Coluna de Alexandre Garcia, publicada pela Gazeta do Povo:
O presidente Jair
Bolsonaro precisou pedir desculpas ao Supremo Tribunal Federal e a
outras instituições por causa de uma postagem que ele disse que não é
dele. No vídeo, Bolsonaro é retratado como um leão velho e enfraquecido
atacado por hienas.
As hienas do vídeo
tem um ícone em cima com nome de instituições como: CUT, PT, OAB, CNBB,
STF, coisas assim. Depois o leão é salvo por um leão jovem chamado
“conservador patriota”, talvez filho do leão velho, e espanta as hienas.
Quando vi a primeira
vez, eu pensei: “isso não é de Bolsonaro”. Pelo temperamento dele, ele
não se retrataria como um leão velho e fraco. Foi alguém que fez isso. E
até de modo grosseiro e rudimentar houve a reação dos ministros Celso
de Mello e Marco Aurélio.
Bolsonaro pediu
desculpas. Disse que não foi ele quem postou, mas de alguém que tem
acesso a conta de Twitter dele. Lamentável esse episódio. O presidente
disse que ia fazer uma retratação maior.
Divergências de lado
Bolsonaro deveria ir a
posse – não sei se já decidiu ir – do presidente argentino, Alberto
Fernández. Primeiro, porque terminou a campanha eleitoral. O próprio
Macri, que foi derrotado, já o recebeu em um café da manhã. Os dois
estão conversando.
A transição está
sendo muito amistosa e fraterna. O presidente recém-eleito chamou o
Macri de irmão, vejam só. Então o presidente do vizinho do norte
(Bolsonaro) bem que poderia dar uma recuada na campanha em que ele se
meteu apoiando Macri.
O novo presidente da
Argentina também. Em campanha ele veio visitar o ex-presidente Lula e
entrou no Lula Livre em Curitiba. Fernández afirmou que Lula está preso
injustamente. Os dois presidentes precisam resolver isso porque Brasil e
Argentina estão juntos.
Os empresários
brasileiros que exportam para a Argentina estão preocupados. Tem gente
que exporta veículo e autopeças que disse que o importador argentino
falou que o Fernández é um moderado e que ele é pela economia de mercado
e pelo equilíbrio fiscal.
Os calçadistas
gaúchos estão preocupados também, porque se houver populismo como o
congelamento e o aumento de salário, como falaram, vai ser ruim para os
exportadores brasileiros. Medidas populistas são a fórmula da implosão
do país.
O Brasil é o primeiro
fornecedor da Argentina e a Argentina, depois de China e Estados
Unidos, é o terceiro maior fornecedor do Brasil. Então não há interesse
nenhum em quebrar essa relação, que tem que ser pragmática. Os dois
precisam deixar de lado as divergências políticas.
A nova mania brasileira
Na terça-feira (29),
estive mediando um debate envolvendo companhias aéreas brasileiras. Os
CEOs da Latam e da Gol, o secretário de Transporte Aéreo Civil e o
superintendente da Anac estavam presentes.
Nós falamos sobre o
futuro da aviação brasileira, que é um mercado muito competitiva. Elas
estão na altura das demais companhias aéreas do mundo, mas estão
sofrendo muito com os altos custos do Brasil e com a judicialização, que
é a nova mania brasileira.
As companhias aéreas
são processadas pela meteorologia ou por conta de um drone que
interrompeu as decolagens. Ao mesmo tempo, os impostos são altos, o
querosene no Brasil tem uma carga fiscal muito grande.
Parece que tudo isso
está se encaminhando para ser resolvido. Assim, nós teremos condições de
estimular o turismo inclusive, desde que ofereçamos segurança pública
para quem quiser nos visitar e para nós brasileiros.
Terceira via?
No dia 7 de novembro
vai ser retomado o julgamento da prisão em segunda instância no STF. O
noticiário disse que o presidente da Corte, Dias Toffoli, está
inventando uma terceira saída.
Eu fico morrendo de
medo de uma invenção de um presidente do Supremo. Da última vez que um
presidente da Casa, a época Ricardo Lewandowski, inventou algo foi no
julgamento de Dilma e acabou rasgando pelo meio o parágrafo único do
artigo 52 da Constituição.
Durante o processo de
impeachment de Dilma Rousseff, Lewandowski liberou a presidente
impedida a participar de eleição. Isso foi uma agressão à Constituição
gravíssima. Eu estava estava cobrindo e percebi isso. São coisas do
Brasil, jabuticabas brasileiras.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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