de acessibilidade, ainda são encontradas barreiras na utilização – que muitas vezes derivam de características do próprio aparelho, como letras pequenas e idiomas estrangeiros. Isto inclui desde celulares, controle remotos, câmeras digitais, computadores e aparelhos de cozinha até equipamentos de monitoramento das condições de saúde.
Ao contrário do que se imagina, os idosos têm sim interesse e disposição em adotar as novas possibilidades que a tecnologia oferece, principalmente no que se refere aos cuidados com sua saúde. Por conta da crescente evolução da área médica, facilitar ao máximo essa integração passa também a ser parte da responsabilidade de todos os profissionais de saúde.
Para que isso aconteça de maneira favorável, deve-se levar em conta todo o processo de envelhecimento, e os desafios que proporciona, tanto na parte da saúde, quanto na parte emocional.
As tecnologias na saúde são excelentes ferramentas voltadas a demandas e condicionalidades do processo de envelhecimento. Elas podem melhorar as condições de saúde de modo geral, a autoestima, auxiliar técnicas de cuidado em ambientes hospitalares, facilitar a mobilidade, comunicação, e a segurança dos ambientes domésticos.
A pandemia mudou radicalmente a vida de todos, mas os idosos são um público particularmente afetado de maneira mais intensa, uma vez que integram um grupo de risco. Com o isolamento social, quem mora longe tem uma tarefa difícil nas mãos, que é zelar pela segurança do idoso — mas felizmente a tecnologia pode ser uma aliada nessa missão.
Hoje, existem wearables capazes de avisar sobre quedas, aplicativos de saúde para lembrar de medicamentos, e a teleconsulta, que fornece atendimentos de qualidade sem que o paciente precise se deslocar. Pulseiras que enviam alertas aos familiares quando o idoso cai, sistemas de monitoramento remoto e de comunicação, botões de emergência pessoal são outros exemplos do emprego da tecnologia assistiva para acompanhar os idosos e promover maior qualidade de vida.
Para os familiares, os avanços tecnológicos proporcionam mais conforto e tranquilidade por possibilitarem o contato com indivíduos em isolamento. Por outro lado, os dispositivos de monitoramento permitem que serviços de atendimento mantenham contato com pacientes com segurança e regularidade.
* José Rubens Almeida é graduado em ciências da computação e diretor da AGM Automação, que produz toda a linha de equipamentos Psiu sem fio. www.psiusemfio.com.br, com foco em instituições de longa permanência
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