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Helio Brambilla
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Mal
iniciamos o ano de 2017, fomos impactados pelas notícias das chacinas intramuros
nos presídios dos estados do Amazonas e de Roraima. A propósito, a mídia não
cessa um só instante de tratar do assunto sob vários prismas e pretextos do
estado calamitoso de nosso sistema carcerário herdado dos governos de Lula da
Silva e Dilma Rousseff, e, mais remotamente, da Constituinte de 1988, enquanto
uma propaganda dos Postos de Serviço Ipiranga encontramos respostas e soluções
para tudo.
Pois
bem, não na propaganda, mas na vida real, o agronegócio, este sim, tem solução
para tudo... até para as rebeliões. É sério! Senão vejamos. Na Constituinte de
1934 em que havia uma bancada católica autêntica (não da Teologia da Libertação)
unida em torno da Liga Eleitoral Católica – LEC que elegeu, de norte a sul do
Brasil, notáveis líderes católicos que muito atuaram à busca de soluções
verdadeiras para o País não apenas naquela quadra histórica, mas para décadas
futuras.
Por São
Paulo foi eleito Plinio Corrêa de Oliveira, o mais jovem e o mais votado, Obteve
mais do dobro dos votos do segundo colocado. Por Pernambuco foi eleito o grande
jurista Barreto Campelo, também dos mais votados naquele Estado. Faziam
dobradinha. Enquanto o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, do qual me honro em ser
discípulo, consagrara grande esforço em prol da classe rural, o pernambucano, do
qual sou particular amigo de um de seus filhos – o Prof. Jorge Eduardo – que me
presenteou há pouco com um livro sobre os principais estudos e artigos de seu
avô.
Com
efeito, naquela Constituinte, ele defendeu a construção de presídios agrícolas
onde os detentos trabalhassem em agrovilas produzindo o que cada um tivesse mais
aptidão: 1– plantação e criação de animais; 2 – pedreiros, carpinteiros, etc.
Num terreno isolado, viveriam com suas famílias, assistidos por um capelão
coadjuvado por freiras que dessem assistência religiosa e outros cuidados,
inclusive hospitalar. Infelizmente, a iniciativa não foi incluída no então
Projeto de Constituição.
Não
obstante, o Estado de Pernambuco fez uma experiência-piloto dessa penitenciária
agrícola na ilha de Itamaracá, berço do plantio de cana-de-açúcar no Brasil, com
muito sucesso. Por sinal, leva o nome de seu ilustre idealizador: Penitenciária
Agrícola Barreto Campelo. Embora não tenha constado na Carta Magna de 1934,
vários estados da federação acolheram a ideia e a concretizaram tanto nas suas
penitenciárias agrícolas quanto industriais.
Já que
perguntar não ofende, não haveria interesses escusos por trás dessa situação
carcerária sub-humana, quase animalesca para não dizer infernal? Por que o PT,
nos seus 13 anos de governo roubou e permitiu que se roubasse bilhões de reais,
não fez nada para resolver o problema das penitenciárias? O Coronel Jairo Paes
de Lira, renomado oficial da polícia militar paulista e ex-deputado federal
costuma afirmar com a ênfase que lhe é própria de que “não existe crime
organizado, o que existe é Estado desorganizado”.
Isto
posto, vamos ao nosso balanço de safra.
Em
1941, Stefen Zweig escreveu um livro que se tornou conhecido: Brasil, país
do futuro. Nele, o escritor austríaco, então residente em Petrópolis,
salientou com altivez as potencialidades nacionais que credenciariam o Brasil a
se tornar o país do futuro. Quase 80 anos depois, podemos afirmar que o Brasil
deixou o seu berço esplêndido de bebê para dar mostras de ser o país do
presente.
É
verdade que atravessamos uma série de dificuldades em razão de nosso inveterado
otimismo, além da infidelidade vergonhosa de certas cúpulas nos mais variados
campos da sociedade. Os líderes religiosos, por exemplo, em boa medida, aderiram
à risca a doutrina e a prática da Teologia da Libertação, denunciada com
precisão por Julio Loredo de Izcue no seu recente estudo Teologia da
Libertação: um salva-vidas de chumbo para os pobres.
Desde
1943 o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira vinha denunciando a trama progressista e
cavorteira que se infiltrava nos meios católicos com a finalidade de subverter a
Igreja e colocá-la a serviço do marxismo. Quanta perseguição sofreu ele, pelo
fato de ter denunciado esta realidade que culminou com o Concílio Vaticano II.
Entretanto, o próprio Jesus Cristo ensinou no Evangelho: “Não temais aqueles
que queimam os corpos e sim aqueles que matam as almas pelo
escândalo”.
