O quadro do ex-presidente norte-americano Clinton vestido de mulher que o
milionário suicida tinha na mansão em Nova York é mais um detalhe
inacreditável. Coluna de Vilma Gryzinski:
Se você é um milionário americano que gosta de cortejar outros ricos e poderosos, tipo Bill Clinton, o que faria?
Colocar seus Boeings a serviço dele? Certamente. Levar o
ex-presidente, notório pelas aventuras sexuais, à sua ilha particular
lotada de beldades adolescentes? Sem dúvida.
Ter um retrato dele travestido de mulher, com cara de chapado e,
ainda por cima, um vestido azul – inevitavelmente ligado ao caso do
traje de Monica Lewinsky, guardado como prova do sêmen derramado – já
entra no campo da bizarrice.
E isso é tudo o que não falta na vida e, principalmente, na morte de
Jeffrey Epstein, que se suicidou ou foi suicidado na mais difícil das
circunstâncias: sentado no chão de sua cela no Centro de Correção Penal
de Nova York, com um lençol no pescoço.
A ação penal contra ele era a mais famosa do momento nos Estados
Unidos: tráfico sexual, um jeito encontrado por promotores federais de
Nova York de aumentar a punição ridícula que o milionário, com seu harém
de menores de idade recrutadas nos Estados Unidos e em países do leste
europeu, havia recebido.
Epstein já tinha sido encontrado semidesfalecido, na cela, com
hematomas no pescoço. Foi colocado e, atenção, retirado, do regime
especial para suicidas em potencial (com estrado de cama em aço fundido
no chão, lençóis de papel e outros recursos de prevenção).
O companheiro de cela dele foi retirado um dia antes do suicídio. Os
guardas que deveriam fazer uma inspeção visual a cada trinta minutos,
dormiram por três horas seguidas.
Depois, tentaram alterar as gravações que mostram sua negligência. Não deu muito certo.
O diretor e a vice-diretora do Centro de Correção Penal foram
afastados enquanto o FBI investiga a inacreditável – literalmente –
sequência de erros.
É preciso um esforço bem grande para acreditar que tenham sido cometidos ao acaso.
E dá para aceitar que numa dependência do sistema penitenciário de
Nova York, a cidade onde desde o Onze de Setembro não se mexe uma folha
de árvore sem que seja registrado, não havia uma câmara na cela do
prisioneiro mais famoso dos Estados Unidos?
Com tantas pontas soltas, a maior dúvida ainda é: quem era Jeffrey
Epstein? Como ficou tão rico, chegando à marca do um bilhão de dólares,
fortuna reduzida para “apenas” 550 milhões quando seu castelo começou a
cair?
E como conseguiu manter contatos no alto mundo, mesmo depois que sua ficha sujíssima se tornou conhecida?
Uma das recentes, e espantosas, revelações recentes: o
multibilionário Bill Gates, o gênio discreto hoje afastado do dia a dia
da Microsoft, discutiu “assuntos filantrópicos” em “diversas ocasiões”
com Epstein.
É um mistério imaginar o que poderia aproximar o santo Gates, o maior
filantropo do mundo, de um sujeito que fazia trambiques com o dinheiro
dos outros – outra revelação do momento -, transportava famosos no
“Lolita Express”, o apelido de seu Boeing, para orgias na sua ilha do
Caribe e recrutava meninas a partir dos 14 anos para seu harém.
O retrato de Bill Clinton, fazendo pose de Tio Sam safado, em pleno
Salão Oval, foi fotografado por uma empresária que conheceu a mansão de
Epstein em Nova York, a maior da cidade.
SALTO ALTO
A mulher, não identificada, passou o flagrante para o tablóide inglês
Daily Mail. Ela disse que vislumbrou o quadro durante uma visita, em
2012. Ficou chocada com “a pintura muito provocadora, sexual” do
ex-presidente, com sapato vermelho de salto e “a mão numa posição
esquisita”.
Detalhe perverso: o vestido é muito parecido com um usado por Hillary Clinton num jantar de gala.
Para quem não vive ligado nessas coisas: os inimigos mais extremados
de Hillary consideram que ela é culpada por uma série de mortes
suspeitas de assessores do casal Clinton, remetendo a Vince Foster,
amigo de infância de Bill que se suicidou seis meses depois de começar a
trabalhar na Casa Branca.
Ainda não se sabe se o quadro é o original, da pintora Petrina
Ryan-Kleid, ou uma cópia. E a intenção de Epstein ao ter uma obra desse
gênero?
Poderia ser provocar ou satirizar o “amigo”, a quem favoreceu com
generosas doações, de campanha e à Fundação Clinton (estas, devolvidas
quando o caldo entornou).
Epstein tinha centenas de fotos e quadros em suas mansões, a maioria
das meninas lindas, em poses sensuais, que atraía para lhe proporcionar
prazer.
O lugar favorito dele eram os banheiros, com macas para massagens
eróticas e outras instalações como seios artificiais na parede.
Uma de suas casas em Palm Beach, até agora desconhecida, foi reformada para ter apenas banheiros e uma piscina.
Epstein gravava políticos, milionários e cientistas que aceitavam
gozosamente seus convites e se gabava de conhecer as fraquezas sexuais
de todos.
Como é inevitável, uma das teorias conspiratórias sustenta que
Epstein trabalhava para o Mossad e, assim, fornecia poderosos
instrumentos de chantagem a Israel.
Só acredita nisso quem acha que o Mossad é dirigido por idiotas
dispostos a queimar o filme com um sujeito comprometido como Epstein,
mergulhado numa viagem narcisista de sexo e poder que o levou a assumir
riscos ostensivos e autodestrutivos.
Claro que fica faltando explicar um dos “ativos” mais preciosos para
qualquer agente de inteligência: um passaporte austríaco, tal como o
encontrado nos cofres de Epstein (mais dinheiro vivo e diamantes, o
básico do fugitivo profissional ou de judeus que não esquecem os
históricos de perseguição).
O passaporte austríaco, com nome falso, data da década de 80, quando a
guerra fria ainda fazia da Áustria, oficialmente um território neutro
entre os dois blocos europeus, um ninho de espionagem, negociações
sigilosas e troca de espiões.
Epstein usou o passaporte para várias viagens, inclusive à Arábia Saudita, que constava como seu país de residência.
Ah, sim: o juiz encarregado de uma das ações penais contra Epstein
morreu no domingo. Não foi exatamente uma surpresa, pois tinha 96 anos.
Mas quem ainda acredita em coincidências nesse caso?
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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