Globalismo é um conceito
político-ideológico, enquanto globalização é um conceito econômico. Não
se trata de sinônimos, escreve José Pio Martins na Gazeta do Povo. Este
blogueiro acrescentaria: globalização é um processo cego, objetivo, não
planejado e milenar; globalismo é ideologia, recente, e movida por
interesses de grandes grupos internacionais (não, nada a ver com
conspiração). Convém, de fato, distinguir:
A linguagem é um
recurso exclusivo do animal homem, pelo qual se dá a comunicação entre
os humanos usando um instrumento maravilhoso: a língua, suas palavras e
as normas de construção de pensamentos e raciocínios. As palavras e a
maneira de organizá-las seguem um código esquemático de significados e
funções. Assim, é conduta reprovável o desprezo pelo estudo da língua,
seus vocábulos, sua lógica, sua gramática e a miríade de possibilidades
que a linguagem nos proporciona.
Infelizmente, um país
em que um governante maior da nação quase se orgulha de falar errado e
demonstra que não se interessa pelo idioma nacional, sob o aplauso de
asseclas que acham isso charmoso, é um país culturalmente miserável, que
quase renuncia à exploração desse dom do ser humano: a linguagem. As
palavras têm significado e exprimem conceitos, que são a representação
mental de um objeto abstrato ou concreto para identificar, descrever e
classificar os diferentes elementos e aspectos da realidade do objeto.
O globalismo tenta fazer imposições iguais para todos os países sem considerar as diferenças entre os povos
Há duas palavras que,
embora completamente diferentes, vêm sendo usadas como se fossem
iguais, prestando-se a confusões dialéticas: globalização e globalismo.
As diferenças entre as duas são abissais, irreconciliáveis. Não dá para
usá-las como sinônimos nunca. Globalismo é um conceito político,
enquanto globalização é conceito econômico.
Em economia, há duas
teorias para explicar as vantagens do comércio entre as nações. Uma é
chamada de “vantagens absolutas”; a outra, de “vantagens relativas”.
Quanto a esta última, a questão é simples: cada país deve dedicar seus
recursos e seus esforços para produzir aquilo que faz melhor e mais
barato que os demais e, por meio das trocas, vender o excedente em
relação ao consumo interno e importar aquilo que outros países fazem com
mais eficiência.
A globalização
econômica é a abertura comercial dos países para exportar e importar
bens, serviços e tecnologias, e há fartas provas de que ela promoveu
melhorias no padrão de vida e ajudou a reduzir a pobreza. Um exemplo
interessante é o de uma simples camisa fabricada na Malásia, utilizando
máquinas feitas na Alemanha, algodão proveniente da Índia, forros de
colarinho do Brasil, tecido de Portugal, e vendida no varejo no Canadá e
outros países.
Globalização
econômica significa livre comércio e se trata de um arranjo que não
necessita da intervenção de governos e burocratas – aliás, funciona
muito melhor sem eles. Globalismo é outra coisa: é um arranjo que só
existe e funciona por causa de políticos e burocratas, é uma política
internacionalista pela qual organismos mundiais e seus burocratas querem
controlar o mundo e interferir na vida das populações por meio de
decisões e resoluções autoritárias, em assuntos como imigração, racismo,
descriminalização de drogas, educação, ideologia de gênero, aborto,
maioridade penal e por aí vai.
O globalismo, ao
tentar fazer imposições iguais para todos os países sem considerar as
diferenças entre os povos, enfraquece o Estado-nação e a soberania
interna, e significa a centralização do poder político em escala
mundial. Para julgar e adotar posição individual a respeito de qualquer
coisa, especialmente sobre temas complexos, a pessoa deve conhecer o
significado das palavras, estudar o conteúdo e os efeitos dos
instrumentos que delas derivam, para aí, sim, conforme sua crença,
assumir a defesa desta ou daquela proposição. Sem isso, o debate fica
empobrecido. Infelizmente no Brasil, essa é a norma.
José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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