Carlos Zarattini, o petista inimigo do Uber. |
É impressionante a capacidade do poder público brasileiro de jogar contra o interesse da sociedade, escreve Percival Puggina. Vide a investida contra o Uber e outros aplicativos:
No mesmo dia em que o
Senado Federal, por um triz, não acabou com os aplicativos de celular
para o transporte privado de passageiros, o Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) divulgou estudo que os qualifica como benéficos
ao consumidor por aumentarem a concorrência e possibilitarem a redução
de falhas que ocorriam no mercado. Por isso, acrescenta o Cade,
"regulamentações muito restritivas podem impactar negativamente o
setor".
É impressionante a
capacidade do poder público brasileiro de jogar contra o interesse da
sociedade! Os aplicativos criaram um vasto mercado consumidor, que, em
grande parte, não era usuário de taxis. Esse novo mercado abriu
oportunidades de trabalho, com a autonomia própria das atividades
privadas, servindo como renda ou complementação de renda para milhares
de operadores do modelo. Por outro lado, revolucionaram o transporte
urbano, assegurando aos usuários o prévio conhecimento do preço, a
possibilidade de avaliar o atendimento recebido, a estimativa do tempo
de chegada do transporte e do tempo de rodagem até o destino, o débito
automático em cartão de crédito, e um padrão de cortesia que modificou
para melhor o atendimento prestado pelos taxistas lá no outro nicho do
mercado de transporte urbano.
Estes últimos vinham,
de longa data, abusando de uma reserva tutelada pelo poder público, que
acabou transformando a licença para operar em uma forma de patrimônio
com elevado valor comercial, dado ser a oferta inferior à demanda. Nas
horas de maior solicitação, o taxi se tornava um serviço indisponível.
No estudo preliminar
que divulgou, o Cade constata algo que os liberais sempre souberam:
havendo competição, as falhas se corrigem sem necessidade de regulação.
Em viés oposto, quando o governo começa a regulamentar, os preços tomam o
elevador para cima e a qualidade desce rapidamente para o nível do
chão.
Chega a ser irritante
saber que os representantes do povo brasileiro na Câmara dos Deputados
aprovaram e enviaram ao Senado um projeto que, na prática, tornaria
irreconhecível um serviço ao qual a população dera tão efusivas
boas-vindas.
É a velha compulsão
para o retrocesso, que nos empurra do "Espírito das Leis" para as
assombrações legislativas, sempre pronta a criar espantalhos, a
complicar o que pode ser simples, a onerar o que pode custar barato e,
de quebra, taxar, tributar, multar, controlar, autorizar ou não, liberar
ou não, conferindo importância à burocracia às custas da criatividade e
do trabalho alheio. A sociedade dispensa esse tipo de zelo
intrometido, abelhudo, do poder público.
Com as emendas aprovadas no Senado, o projeto volta para a Câmara. Esperemos que seja a câmara mortuária do arquivo.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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