MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Por falta de medicamento no AC, jovem tem quimioterapia adiada


Andreia Alves, de 22 anos, luta contra um câncer desde maio deste ano.
Sesacre diz que medicamento está dentro do prazo de entrega.

Caio Fulgêncio Do G1 AC
Andreia diz que esta é a primeira vez que falta o medicamento durante seu tratamento   (Foto: Andreia Alves/Arquivo pessoal )Andreia diz que esta é a primeira vez que falta o medicamento durante seu tratamento (Foto: Andreia Alves/Arquivo pessoal )
A acreana Andreia Alves, de 22 anos, de Rio Branco, teve a sessão de quimioterapia, marcada para a próxima segunda-feira (31), adiada devido à falta do medicamento ‘doxorrubicina’, fornecido gratuitamente pela rede pública estadual. Diagnosticada em maio deste ano, a jovem luta, deste então, contra o tipo de câncer conhecido como linfoma de células T.
De acordo com Andreia, sem o fornecimento, a família vai precisar comprar a medicação. No primeiro dia de todas as quimioterapias, ela precisa de duas ampolas, cada uma custando R$ 85. Ela diz que chegou a ser informada pelo Hospital do Câncer do Acre, onde faz tratamento, que não existe previsão para o retorno da distribuição.
“A falta de medicação é injusta. Uns até tem condições de comprar, mas e os que não têm? Esperam para morrer em casa? Muitas pessoas nem poderiam andar de ônibus por causa da imunidade e andam porque não têm condições. Não culpo o hospital, mas é uma questão de Estado e de fornecimento. Tenho grandes chances de me curar só com a quimioterapia e ainda falta o remédio?”, questiona.
Andreia afirma que não descarta a possibilidade de acionar a Justiça para pedir que o problema seja resolvido. “Se eu for entrar na Justiça, à procura desse remédio, será também pelas pessoas que estão no hospital e não sabem nem o que fazer. É uma opção que não está descartada, mas não estou pensando nisso agora. Até hoje, nunca foi preciso comprar, essa semana que faltou”, fala.
A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) informou que o medicamento está dentro do prazo de entrega, que deve ocorrer até o dia 15 de setembro.
‘Tenho certeza que vou me curar’, diz
Tudo começou com “pontadas” na coluna durante o treino na academia no dia 1º de março deste ano. No dia seguinte, Andreia tentou, mas não consegui nem movimentar os aparelhos. No período de almoço do trabalho em uma boutique, em casa, percebeu que não conseguia mais ficar ereta, por causa da dor. “Em uma das noites, eu me ajoelhava e pedia misericórdia de Deus. Achei que ia morrer”, lembra.
Vi que não valia a pena ficar chorando pelos cantos esperando meu câncer me matar"
Andreia Alves
Depois da primeira ida ao hospital para saber o motivo das dores, a jovem descobriu que as visitas precisariam ser constantes. “Passei quase dois meses para descobrirem o que eu tinha. Eu já não conseguia respirar sozinha. Tinham dias que eu pedia a Deus para morrer, porque não aguentava mais sentir tanta dor. Faltavam dois exames, o de lúpus e câncer. Foi assim que descobriram”, conta.
Apesar do primeiro impacto, Andreia diz que não se desesperou. A primeira pergunta feita ao médico, depois do diagnóstico, foi sobre a possibilidade de cura. Mesmo sendo proibida de trabalhar e, às vezes, até de sair de casa, ela tenta seguir com uma rotina normal. Para ela, quando existem fé e vontade de viver, nada é impossível.
“Não me considero doente e não tenho pena de mim, não preciso disso para viver. Tenho certeza que vou me curar. Faço o possível e impossível para estar sempre bem. Sigo minha vida como se não tivesse nada. Vi que não valia a pena ficar chorando pelos cantos esperando meu câncer me matar. Creio muito em Deus e que minha fé vai trazer minha cura”, acrescenta. Após adquirir o medicamento, a quimioterapia de Andreia deve ocorrer na terça-feira (1).
Entenda a doença
O linfoma é resultado de uma mutação em uma célula do sistema linfático, ligado à defesa do organismo. Essa célula passa a se multiplicar de maneira descontrolada, formando tumores. Isso pode acontecer nos diferentes tipos de células encontradas no sistema, principalmente nas células B e células T.
O linfoma de células T angioimunoblástico acomete primeiro os gânglios, pequenos órgãos espalhados pelo corpo que fazem parte do sistema linfático, produzindo anticorpos. Em seguida, pode atingir outras partes do organismo, como a medula óssea, o fígado, o intestino e a pele.
O principal tratamento disponível para esse tipo de linfoma nessa situação é a quimioterapia. A quimioterapia é um tratamento intensivo com compostos químicos que atacam os tumores, mas que causam efeitos colaterais em todo o corpo -- o mais conhecido é a queda de pelos e, por isso, pacientes de câncer muitas vezes raspam o cabelo.
Caso o organismo responda bem à quimioterapia, é feito um transplante autólogo de medula óssea, após a quimioterapia. Nesse processo, os médicos retiram e congelam células sadias da medula. Depois, à base de medicamentos, eliminam toda a medula presente no corpo para, em seguida, injetar novamente apenas as células sadias.
Apesar da luta contra o câncer, Andreia não perde o sorriso do rosto. Vi que não valia a pena ficar chorando pelos cantos, diz (Foto: Caio Fulgêncio/G1)Apesar da luta contra o câncer, Andreia não perde o sorriso no rosto. Vi que não valia a pena ficar chorando pelos cantos, diz (Foto: Caio Fulgêncio/G1)

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