Stédile, do MST: bolsista do Orçamento da União. |
Texto de Reinaldo Azevedo, publicado hoje na Folha:
O
PT merece ser banido da política não só em razão dos seus crimes, mas
também de sua determinação de não reconhecer a ordem que o instituiu. Há
algum tempo, escrevi nesta coluna que é a democracia que legitima o PT;
não é o PT que legitima a democracia, como parecem crer os
companheiros. Seus protagonistas são uns farsantes; seus intelectuais,
uns trapaceiros da teoria. E é fácil demonstrar.
Observem
como os petistas e seus ditos pensadores fazem questão de ignorar os
crimes cometidos pelo partido –inclusive o de responsabilidade, que traz
as digitais de Dilma Rousseff– para tratar, em vez disso, de uma
suposta luta que estaria sendo travada entre "conservadores e
progressistas", "entre direitistas e esquerdistas"; "entre coxinhas e
mortadelas".
De
súbito, as forças, então, que perderam quatro eleições seguidas para o
PT –fartamente financiado, por dentro e por fora, pela melhor e pela
pior elite econômica– teriam adquirido uma inteligência superior, que
oscila do maquiavélico ao macabro, e passa todas as horas do dia a
conspirar para desfechar o tal "golpe".
Com
que propósito? Bem, segundo, inclusive, alguns colunistas desta Folha, o
objetivo seria marginalizar os pobres, os oprimidos, os deserdados. Por
alguma razão que ainda não conseguiram explicar –e estou doido para
debater com um deles na TV Folha–, os marginalizados seriam
representados pelo partido que protagonizou o mensalão, o "aloprados 1 e
2" e o petrolão.
Queria
revisitar com eles as correntes do marxismo para saber em que momento o
crime comum, a safadeza e a roubalheira são capítulos da luta de
classes, a defunta senhora. Stalin era um assassino em massa; ladrão não
era. Quem chegou mais perto de teorizar a respeito foi Eric Hobsbawm em
"Rebeldes Primitivos" – que, por óbvio, não eram financiados por
empreiteiras nem se acoitavam nas dobras do Estado– esses são os
bandoleiros primitivos de agora.
Leio
o que escrevem um tanto constrangido. Como é que não se envergonham?
Faça você mesmo, leitor: digite na área de busca do Google, sem aspas e
sem vírgulas, as palavras "artistas, intelectuais, divulgam, manifesto,
pró-Dilma". Os motivos para defender o voto na petista em 2014 são
rigorosamente os mesmos esgrimidos agora contra o impeachment. É sempre
Chapeuzinho Vermelho contra o Lobo Mau. O PT já havia recorrido a esse
expediente em 2010 e 2006.
Tanto
nos confrontos eleitorais como na batalha do impeachment, a vitória do
adversário significaria não um contratempo, mas um retrocesso, uma
derrota das forças do progresso e do desenvolvimento social, uma marcha
involutiva da história. Os que hoje deslegitimam a posse constitucional
de Michel Temer não hesitaram em deslegitimar as próprias urnas. Não é
que tenham aceitado o resultado; eles aceitaram a vitória.
João
Pedro Stédile e Guilherme Boulos, só para encerrar o texto com
caricaturas emblemáticas, prometiam não deixar Aécio Neves em paz caso o
tucano vencesse a eleição de 2014. Agora, prometem infernizar a vida de
Temer.
Os
petistas não aceitam mesmo é a democracia e o Estado de Direito, que,
por sua vez, continuarão a abrigar o PT porque é de sua natureza –até o
limite, claro!, em que o partido não busque solapá-los. E se isso
acontecer? Ora, recorreremos aos instrumentos que o regime oferece para
combater a subversão da ordem democrática.
O PT vai ter de aprender a respeitar a lei, que também tem marra.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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