Em artigo publicado no
Globo, o economista Paulo Guedes critica o dirigismo praticado tanto
pela "direita" quando pela "esquerda". O dirigismo, segundo ele,
"promove uma perversa associação entre poder econômico e poder político,
com menos crescimento e mais corrupção":
A“direita” brasileira
afundou com a redemocratização, por estar associada ao autoritarismo
político e à insensibilidade social do regime militar. A “esquerda”
brasileira afunda agora com a morte da Velha Política, por estar
associada à roubalheira e ao colapso do crescimento econômico na
decrépita Nova República. A “direita” hegemônica governou por duas
décadas, e a “esquerda” hegemônica por três, ambas com um modelo
econômico dirigista, desastroso para o desenvolvimento social e político
do país.
O histórico de
desaceleração do crescimento e do aumento da corrupção sistêmica é uma
incontornável condenação desse dirigismo, que transformou o capitalismo
de Estado do regime militar em um capitalismo de quadrilha
social-democrata. O dirigismo promove sempre uma perversa associação
entre o poder econômico e o poder político. No passado distante, em uma
reunião de financistas com o então candidato às eleições presidenciais,
que foi depois vitorioso, tive a oportunidade de lhe explicar por que o
banco de investimentos do qual eu era sócio e fundador não contribuiria
financeiramente para campanhas políticas: por acreditarmos que o
dinheiro privado e servidores públicos devem manter a maior distância
possível, no melhor interesse da sociedade. As contribuições aos
partidos políticos devem ser pessoais, voluntárias e limitadas,
dificultando a influência indevida do poder econômico.
O governo tem o poder
de permitir ou negar fusões entre grandes bancos, cervejarias e até
mesmo universidades. Pode permitir maior ou menor grau de concentração
de poder econômico em cada setor. Pode decidir quem serão os “campeões
nacionais” nos diversos segmentos industriais, privilegiando grandes
empresas com créditos subsidiados de longo prazo, enquanto as pequenas e
médias são esmagadas pelo excesso de impostos, encargos trabalhistas e
juros astronômicos, em meio à implacável guerra competitiva da
globalização. Se o poder econômico encomenda legislação favorável e
compra favorecimento econômico em troca de financiamento político há 30
anos, como revela Emílio Odebrecht à luz da Lava-Jato, são orgânicos e
inextricáveis o tráfico de influência, o desvio de recursos públicos, a
deformação da economia e a desmoralização da classe política.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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