Antes mesmo de virar lei, o Procon de alguns estados como Bahia e São Paulo, já realizam campanhas de apoio aos endividados
Um conceito atual e que pode fazer
parte da reforma do Código de Defesa do Consumidor Brasileiro é o
“superendividamento”. Segundo o Procon, este endividamento ocorre quando
as dívidas estão acima da renda mensal, o que impossibilitaria o
consumidor de honrar seus pagamentos.
Atualmente, tramita na Comissão de Constituição e
Justiça do Senado Federal um Projeto de Lei (nº 283/12) que pretende
disciplinar a oferta de crédito ao consumidor e prevenir o fenômeno do
superendividamento. De acordo com a proposta, o juiz pode instaurar um
processo, a pedido do consumidor, para renegociar dívidas com audiência
de conciliação.
Fica a cargo do endividado apresentar uma proposta
de pagamento dos débitos com prazo máximo de cinco anos. O Projeto prevê
a garantia do crédito ao consumidor, desde que faça cursos de educação
financeira. Estabelece ainda o conceito do “mínimo existencial” de
renda, ou seja, as parcelas da dívida não podem superar os 30% da
remuneração mensal líquida do consumidor.
Antes mesmo de virar lei, o Procon de alguns estados
como Bahia e São Paulo, além de tribunais nos estados do Rio Grande do
Sul, Paraná e Pernambuco, já realizam campanhas de apoio aos
superendividados. Para o economista e consultor financeiro Edísio
Freire, a medida vai ajudar, mas não resolve o problema que já faz parte
da cultura do brasileiro.
“A solução está na educação financeira, porque
muitas pessoas buscam um padrão de vida fora da sua possibilidade, aí
chega em um ponto que as dívidas ficam impagáveis. É importante fazer
com que as pessoas não cheguem a este nível de superendividamento”,
orienta o especialista, que acrescenta que observa que a sociedade no
Brasil não é educada para poupar.
“Pelo contrário, os movimentos de mercado incentivam
o consumo por meio do crédito e não pelo aumento da produtividade. Mas,
a partir do momento que eu faço uma dívida, vou ter que pagar, se não
pago vou diminuir meu potencial de consumo. Uma hora essa bomba
explode”.
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