Universidade enfrenta dificuldades para pagar as contas
Algumas unidades da Universidade Federal da
Bahia (Ufba) tiveram um corte de energia na manhã desta segunda-feira
(27). Ficaram sem luz os prédios da Reitoria, da Escola de Administração
e da Politécnica. O corte foi causado pela falta de pagamento, mas
segundo a assessoria da Coelba a energia da Politécnica já está sendo
religada e há uma negociação em andamento para normalização do serviço.
Procurada, a Ufba informou através de sua assessoria
que somente a Politécnica ficou sem energia, mas que ela deve ser
religada ainda hoje. Segundo a Ufba, o corte na Reitoria foi apenas
ameaçado, sem ser concretizado. A universidade admitiu que possuía
débito com a Coelba, mas informou que já negocia com a empresa e já
recebeu verbas para pagar hoje. A assessoria afirmou que quitou os dois
meses de contas atrasadas da universidade com a Coelba.
(Foto: Arquivo CORREIO)
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Houve
também falta de luz em alguns prédios de Ondina, como o Instituto de
Química, mas por um problema técnico que atingiu outros estabelecimentos
do bairro. Em dezembro do ano passado, também por falta de pagamento,
a luz foi cortada em residências universitárias da Ufba - no Largo da Vitória e no Canela.
A universidade enfrenta dificuldades para pagar as
contas, recebendo orçamentos com cortes do governo federal, conforme já
havia dito ao CORREIO o reitor João Carlos Salles.
Em entrevista, Salles afirmou que precisava eleger as contas que serão
pagas em cada mês, diante do repasse de menos de 40% da verba prevista à
instituição e de um déficit de R$ 25 milhões referentes à execução
orçamentária do ano passado. “Todos os meses ficamos diante da ‘Escolha
de Sofia’: quem vai deixar de receber”, afirmou o professor, que assumiu
o posto em agosto.
A declaração (em que faz referência ao clássico da
literatura no qual uma mãe deve decidir qual dos dois filhos deve ser
salvo) foi dada durante um encontro com jornalistas em maio.
De acordo com a assessoria da universidade, a
energia na Escola da Politécnica foi restabelecida por volta das 14h.
Até às 16h30, a Ufba não confirmou se a energia já havia sido
normalizada na Escola de Administração, mas informou que a Coelba já
havia se comprometido a normalizar o serviço.
NacionalO
problema na Universidade Federal da Bahia tem atingido outras
instituições federais e programas do MEC, pasta eleita como prioritária
pela presidente Dilma Rousseff no segundo mandato – ela, inclusive,
escolheu como slogan do novo governo Brasil, Pátria Educadora.
“São 60 universidades brigando por orçamento.
Queremos mostrar que a Ufba não pode perder mais recursos”, diz Salles.
Em nota, o MEC informou que está sempre aberto ao diálogo com as
instituições e que tem se esforçado para regularizar o fluxo de verbas,
debatendo internamente no governo, para verificar como honrará os
restos a pagar pendentes.
As verbas de custeio referem-se a despesas mensais
com a vida acadêmica, o pagamento de pessoal, das concessionárias de
energia e água potável, das empresas terceirizadas, além das despesas de
assistência estudantil e de manutenção predial e itens básicos como
papel e material de limpeza. As verbas de investimento são referentes a
obras.
Reitor falou de dificuldade em pagar contas
(Foto: Arisson Marinho) |
Prioridades
Segundo João Carlos Salles, as prioridades nesse momento de crise são as atividades acadêmicas e a busca por manter a qualidade da produção intelectual. “Precisamos garantir as bolsas para a assistência estudantil, um restaurante universitário com um quantitativo de refeições suficientes, biblioteca que funcione nos finais de semana”, exemplifica o reitor.
Segundo João Carlos Salles, as prioridades nesse momento de crise são as atividades acadêmicas e a busca por manter a qualidade da produção intelectual. “Precisamos garantir as bolsas para a assistência estudantil, um restaurante universitário com um quantitativo de refeições suficientes, biblioteca que funcione nos finais de semana”, exemplifica o reitor.
Este ano, o orçamento total aprovado para a Ufba foi
de R$ 1.314.749.911, no entanto, mensalmente a Reitoria tem recebido
repasses menores que chegam a ser 40% a menos do que o previsto.
“Precisamos de condições para garantir a qualidade do ensino e manter
as atividades de pesquisa e de extensão”, disse.
Em nota, o MEC informou que desde março voltou a
repassar 1/12, e não mais 1/18, como tinha sido em janeiro e fevereiro,
conforme decreto da Presidência no início do ano. Além disso, a pasta
garantiu que não faltará recursos de custeio. “O MEC, inclusive, vem se
esforçando para auxiliar as universidades na regularização dos
pagamentos”, afirma o comunicado.
O oferecimento de vagas para o próximo semestre não
deve ser afetado, mesmo com a crise, mas o reitor afirmou que não
descarta a possibilidade de barrar a abertura de novos cursos. A
Reitoria, no entanto, não quis divulgar se já havia previsão de novos
cursos para agora.
PagamentosCom
dívidas e com o orçamento do mês arrochado, a manutenção dos prédios
urge e o desafio é de buscar reduzir os gastos. “Temos prédios de
diversas idades e padrões construtivos e eles precisam de manutenção.
Com as chuvas que temos tido, temos infiltrações em alguns prédios e
precisamos de recursos para lidar”, diz Salles.
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