Se olharmos em retrospecto, o sinal da história humana é bastante claro:
o progresso material e a dignificação das condições de vida para a
humanidade nunca foram tão expressivos. Artigo de Felipe Camozzato, vereador em Porto Alegre pelo Partido Novo:
Nunca na história do mundo, até onde se tem relatos, houve tão pouca
gente vivendo na pobreza. Se olharmos apenas para um período mais
recente, desde 1990, houve uma redução de 1.9 bilhões, para cerca de 733
milhões de pessoas vivendo com menos de 2 dólares por dia. Isso
corresponde a, diariamente, 128 mil pessoas deixando a extrema pobreza.
Em pouco menos de 30 anos, saímos de um cenário em que 37% da população
estava nessas condições, para um cenário em que menos de 10% das pessoas
vive dessa forma.
A mortalidade infantil caiu 57% entre 1990 (12,6 milhões de mortes) e
2017 (5,4 milhões de mortes). Ao mesmo tempo, a expectativa de vida
subiu de 64,2 anos para 72,2. Na África esse avanço foi ainda mais
notável, de 52,1 para 62,5, um avanço de quase 20%. Em termos de geração
de riqueza, nesse mesmo período a América Latina quase duplicou seu
produto per capita (U$ 6.984 para U$ 13.470).
Como demostrado, os números que atestam o progresso são fartos e
robustos. Ainda, se estendêssemos o período de análise para o início do
século XX, por exemplo, os resultados seriam ainda mais expressivos. Mas
afinal, o que nos trouxe até aqui? O progresso proporcionado por um
constante aprimoramento tecnológico nas formas como fazemos as coisas,
motivado pelo auto-interesse que, no conjunto, conduz ao avanço de
todos. E mais, não há nenhum fator tão intimamente ligado a evolução
dessa história que o próprio desenvolvimento do sistema capitalista,
somado a um sistema moral que valoriza o conhecimento científico e
reconhece a liberdade dos indivíduos.
Aquele que é considerado o pai da economia – e um dos maiores
filósofos morais do século XVIII – Adam Smith, entendeu como poucos os
mecanismos que levam ao progresso da sociedade como um todo. Conforme o
autor, em seu livro mais famoso, que ficou popularmente conhecido como a
Riqueza das Nações: “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro
e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que eles
têm pelos próprios interesses. Apelamos não à humanidade, mas ao
amor-próprio, e nunca falamos de nossas necessidades, mas das vantagens
que eles podem obter”.
E é justamente com base no auto-interesse do padeiro, do cervejeiro,
do empreiteiro e, porque não, do banqueiro que, respeitados códigos
morais básicos de civilidade, criou-se condições para que pessoas
individualmente buscando o melhor para seus próprios interesses,
levassem a uma condição propícia ao progresso coletivo, a qual encontrou
no sistema capitalista as condições ideais para a potencialização das
capacidades, manifestas, dentre outros motivos, nos números apresentados
no início do texto.
É lógico e natural que a cada tempo imponham-se seus desafios, como
foram as guerras que marcaram o século XX, por exemplo. Mas alarmismos
precisam ser contidos para que não sejam produzidas histereses coletivas
que anuviam o sinal com ruídos. Os ruídos podem ser diversos: problemas
climáticos e desigualdade de renda. Mas o sinal é claro: progresso
contínuo e distribuído indiscriminadamente entre os povos.
Obviamente que fatos como eventos climáticos extremos ou então as
condições sob as quais se dão a desigualdade entre as pessoas não devem
ser esquecidos, mas como disse, esses são ruídos. E, se olharmos em
retrospecto, o sinal da história humana é bastante claro: o progresso
material e a dignificação das condições de vida para a humanidade nunca
foram tão expressivos.
Por isso, aos pessimistas, os fatos.
(Todos os dados citados nessa coluna foram retirados do site https://ourworldindata.org/).
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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