O objetivo da coleção é apresentar às crianças uma visão liberal do
mundo, em que monstros não existem e os vilões são ditadores
socialistas, e não patrões que valorizam a iniciativa privada.
Reportagem da Gazeta do Povo:
"Era uma vez uma garotinha que se chamava Anya. Ela adorava fazer
planos para o futuro e brincar com o amigo Lucas com seu irmão Antônio e
com o cãozinho Galt. Eles moravam em um país rico e distante, governado
por um rei malvado que gostava de tomar as coisas das pessoas.”
É assim que começa o livro infantil Anya e o Mistério do Sumiço do
Cãozinho Galt, o primeiro volume da coleção Turminha da Liberdade. O
livro conta a história do desaparecimento do cachorrinho Galt, que segue
um coelho em busca de uma caverna onde “todos são amados e reconhecidos
por suas VIRTUDES e você é nosso convidado por causa de sua coragem e
INDEPENDÊNCIA”. Ali, diz o coelho, “não existe Rei Malvado e ninguém
pode tomar as coisas do outro para viver”.
Ao fim de sua aventura, Anya encontra o cão e aprende uma série de
lições. Por exemplo: quando o cachorro some e o irmão Lucas começa a
especular o motivo, Anya responde: “Nada disso, fantasmas não existem e
nem monstros. Deve ter uma explicação RACIONAL ou lógica para isso”. A
importância de três valores, responsabilidade individual, coragem e
autoestima, é reforçada ao longo da obra, assim como virtudes
independência, integridade, produtividade, honestidade.
Segredo do universo
Escrita por Giuliano Miotto, advogado e empresário de Goiânia e
presidente do Instituto Liberdade e Justiça, a obra inaugurou a coleção A
Turminha da Liberdade. “É um projeto de educação focado em valores e
princípios, em formação de caráter”, explica Miotto. “A nossa ideia não é
parar nos livros, queremos começar a criar materiais didáticos, ações
da Turminha da Liberdade, projetos pedagógicos”.
Voltado para crianças acima de sete anos, o trabalho ganhou
continuidade com o lançamento de Antônio e o Segredo do Universo em Seis
Lições, cujo protagonista é o irmão de Anya. Ele encontra o tio,
Frederico, que lhe apresenta o compadre Ludovico – ele, por sua vez,
resolve explicar a Antônio “seis lições importantes, que são o segredo
do universo”.
A coleção vai ganhar um terceiro volume. “Será sobre a história da
arte, a importância da beleza na arte e na cultura de modo geral,
baseado numa ideia do [filósofo] Roger Scruton”, explica Miotto. Em
paralelo, ele prepara uma coleção chamada Heróis do Mundo Livre, que
vai, nas palavras do autor, “desenvolver personagens baseados em pessoas
da história que lutaram contra o nazismo, o comunismo, ou contra o
fascismo, todos esses regimes totalitários”.
Para divulgar a coleção, o advogado fez um lançamento oficial em duas
escolas do Rio de Janeiro e agora vai visitar seis cidades do nordeste.
“A receptividade das crianças, dos pais e dos professores tem sido
muito boa”, ele conta.
O objetivo da coleção é apresentar às crianças uma visão liberal do
mundo, em que monstros não existem e os vilões são ditadores
socialistas, e não patrões que valorizam a iniciativa privada. Os
personagens são empreendedores: Anya sonha em inventar “algum problema
das pessoas e, com isso, ganharia muito dinheiro e seria famosa”. Já
Lucas gostaria de ser cientista e criar uma fábrica de remédios para
crianças.
Citações diretas
A obra é inspirada, de alguma forma, na obra do filósofo Olavo de
Carvalho? “Não”, responde o autor. “Li O Imbecil Coletivo, alguns
artigos, mas não tenho relação nem vinculação com a proposta dele. Acho
que ele acerta algumas coisas e outras não”. A inspiração, afirma o
advogado, vem de escritores anteriores a Olavo de Carvalho.
De fato, as referências a autores importantes para o pensamento
liberal são evidentes. Anya tem nome semelhante a Ayn Rand, autora de A
Revolta de Atlas, obra de 1957 que descreve um mundo distópico em que os
Estados Unidos perderam seus principais industriais e empresários por
culpa de uma excessiva taxação e regulamentação, dedicada a alimentar um
governo corrupto. Há também uma referência bem-humorada ao empresário
conservador (e terraplanista) Paulo Kogos, que surge como o Kogros, o
terrível, “um garoto que pensava ser um ogro”. “Kogos sabe da
referência, a ideia de fazer uma brincadeira com ele surgiu em um hang
out de que participamos sobre política”.
O tio Frederico, segundo o autor, é uma citação ao economista francês
liberal que viveu na primeira metade do século 19, Frédéric Bastiat. “A
Revolta de Atlas é uma clara inspiração para o primeiro livro da
Turminha da Liberdade”, confirma o autor. “O tio Frederico é a
referência moral para as crianças da turminha, boa parte das histórias
vão se passar no sítio dele”.
E o compadre Ludovico homenageia o famoso autor de teoria econômica
liberal, o austríaco Ludwig von Mises – as “seis lições” que o compadre
apresenta são diretamente inspiradas nas famosas seis lições de Mises.
“O que falta hoje na formação das crianças não é necessariamente o
conteúdo, as escolas já possuem, em tese, muito conteúdo”, afirma
Giuliano Miotto. “O problema do sistema educacional é que ele é muito
focado na avaliação, na assimilação apenas de conhecimentos, e não de
valores. Crianças com valores bem estruturados têm muito mais chances de
serem bem-sucedidas”.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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