MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 2 de março de 2020

Bolsonaro vai descumprir “regra de ouro” e precisará do Congresso para evitar impeachment


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Charge do Aroeira (Jornal O Dia / RJ)
Rosana Hessel
Correio Braziliense

A equipe econômica fez um malabarismo contábil para evitar o descumprimento da regra de ouro pelo segundo ano consecutivo, mas não teve sucesso. Vai ter que pedir arrego ao Congresso. O rombo previsto no orçamento deste ano está em R$ 341 bilhões e, mesmo com toda a ginástica nos números que os técnicos estão fazendo, ainda existe um buraco grande a ser coberto, de quase R$ 80 bilhões.
Se o Congresso não der a autorização para o Executivo emitir crédito suplementar desse montante até junho, o presidente Jair Bolsonaro poderá cometer crime de responsabilidade fiscal.
TIRANDO DA CARTOLA – Nesse vai e vem dos números, a equipe econômica conseguiu tirar da cartola R$ 262,2 bilhões para reduzir a margem para o cumprimento da regra de ouro para R$ 78,8 bilhões. Entraram na conta para abater o buraco nada menos do que R$ 162,6 bilhões do lucro do Banco Central obtido com a alta do dólar entre 2018 e 2019, mas que não representam a venda efetiva de dólares e que, a partir deste ano, não poderá mais ser contabilizado, conforme prevê a lei 13.820/2019, que estabeleceu novas regras sobre o destino dos resultados do BC.
Com esse novo normativo, os resultados cambiais positivos constituirão reserva contábil no balanço do BC quando este registrar resultado positivo com as operações cambiais, e não mais serão enviados para o caixa do Tesouro Nacional.
SALDO DO BANCO CENTRAL – No entanto, o resultado operacional do BC, que teve um saldo positivo em torno de R$ 20 bilhões no último semestre, continuará sendo enviado para o Tesouro.
Desse resultado operacional, R$ 141,2 bilhões foram contabilizados em 2018 e R$ 21,4 bilhões, no ano passado. Essa medida sempre foi criticada por integrantes da equipe econômica no passado, mas está sendo a tábua de salvação do governo este ano e, a partir do ano que vem, não poderá mais ser utilizada.
Somado a isso, foram contabilizados R$ 81 bilhões dos quase R$ 130 bilhões devolvidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2019 e que não foram utilizados. Outros R$ 18,6 bilhões de recursos financeiros para reduzir a margem para o cumprimento da norma constitucional são referentes a dividendos e operações de crédito de estados e municípios.
MELHOR HIPÓTESE – “A nossa melhor estimativa é que encaminharemos solicitação de credito extra de R$ 78,8 bilhões para o Congresso autorizar operações de crédito a mais do que as despesas de capital”, afirmou o secretário adjunto do Tesouro Nacional, Otavio Ladeira, durante a entrevista coletiva de apresentação dos resultados das contas do governo federal. Segundo ele, nessa autorização, ainda será possível utilizar os recursos de anos anteriores que não foram utilizados.
Prevista na Constituição, a regra de ouro proíbe que o Estado emita dívidas para cobrir despesas correntes, como salários e aposentadorias. Esses gastos não podem superar as despesas com capital, como os investimentos e o pagamento de juros da dívida pública.
No ano passado, o Executivo precisou de autorização do Congresso para emitir um crédito extra de quase R$ 250 bilhões para tapar o buraco das contas públicas. Foi preciso muita negociação com parlamentares durante a tramitação da reforma da Previdência para evitar que Jair Bolsonaro cometesse crime de responsabilidade fiscal, abrindo a porteira para um processo de impeachment.

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