Nesse
sentido, o Concílio Vaticano II constituiu uma tragédia colossal para as almas
como afirmam muitos historiadores. Pior que o Concílio foi o “espírito” do
Concílio, em nome do qual se cometeram tantas aberrações. De fato, se
analisarmos a história da Europa, havia duas linhas paralelas, como trilhos de
ferrovia, ou seja, uma a sociedade temporal e a outra, a sociedade religiosa
trabalhando pela comunistização do mundo. No Brasil, o poder religioso se uniu
ao temporal, e, como num monotrilho, a locomotiva era movida pela soma dessas à
busca da esquerdização.
A
primeira investida dessa ação conjunta no campo temporal foi contra o direito de
propriedade rural através da Reforma Agrária. Já na década de 1950, uma ala
radical do episcopado encabeçada pelo então “arcebispo vermelho”, o
propagandeado Dom Helder Câmara, defendia a intervenção do Estado para
desapropriar ou até expropriar terras de seus legítimos proprietários a fim de
distribuí-las demagogicamente aos oprimidos e marginalizados no meio rural
brasileiros.
A
versão nacional dessa esquerda dita católica, juntamente com os seus lacaios no
meio político começaram pelo Estado de São Paulo com a “Revisão Agrária” no
governo de Carvalho Pinto [1958-1963]. Contra tal iniciativa se insurgiu o Prof.
Plinio Corrêa de Oliveira, juntamente com dois bispos e um economista, ao lançar
com o apoio da TFP que acabava de surgir o livro-bomba que fez história:
Reforma Agrária: Questão de Consciência.
Mais
tarde, João Goulart encampou a ideia de Reforma Agrária em âmbito nacional, mas
a reação contra ele foi tal que os militares intervieram para que não houvesse
um “banho de sangue”, pois os ânimos estavam animados. Longe de abandonar a
ideia de Reforma Agrária, elementos desta mesma esquerda, infiltrados no Regime
Militar, produziram o Estatuto da Terra [30 de novembro de 1964]. No dia 24
de dezembro, após
a sua promulgação, a TFP consignou para História a sua consternação.
O
manifesto deixou claro que “com o apoio das bancadas janguistas, os
representantes das correntes que depuseram Jango fizeram, através da aprovação
da emenda constitucional e do Estatuto da Terra, a ‘reforma’ que Jango
queria”. Por
razões que não vêm ao caso relatar aqui, devido aos erros cometidos pelos
militares, notadamente Geisel e Figueiredo, surgiu um clima para a volta da
esquerda – sempre de plantão – e criou-se um clima, a pretexto de combater a
ditadura, para a formação do PT.
Os
fundadores históricos do PT são unânimes em afirmar que o partido foi engendrado
em grande parte pela esquerda católica. Tanto é verdade que escolheram local
simbólico para a fundação do partido [10/2/1980], ou seja, no colégio Nossa
Senhora do Sion, a menos de 100 metros da Sede da Arquidiocese de São Paulo. A
partir daí, o PT passou a ser a corrente política mais bem financiada por certa
burguesia, além de ser a mais cortejada pela grande mídia, representada pelo
grande capital.
Quantos
proprietários rurais morreram de desgosto, vitimados por enfartes e acidentes
vasculares em razão de invasões de suas terras pelo MST, braço subversivo do PT?
Ou ainda fuzilados por hordas de guerrilheiros do MST que dilapidaram
propriedades adquiridas pelo suor ao longo de gerações? Quantas “minorias
oprimidas” de indígenas, quilombolas, sem-teto foram manipuladas pelos seus
‘companheiros’?
Ao se
apoderarem de Brasília, não foi o PT a montar a maior máquina de aparelhamento
do Estado, poucas vezes vista na história? E o saque à nação brasileira, talvez
maior que o de qualquer tirano da história? As “caixas-pretas” continuam a ser
abertas. Já nos horrorizamos com o que vimos, mas julgo que ainda nos
estarreceremos ainda com o que virá.
Nos
contatos assíduos com lideranças Brasil afora costumo, com muita frequência,
ouvir uma pergunta muito ajuizada: ‘O que dizer de elementos-chave da Igreja
católica e de outros líderes da sociedade civil diante desses verdadeiros
assombros que eles criaram e que dilapidaram a nação? Afinal, quem perdeu com
isso tudo? – A nação brasileira, obviamente, mas os estragos nas fileiras da
Igreja Católica só serão mensurados no Juízo Final, tal a decepção, a descrença,
a desconfiança naquilo que era o cerne da fé cristã. A confiança das ovelhas no
pastor!
Os
historiadores do futuro dirão que o Brasil sem ter passado por guerras que
assolaram a Europa, passou por uma refrega sob certos aspectos piores, pois foi
palco der uma guerra psicológica revolucionária sem precedentes, a fim de
arrancar dos brasileiros o seu modo de ser, o seu modo de pensar e o seu modo de
agir. País acolhedor de todas as etnias do planeta, a todos absorvendo com seus
bons tratos, o Brasil resistiu a essa investida revolucionária, se bem tenha
ficado com sérias feridas. Se está de pé foi porque a fibra do brasileiro o
sustentou.
