Festa de medicina ocorre dia 4 de junho; boneca fazia propaganda de evento.
Organização da festa se retratou e diz que bonecas foram retiradas.
Boneca ficou exposta no restaurante universitário
da Ufac (Foto: Reprodução/Facebook)
O que serviria como uma forma de propaganda e publicidade para os
alunos de medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco, acabou se tornando uma dor de cabeça.da Ufac (Foto: Reprodução/Facebook)
Para divulgar a venda dos ingressos, os alunos resolveram exibir, no Restaurante Universitário, uma boneca inflável com roupas sensuais segurando um cartaz com o nome da festa "MEDcan party", que está marcada para 4 de junho.
A ideia foi levada na esportiva por alguns, mas, algumas mulheres se sentiram ofendidas com a imagem que, segundo elas, trata o corpo da mulher como objeto.
A organização do evento rebate as acusações e destaca que houve uma conversa com o grupo feminista da Ufac, onde esclareceu que em nenhum momento houve a intenção de denegrir a imagem da mulher ou reproduzir discursos machistas.
Além disso, afirmam que retiraram todas as bonecas de circulação e emitiram uma nota na fanpage do evento se retratando sobre o caso.
Defende ainda que a festa é temática e se baseia em filmes como American Pie e Projeto-X, onde há a presença da boneca inflável e a intenção era relacionar as duas coisas. A organização destacou também que, por serem do curso de medicina, jamais poderiam vulgarizar ou fazer qualquer menção à mulher como um objeto e por isso emitiram a nota.
Professora convoca roda de debates para discutir o tema
A polêmica foi tanta que a professora do curso de Psicologia, Magde Porto, convocou uma roda de debates para discutir o assunto na Ufac na próxima terça-feira (3) para que os apontamentos gerem um documento que deve ser entregue à reitoria da universidade. Madge possui mestrado em Saúde Coletiva e doutorado em Psicologia Clínica e Cultura, além de ser responsável por um projeto de extensão que aborda o abuso sexual dentro da universidade.
Em um grupo da Ufac no Facebook, alunos e professores postaram algumas opiniões. A professora, acompanhando toda a polêmica, resolveu apoiar o grupo feminista que cobrava um posicionamento oficial da reitoria. Segundo ela, a divulgação foi misógina, sexista e machista e propõe que um documento seja entregue à administração para que sejam tomadas providências.
"Não podemos aceitar esse tipo de opressão. Várias universidades no Brasil (USP, UnB, UFRRJ, entre outras) estão pensando formas de enfrentar esse tipo de violência no campus. Vamos pensar a nossa forma. Agredir mulheres, incitar a violência sexual não é brincadeira, é crime", destaca.
A professora afirma ainda que expor a mulher como um objeto é uma forma de abuso sexual e que muitas alunas são reprimidas dentro da universidade, seja por alunos e até professores. Por isso, conta que fez um chamamento para as alunas e mulheres que se sentiram ofendidas com a forma de publicidade usada pela organização da festa.
"As mulheres não possuem espaço para falar sobre isso, sobre os abusos que ocorrem dentro da universidade. Meu chamamento foi para todas que se sentiram ofendidas, pois expor as mulheres dessa forma invasiva é sim uma forma de abuso sexual e de expor as mulheres como objeto. Elas não têm espaço para discutir isso e essa intimidação faz as mulheres se afastarem da universidade. Isso não pode ocorrer de maneira nenhuma. É preciso resistir", finaliza.
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