BA recebeu maioria dos imigrantes estrangeiros
que qualquer outro estado do Nordeste entre 2000 e 2017. Dos 117.900
imigrantes internacionais registrados que se instalaram na região,
36.200 se instalaram na Bahia. Em segundo lugar, vem o Ceará, recebendo
26.400 deles.
Os dados são do estudo “Atlas Temático: Observatório das Migrações em
São Paulo e Observatório das Migrações no Estado do Ceará – Migrações
Internacionais na Região Nordeste”, que foi lançado nesta quarta-feira,
28, na Universidade Salvador (UNIFACS).
Além de fornecer dados gerais sobre os imigrantes registrados no país, o
“Atlas Temático” mostra que, entre 1994 e 2019, o Comitê Nacional para
Refugiados (Conare) do Ministério da Justiça recebeu 178 mil
solicitações de refúgio.
Neste mesmo período, 1.639 solicitações foram oriundas do Nordeste,
sendo 894 do Ceará e 232 da Bahia. A maioria das pessoas que solicitaram
refúgio na região são, de acordo com o documento, de Venezuela e Cuba,
países que enfrentam crises graves.
Rota consolidada
O Brasil se consolidou na rota das migrações internacionais a partir do
início deste século, com a chegada de 1,1 milhão de pessoas no período
de 17 anos avaliado pelo estudo. Terceira região com maior concentração
de fluxo migratório, o Nordeste atraiu, principalmente, os europeus.
Eles que correspondem à quase metade dos países de origem analisados,
com um total de 52.500 pessoas. A publicação da Unicamp destaca que uma
possível justificativa para isso passa pelas “especificidades turísticas
da região e de investimentos do capital transnacional”.
O estudo permite traçar uma nova face do fenômeno migratório no
Nordeste, de forma a dar visibilidade às pessoas que fazem parte deste
fenômeno, promovendo e garantindo seus direitos humanos durante a
permanência nas cidades.
O resultado é um compilado heterogêneo, com maioria masculina (são 85
mil homens, no período), pessoas com diferentes profissões e grau de
instrução, que vão de doutores até pessoas com poucos anos de
escolaridade.
Dados importantes
O oficial de programa para População e Desenvolvimento do Fundo de
População das Nações Unidas, Vinicius Monteiro, destaca a importância da
proposta quanto ao aprofundamento de dados, que permitem compreender
melhor o fluxo migratório no Brasil.
“As informações são de grande importância como subsídio para o trabalho
do setor público nos diferentes níveis, para academia, sociedade civil e
também organismos internacionais que trabalham com a temática, para uma
atuação mais sensível junto à população migrante”.
“O UNFPA contribui com a produção de dados e evidências que podem
orientar a administração pública no desenho de políticas de integração
desses migrantes na sociedade, principalmente mulheres, mulheres
gestantes, entre outras pessoas que são chave para nosso trabalho”,
explica.
O documento foi produzido pelo Núcleo de Estudos de População 'Elza
Berquó (Nepo), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com apoio
do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
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