Priscila Machado
A TARDEA redução pode levar a capital baiana a perder o posto de terceira cidade mais populosa do país para Brasília no próximo ano.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira, 28, no Diário Oficial da União, apontam que a diferença entre as duas capitais é de 6.257 habitantes, bem menor que a do ano passado, 50.555 pessoas. Se a tendência se mantiver, a capital federal ultrapassará Salvador, ocupando o terceiro lugar do ranking.
Com 2,9 milhões de habitantes, Salvador está atrás apenas do Rio de Janeiro, (que tem 6,4 milhões) e de São Paulo (11,9 milhões).
Segundo o coordenador de Disseminação de Informação do IBGE, Joilson Rodrigues, a cidade caminha para uma estagnação do processo de crescimento.
"Temos uma limitação geográfica para a expansão de residências. São 309 km² de área continental. Isso faz com que o custo da moradia e a qualidade de vida promovam municípios do entorno no momento da escolha".
Ele lembra que a situação é diferente da de Brasília, que tem uma área geográfica 18 vezes maior (6 mil km²), um receptivo melhor, do ponto de vista imobiliário e rendimento mais alto. A taxa de natalidade não influenciou no resultado, já que, conforme o coordenador aponta, é de 1,5 filho por mulher para as duas metrópoles.
Queda
"Nossa taxa de crescimento saiu de 3% ao ano, na década de 80, para 0,63% em 2015", diz Joilson. Em contrapartida, Camaçari tem a maior taxa anual de crescimento da região metropolitana, 1,96%. Em seguida vêm Dias D'Ávila, com 1,87%, e Lauro de Freitas, 1,82%, mesma taxa de Madre de Deus.
O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci-BA), Arthur Prado, observa que Lauro de Freitas cresceu muito. "Hoje você sai de Salvador e nem percebe que está entrando na RMS".
A maioria dos imóveis, no entanto, é de classe média-baixa, com exceção para alguns condomínios de alto luxo que, conforme explica, antes eram de veraneio e com o tempo se tornaram moradia. Ainda segundo ele, o processo de migração seria ainda maior se houvesse um transporte de massa para levar pessoas para Salvador. "A capital baiana já está completamente imprensada. O único vetor de crescimento é o norte".
Moradores de Salvador migram para a RMS
Se antes o blogueiro Ary Mesquita, 31, ficava preso no trânsito por uma hora ou mais para resolver problemas do dia a dia em Salvador, hoje, morando em Lauro de Freitas, ele consegue cumprir os mesmos afazeres em 30 minutos.Há 15 anos os pais de Ary se mudaram para Vilas do Atlântico e não se arrependeram da escolha, diz. “Meus pais vieram para cá com uma perspectiva de melhoras em relação à segurança e qualidade de vida. Mesmo trabalhando em Salvador, eles não se arrependem”, diz.
Para ele, que trabalha em Lauro de Freitas, é ainda mais tranquilo: “Consigo fazer compras com muito mais tranquilidade, por exemplo e, como aqui é um município desenvolvido, não sinto necessidade de ir a Salvador”.
A mesma fluidez é apontada pelo operário Adelmo Silva, 31, que trabalha numa fábrica de Camaçari: “Dá para fazer trajetos a pé de forma mais segura”.
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