Mas que
sustentáculo foi este durante a tempestade? O sentimento de brasilidade
manifestado recentemente nas ruas foi muito bem expresso nos brados: “Nossa
bandeira jamais será vermelha”, “queremos o nosso Brasil de volta”, entre
outros. Ao lado dessa fibra, como a âncora que segura o navio, esteve o
agronegócio, apesar de todas políticas amalucadas de controle de preços,
invasões de propriedades, cargas tributárias, juros extorsivos, pressão
ambientalista, além de estrutura de escoamento em péssimas condições.
Os
agropecuaristas souberam desafiar os agressores ora promovendo marchas em
Brasília com seus tratores e caminhões, ora ao participar ativamente das
manifestações patrióticas por todo o Brasil, que culminaram por atirar a
bandeira vermelha por terra. Enquanto o teatro das operações se desenrolava em
Brasília e, certamente, nas sacristias das igrejas ditas progressistas, o
agropecuarista plantava a sua semente, cuidava dos seus rebanhos gerando
recordes de produção.
Em
2016, o ciclo de recordes infelizmente foi interrompido, é verdade. Às razões
políticas se somaram as climáticas. Produzimos um pouco menos do que a safra
2014/2015. Mas, apesar disso, atingimos 186 milhões de toneladas de grãos e as
condições da safra para este ano estão colocadas para uma produção recorde de
213 milhões de toneladas.
O ano
se encerra com o agronegócio exportando US$ 85 bilhões e com superávit de US$
71,307 bilhões, fazendo com que o saldo geral da balança comercial fosse de US$
47,7 bilhões, o maior em 27 anos. (Globo, 03/01/2017)
Alguém poderia objetar que o agronegócio representa apenas 23% a 25% do PIB, ao
que os analistas responderiam considerando os valores “dentro da porteira” e
“fora da porteira”, ou seja, o Valor Bruto da Produção – VBP.
As
propriedades agropecuárias geraram no ano passado em torno de 600 bilhões de
reais. Este valor não foi fruto de transformação, mas de criação, pois esses
bens não existiam. Eles surgiram da terra pela semeadura, pelas crias da vacas,
das ovelhas, dos caprinos, dos suínos e foram transformados em mercadorias
vendidas no mercado interno e externo. Os produtores pagaram bilhões de reais
aos seus funcionários, que juntamente com eles, compraram eletrodomésticos,
veículos, vestimentas, máquinas agrícolas, etc.
Numa
segunda etapa esses produtos foram transformados: da soja em óleo e ração; do
boi em carne e os subprodutos (o pecuarista costuma dizer que do boi só não se
aproveita o berro. Nesta segunda transformação o valor agregado supera 800
bilhões de reais que novamente entra no circuito dos negócios para movimentar a
economia.
Numa
terceira fase, impossível de mensurar como por exemplo, a indústria de
cosméticos que são aplicados no embelezamento feminino. O leite, os espessantes,
suco da fruta e o açúcar geram o sorvete. Do etanol as indústrias químicas já
conseguem tirar mais de 100 produtos, por exemplo o “plástico verde”
biodegradável. Enfim, é grande a quantidade de subprodutos gerados no campo.
Só nos
dois primeiros estágios são produzidos mais de 30 milhões de empregos. Isso tudo
numa imensa dinâmica que produz alimentação saudável, barata e farta para os
nossos 210 milhões de brasileiros e mais 1 bilhão de habitantes no mundo
inteiro. A ousadia dos nossos produtores não tem limites: querem alimentar 2
bilhões de pessoas no mundo até o ano de 2025. Atenção ecologistas! E saber que
utilizamos tão-só 8% do território nacional para a produção de grãos e mais 16%
para a agropecuária...
Se o
Brasil continuar a ser passado a limpo, podemos considerar que o futuro já
chegou, ou está chegando. Para isso, julgo que as punições aos culpados pela
atual situação do País devam ser exemplares, pois até agora foram poucos
políticos encarcerados em proporção com o número de empresários.
Ives
Gandra mostrou em artigo [nov./16] que os crimes investigados têm mais o perfil
de “concussão”, que é a imposição pelos governantes de condições para que
empresas contratassem o Estado – sem o que teriam que paralisar suas atividades
– do que “corrupção”, em que empresários corrompem as autoridades. Ou seja, mais
culpados que os corruptos são os corruptores, então cadeia
neles!
Chama a
atenção que a própria ministra Carmen Lúcia, no seu discurso de posse na
presidência do STF, transcrito pelo jornal O Globo em [13/09/16],
reconheceu que a Justiça não atende às expectativas da população e mais que uma
reforma, é necessária uma transformação. O que pensar disso? Que Deus e a Virgem
Aparecida, padroeira desse imenso e abençoado Brasil, no aniversário dos 300
anos de sua milagrosa aparição nas águas do Paraíba nos ajude a enfrentar os
desafios presentes.
(
* ) Helio Brambilla é jornalista e colaborador da ABIM
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domingo, 29 de janeiro de 2017
Brasil, país do futuro?
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