Voluntários do estudo clínico com a vacina contra a Covid-19 da Oxford/AstraZeneca em São Paulo receberam informação de que, em alguns casos, só saberão se tomaram a vacina ou o controle (placebo) no fim de fevereiro e início de março.
Sem saber se já estão imunizados, eles não poderão tomar a vacina Coronavac que está sendo oferecida no estado, apesar de muitos serem do grupo prioritário de vacinação e estarem trabalhando na linha de frente.
Os cerca de 3.000 voluntários do estudo clínico em São Paulo, coordenado pelo Crie (Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais) da Unifesp, começaram a ser chamados no dia 20 janeiro para saber se receberam a vacina ou se estavam no grupo de controle (que recebeu uma vacina meningocócica, fazendo as vezes de placebo), logo após a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) conceder autorização emergencial ao imunizante.
Em comunicado, a equipe do estudo afirmou que “num período de dois meses, todos os participantes do grupo controle estarão vacinados”.
No estudo para avaliação da eficácia da vacina, metade dos voluntários recebe duas doses do imunizante, e, a outra metade, duas doses da vacina meningocócica. Nem os médicos, nem os voluntários sabem quem recebeu o que —por isso diz-se que é um estudo duplo cego.
Os voluntários só descobrem no momento do chamado “descegamento”, ao serem recebidos em consulta no Crie. Quando isso ocorre, os que estavam no grupo de controle recebem a primeira dose vacina.
Um voluntário conseguiu agendar o “descegamento” só para o fim de fevereiro. Ele vai ter que ficar sem tomar a vacina até lá, apesar de ser médico e estar no grupo prioritário.
O médico, que não quis se identificar, tinha recebido agendamento inicial só para março. Segundo ele, nesse intervalo, ele terá de ficar exposto à infecção.
Ele não pode tomar outra vacina como a Coronavac, porque não se sabe a interação entre as duas. Mais do que isso, afirma, seria injusto tomar uma dose em meio à escassez de vacina.
Folhapress
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