MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 31 de março de 2020

A pior crise ainda está por vir


Mesmo quando voltarmos a uma aparência de normalidade, a comoção econômica não cessará, e o mundo por um bom tempo não será mais o mesmo. Artigo de Alex Pipkin para o Instituto Liberal:

Ontem chamei um Uber. Um homem, aproximadamente 40 anos. Adivinha o papo – reto. Apavorado! Trabalhando, quando chamado, e em prontidão 14 horas por dia.

Trocou de carro na hora errada, falou-me.
Não me resta outra coisa que tentar ganhar próximo daquilo que faturava antes do demônio viral – disse-me ele.

Como consolo, entonei que tinha certo patrimônio, porém como autônomo, afirmei que encontro-me completamente sem liquidez.

O isolamento social, fundamental agora, precisa ser calibrado científica e sensatamente. Até quando “a vida” suporta?!

Acho que a crise econômica beirará uma depressão e reverberará seus devastadores efeitos por muito tempo, gerando inclusive mais danos e doenças que o vírus.

Indústrias de turismo, alimentação, serviços privados e públicos, e várias outras estão paradas.

Inevitavelmente, e aqui de maneira salutar, a disciplina fiscal do governo foi de vez para as cucuias. Óbvio que será fundamental retomá-la, quando possível.

Governos federal, estaduais e locais serão ainda mais sobrecarregados pela pressão em seus sistemas de saúde pública, como também pelos “pacotes de estímulo” às pessoas e às empresas; mas a economia não vai se recuperar antes que o distanciamento social acabe, e até mesmo por muito mais tempo depois que o boom virótico arrefecer.

As pessoas estão sem trabalhar ou têm seus horários de trabalho diminuídos drasticamente – distintamente do meu amigo do Uber – e precisam de dinheiro agora para pelo menos comprarem comida e permanecerem confinadas.

Não são só os indivíduos que necessitam. Micro, pequenas e médias empresas precisam de recursos para se manterem de pé, a si e aos seus empregados, na tentativa de ao menos adiarem demissões ao máximo possível.

Independente daqueles que afirmam ser “100% vidas”, racional e tecnicamente, o distanciamento social prolongado “matará” todos nós, não só de tédio, como também de outros desastres sociais, como a fome para muitos.

O pacote de estímulo fiscal ajuda a debelar a crise imediata, mas no médio e longo prazos não imagino que evite a quebradeira geral.

Mesmo assim, embora os socorros governamentais possam soar impopulares para alguns, na vida real, além de preservar as pessoas, será importante para não matar aqueles empresários – eficientes – que correm riscos e que criam empregos e riqueza para essas mesmas pessoas.

Grande parte das cadeias produtivas e das empresas estão interrompidas e a economia parada.

Mesmo quando voltarmos a uma aparência de normalidade, a comoção econômica não cessará, e o mundo por um bom tempo não será mais o mesmo (apesar de que algumas questões “humanas” serão aperfeiçoadas!). Virão ajustamentos, desemprego, mais adaptações e mais desemprego.

Especialmente os mais jovens – dentre esses uma legião de idealistas – perceberão que na realidade (evidente que dura!) não valerão tanto quanto alguns pensam que contam.

Meu amigo do Uber me contou – e a corrida nem foi tão longa assim – que um vizinho dele, desempregado e desesperado, entrou em pânico e foi parar num hospital. Deus o abençoe.

Triste! Alguns, mesmo hoje ainda empregados, aterrorizados, provavelmente quando o globo voltar a girar, reduzirão seus gastos trazendo impactos à economia e a redução da geração de empregos por bastante tempo.

E outros muitos talvez tenham que utilizar – sei lá – os tais R$ 600,00 para tratamentos psicológicos e/ou psicanalíticos… Já começou…

Essa é a realidade da vida, da saúde física e econômica, inseparáveis, apesar das constantes compreensões equivocadas e outros besteirois que nos assolam. Que desfecho próximo teremos?!
Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.
 
 
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