Por Tamirys Machado
Uma das testemunhas do processo que pode levar a cassação do mandato do
deputado federal (PV) por conta de “abuso de poder econômico” declarou
em juízo que foi comprada pelo atual vereador e suplente na Câmara
Federal, Joceval Rodrigues (PPS). Conforme a escritura pública
declaratória feita no dia 18 de janeiro, no cartório da comarca de
Teixeira de Freitas, a testemunha Jocimara Salgado declarou que foi
procurada, para que ajudasse o vereador, que havia ficado suplente ao
cargo de deputado federal, logo após as eleições de 2014.
No depoimento ela disse que recebeu quantias em dinheiro e uma promessa
de cargo no gabinete de Joceval, caso ele conseguisse a vaga em
Brasília. A declarante afirmou que em todos os testemunhos dando durante
o processo foi orientada em várias reuniões pelos advogados de Joceval
para prejudicar Lucas Bocão (PV), vice-prefeito de Teixeira de Freitas e
o deputado Uldurico Júnior.
O julgamento do caso, que já corre na justiça há dois anos, será nesta segunda-feira (30) no Tribunal Regional Eleitoral.
Procurado pelo Bocão News, o vereador reeleito,
Joceval Rodrigues negou que tenha comprado testemunha e disse que a
assessoria jurídica já tomou ciência do assunto. “Minha assessoria
jurídica já tomou ciência disso, como várias tentativas de postergar e
dar outro rumo ao processo [..]É uma pena, uma declaração dessas é muito
grave. Duas testemunhas favoráveis a ele foram presas, saíram
algemadas. Não quero fazer nenhum tipo de comentário sobre isso.
Estranho essa declaração sair hoje sendo que é amanha o julgamento. O
processo é amanhã, todo período de ouvir testemunha acabou. Eles
[advogados de Uldurico] fizeram uma petição pedindo para adiar o
processo dizendo que os advogados não poderiam ir, depois alegaram que
não havia sido divulgado a ata, agora é a terceira tentativa”, disse o
vereador.
Joceval afirmou ainda que Jocimara Salgado não é testemunha dele. “Ela
não é minha testemunha, ela foi até o Ministério Público e denunciou
tudo que nós estávamos falando no processo, então anexamos declarações
dela denunciando Uldurico de até mesmo não ter pago a ela quando
trabalhou na rádio, e por isso o juiz a convidou para testemunhar nesse
caso”, explicou.
Questionado se já teve contato com a declarante, ele disse que não. “Zero. Só nas audiências na presença do juiz”.
Sobre o que espera do processo, o edil afirmou que está tranquilo. “Eu
tenho o mandato de vereador, estou extremante tranquilo, espero que a
justiça seja feita. Confio na justiça baiana e espero que essas manobras
de postergar o processo não sejam mais um motivo para que a verdade não
seja colocada a tona”.
Ao Bocão News, o deputado federal Uldurico afirmou
que tomou conhecimento neste domingo do assunto e vai entrar com uma
queixa crime contra Joceval. “Ele está tentando ganhar o mandato no
tapetão. Comprar uma testemunha é um crime e ele tem que pagar”. O
parlamentar disse que não tem contato com a testemunha, mas a conhecia
“quando era funcionária da rádio que eu trabalhava [em Teixeira de
Freitas ], depois que saiu nunca mais a encontrei”.
Caso
O deputado federal Uldurico Junior (PTC) responde na justiça eleitoral
por abuso de poder econômico. Segundo o processo, nas eleições, Uldurico
teria usado as rádios da família para promover campanha. Ação julgada
em 2014 deixou inelegíveis os candidatos a prefeito e vice de Porto
Seguro, Lúcio Caires Pinto e Leandro Moreira Silva, respectivamente,
além do radialista José Ubaldino Alves Pinto Júnior, irmão do candidato a
prefeito. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) acolheu pronunciamento da
Procuradoria Regional Eleitoral (PRE), condenando os três por abuso de
meios de comunicação e poder econômico.
Com informações do repórter Alexandre Galvão
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