Além da febre amarela,
que chegou de mansinho, temos a febre ideológica cuja origem é o PT e
devasta a juventude universitário há muito tempo. Artigo de Bolívar
Lamounier, publicado na Istoé:
A febre amarela
chegou como uma novidade temível, potencialmente devastadora. É coisa
recente. Muito antes dela, uma outra, menos visível e sem impacto
imediato, já se instalara confortavelmente, de norte a sul do País.
Refiro-me ao ideologismo idiota que grassa em toda a área educacional. O
vigor com que ele emergiu após a confirmação da condenação de Lula pelo
TRF-4 é facilmente perceptível.
O ponto de
aglutinação da febre ideológica é o PT, que a irradia para o restante da
sociedade, valendo-se principalmente da juventude universitária como
veículo transmissor. Essa se entregou de corpo e alma à arenga de que
“eleição sem Lula é fraude”, como se o Brasil fosse uma monarquia
absoluta e Lula fosse dom Luiz Inácio I, o Inimputável.
Há quem acredite que
essa antiga febre se agigantou graças a um esforço de inculcação
deliberado e sistemático levado a cabo pelo PT. Partindo praticamente de
zero, o PT teria operado esse famigerado milagre. Nisso eu discordo. O
PT e os partidos de esquerda não teriam alcançado um “sucesso” tão
estrondoso se não existissem certas condições favoráveis no meio
estudantil ao qual se destina. Certa predisposição, digamos assim. E a
que se deve tal predisposição?
Primeiro, à
gratuidade do ensino para as camadas altas da sociedade. Permitam-me
repetir pela enésima vez que, para as camadas de menor renda, eu apoio
não só a gratuidade, mas crédito educativo a ser ressarcido anos depois e
mesmo bolsas, sem necessidade de pagamento posterior por parte dos
recipiendários. Mas gratuidade para as famílias ricas, cujos filhos
estão sempre entre os mais ideológicos, é o fim da picada. De um pulinho
anual à Europa essas famílias não abrem mão, mas pagar pela educação
superior dos filhos, nem pensar. Deixo a dica: no texto intitulado
Crítica ao Programa de Gotha, de 1875, uma violenta crítica ao programa
do Partido Operário alemão, Marx refere-se textualmente à gratuidade
existente em alguns dos estados americanos: “o fato de que em alguns
Estados desse país os centros de ensino superior sejam ‘gratuitos’
significa tão somente, na realidade, que ali as classes altas pagam suas
despesas de educação às custas do fundo de impostos gerais”. Bons
tempos aqueles em que, pelo menos Marx, os ideólogos de esquerda liam.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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