A queda das ações chinesas, que abalou o mercado financeiro
global nas últimas duas semanas, pode ter efeito duradouro sobre a
economia mundial, caso a crise se prolongue. Segundo especialistas, se o
estouro da bolha acionária no país asiático acarretar a desaceleração
da segunda maior economia do planeta, países exportadores de bens
agrícolas e minerais, como o Brasil, serão os mais prejudicados. Apesar
da volatilidade dos últimos dias, os economistas dizem que ainda não
está claro se o tombo das ações de empresas chinesas foi apenas um
movimento de correção ou se representa uma tendência duradoura. Embora
tenha caído 37,4% desde meados de junho, o índice da Bolsa de Xangai
acumula valorização de 48,2% nos últimos 12 meses. Além disso, as
famílias chinesas aplicam cerca de 20% do patrimônio em instrumentos
financeiros, percentual considerado baixo em relação a outros países.
“Os efeitos da crise chinesa dependem de esclarecer se a queda no
mercado de ações é apenas um episódio ou significam que o ciclo de
crescimento induzido pelas exportações e pelos investimentos está
chegando ao fim. Isso a gente ainda não sabe”, afirma o vice-presidente
do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Júlio Miragaya. “Mesmo com a
queda nas exportações, a China pode continuar a crescer fortemente se
conseguir aumentar o consumo interno.” Segundo o professor de economia
André Nassif, da Universidade Federal Fluminense, o consumo das famílias
soma 35% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no
país) na China. No Brasil, o indicador está em torno de 65%. “Há
potencial para a economia chinesa ampliar o consumo interno. O desafio é
fazer a transição de um modelo exportador e apostar na economia
doméstica”, diz. POLÍTICA LIVRE
Wellton Máximo, Agência Brasil
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