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segunda-feira, 29 de maio de 2017

"A elite política não quer o impeachment", diz especialista


O mais simbólico deles é o da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que teve papel fundamental na saída do ex-presidente Fernando Collor nos anos 90

por
Henrique Brinco
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
A crise política envolvendo o governo do presidente Michel Temer (PMDB) se torna cada vez mais insustentável. Somente na última semana, foram protocolados cerca de 15 pedidos de impeachment na Câmara dos Deputados. O mais simbólico deles é o da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que teve papel fundamental na saída do ex-presidente Fernando Collor nos anos 90.
Entretanto, para o cientista político Joviniano Neto, também professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), as elites não estão muito interessadas em instalar um novo processo um ano depois da queda de Dilma Rousseff (PT). Para ele, mesmo com a possibilidade de paralisar e trazer consequências imprevisíveis para o país, o processo pode se impor caso uma solução não seja encontrada logo.
“O processo do impeachment é uma das três soluções pensadas para a saída da crise, que é por sinal a mais longa e mais custosa da história. A primeira solução seria a renúncia de Temer, que ele recusa alegando que seria confissão. A outra, na qual está se investindo muito, é a cassação da chapa Dilma-Temer. O impeachment é a terceira possibilidade que as elites não estão muito interessadas em fazer porque demora alguns meses. Mas ele pode terminar se impondo”, disse.
O professor vê com ceticismo as iniciativas de se fazer uma emenda constitucional neste momento que que sejam feitas eleições diretas. “Nós temos um país em que a Constituição de 88 já sofreu dezenas de emendas constitucionais. É até irônico: você está dizendo que não pode fazer uma PEC mudando a Constituição, para uma eleição direta apoiada pela maioria da população, mas está lutando para aprovar outra, que é a Reforma da Previdência rejeitada”, critica.
Joviniano não acredita que uma nova constituinte somente seja a solução, já que ela só se faz necessária quando há um nova era se implanta: “Há a possibilidade de ter mais do mesmo”. Para ele, Temer chegou ao poder conseguindo reunir em volta dele a oposição, sobretudo o DEM e PSDB, e o amplo do empresariado:
“A base de apoio dele estava o apoiando enquanto ele conseguisse fazer as reformas de interesse do mercado. Só empresariado e o mercado já perceberam que a situação dele é muito difícil”.
O cientista político acredita que a classe política tenta encontrar uma solução tirar o presidente da República e manter a política econômica.

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