Foto: Dida Sampaio/Estadão
O senador Romero Jucá (MDB-RR)
Propinas supostamente pagas aos senadores Romero Jucá (MDB-RR) e
Renan Calheiros (MDB-AL) e ao ex-senador Gim Argello (PTB/DF) no
esquema da ‘Guerra dos Portos’ saíram de contas alojadas em paraísos
fiscais e transitaram pela ‘conta botox’, acusa a Procuradoria-Geral da
República (PGR) em pedido de busca e apreensão apresentado ao ministro
Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo. Segundo a PGR,
os pagamentos foram uma contrapartida aos senadores após a aprovação de
uma resolução que eliminava incentivos fiscais de produtos importados
para restabelecer a competitiva dos nacionais, medida que teria
favorecido a Braskem. O episódio conhecido como ‘Guerra dos Portos’ pode
ter rendido R$ 5 milhões aos três parlamentares. As propinas “tiveram
origem em contas sediadas em paraísos fiscais, de modo que, no caso dos
autos, transitaram pela ‘conta botox’, vinculada a Adolpho Mello, dono
do Trendbank”, afirma a Procuradoria. No pedido apresentado a Fachin, a
PGR diz que R$ 3 milhões foram pagos a Jucá em três parcelas de R$ 1
milhão nos dias 17 e 24 de maio e 20 de junho de 2012. Renan, por sua
vez, recebeu R$ 1 milhão no dia 31 de maio daquele ano. Gim Argello
teria sido contemplado com outro R$1 milhão, valor repassado em 10 de
maio do mesmo ano. A investigação indica que o dinheiro foi entregue a
intermediários – inclusive doleiros – dos políticos, que foram os alvos
da Operação Armistício, deflagrada nesta quinta, 8, em São Paulo, Santos
e Campo Limpo Paulista. A acusação é baseada em delações premiadas de
executivos da Odebrecht e informações coletadas nos sistemas de propinas
Mywebday e Drousys da empreiteira. A Procuradoria sustenta que além de
Adolpho Mello, a conta também era operada por Ascendino Madureira Garcia
e Rosângela Benetton, do Trandbank. Os três, diz a PGR, mantinha
contatos com funcionários e executivos da empreiteira. Ao autorizar a
deflagração da Operação Armistício, Fachin assinalou. “O conjunto de
informações trazido à tona revela um quadro de singular gravidade, com o
envolvimento de autoridades de Estado que estariam, em tese, associadas
a delitos de operação sofisticada, como os de lavagem de dinheiro e de
corrupção ativa e passiva”.
Estadão Conteúdo
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