Na foto, o lugar adequado para os petistas. |
Graças ao PT, o Custo Brasil, sempre citado pelos economistas,
alcança agora as páginas policiais. Passar o Brasil a limpo é erradicar o
lulopetismo. A propósito, segue editorial do Estadão:
Custo Brasil virou assunto de polícia. Graças à bandalheira do PT, o
sentido dessa expressão foi enriquecido. Deixou de pertencer apenas ao
jargão econômico e passou a integrar também o vocabulário criminal.
Durante muito tempo, custo Brasil foi a denominação de uma porção de
entraves enfrentados pelos brasileiros quando competem no mercado
internacional. Tributação irracional, ineficiência logística, mau
preparo da mão de obra, burocracia excessiva, capital muito caro e
insegurança jurídica são alguns desses entraves. Governos incompetentes,
aparelhamento e loteamento de cargos e um tsunami de corrupção
agravaram esses problemas.
Parte dos estragos foi exposta pela Operação Lava Jato. Cada etapa
teve um nome diferente. As ações iniciadas na manhã de quinta-feira pela
Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República foram, enfim,
batizadas como Operação Custo Brasil. Essa denominação teria sido
perfeita desde o começo das investigações.
Bastariam os estragos causados à Petrobrás para mostrar o forte
vínculo entre loteamento, corrupção, ineficiência e custos. As denúncias
quase sempre deram destaque à relação entre propinas e contratos.
Perdas de bilhões foram reconhecidas em demonstrações financeiras. Mas
os danos efetivos foram muito além do dinheiro desviado.
Os aumentos de custos com certeza superaram os desvios comprovados
nas investigações policiais. Atrasos em obras, assim como seleção de
fornecedores sem critérios econômicos, implicam elevação de custos e
redução de produtividade.
O enfraquecimento financeiro resultou em maior dificuldade de financiamento e em diminuição do ritmo de investimentos.
Falta calcular e explicitar boa parte desses prejuízos, assim como
falta uma devassa completa, por exemplo, dos atrasos de obras e da
elevação de custos da Refinaria Abreu e Lima. Nem sempre é possível
separar com clareza os danos causados por decisões meramente erradas e
aqueles produzidos pela corrupção, mas o parentesco dos dois problemas é
inegável no caso da Petrobrás.
É inegável, também, o parentesco entre loteamento, aparelhamento,
corrupção e perda geral da produtividade do País. Para esclarecer esse
ponto, vale a pena um pequeno lembrete. O crescimento econômico depende,
a longo prazo, da taxa de investimento e da eficiência produtiva de
cada real investido. Esses dois fatores, no Brasil, são muito
insatisfatórios e com certeza pioraram nos últimos anos.
O mais comentado é a taxa de investimento fixo, indicada pela relação
entre os recursos aplicados em capital fixo (máquinas, equipamentos e
construções) e o Produto Interno Bruto (PIB). Essa relação tem oscilado
há muito tempo entre 17% e 20% do PIB. Em outros emergentes, mesmo na
América Latina, frequentemente supera 25%. Em alguns países da Ásia fica
acima de 30%.
Muito menos comentada é a questão da produtividade do investimento.
Se obras demoram muito além do normal, como é frequente no Brasil, e se a
sua qualidade é deficiente, cada real investido se torna muito menos
produtivo do que poderia ser. Políticas protecionistas, elevando os
preços de máquinas, equipamentos e insumos diversos, produzem dano
semelhante.
Em suma, no Brasil investe-se pouco e com muito desperdício de
recursos – e parte dessa lambança é explicável pela baixa qualidade da
administração, aparelhada, loteada e vulnerável a todo tipo de
irregularidade. A Operação Lava Jato, apesar de sua extensão e das
muitas condenações, mostra só uma parte da bandalheira instalada no
País.
O custo Brasil, velho pesadelo de empresários e assunto há muito
debatido por economistas, é muito mais que uma ampla coleção de
problemas técnicos.
Mesmo questões técnicas, como a tributação inadequada, podem ser
muito desafiadoras, por causa da oposição de interesses, por exemplo,
regionais. Mas o caso brasileiro é especial, porque o custo Brasil está
associado também à degradação política da gestão pública. Bem poderia,
por isso, ser também chamado custo PT.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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