| 29 Novembro 2014
Notícias Faltantes - MÍDIA SEM MÁSCARA
Notícias Faltantes - MÍDIA SEM MÁSCARA
Na
Venezuela e na Bolívia o Irã deu mais um passo, ao desenvolver uma
presença militar através de acordos conjuntos nas indústrias de defesa.
Na Venezuela, a zona zero desta atividade é o estado Aragua, onde El
Aissami é o governador.
Meus leitores lembrarão que em julho os Estados Unidos solicitaram às autoridades locais a prisão e a extradição do general venezuelano Hugo Carvajal, por suspeita de tráfico de drogas com as guerrilhas colombianas. Carvajal foi detido mas a Holanda interveio, rechaçou o pedido de extradição e o deixou em liberdade.
O
general havia sido enviado para ser o cônsul venezuelano na ilha e
difundir propaganda bolivariana. Teria sido uma importante detenção de
inteligência para os Estados Unidos. Por isso não foi muito
surpreendente que o ministro de Relações Exteriores venezuelano na
ocasião, Elías Jaua, e a esposa do presidente Nicolás Maduro, Cilia
Flores, celebrassem a decisão da Holanda recebendo o avião no qual
Carvajal regressou a Caracas.
A
terceira pessoa de alto nível no comitê de boas-vindas no aeroporto - o
governador do estado Aragua, Tarek Zaidan El Aissami Maddah, parecia
fora de lugar porque não pertence ao governo nacional. Bem, isso se não
se leva em conta seu currículo: parte mestre das relações com o Oriente
Médio, parte revolucionário cubano honorário e parte chavista altamente
ambicioso, El Aissami é o sonho tornado realidade para Teerã e Havana.
Isso o converte em um homem influente na Venezuela.
Embora
o presidente Barack Obama seja pressionado por ativistas de esquerda
para mudar a política dos Estados Unidos sobre Cuba antes da próxima
Cúpula das Américas que será celebrada em abril no Panamá, suas opções
são limitadas por leis que requerem a aprovação do Congresso para
realizar mudanças. Não obstante, uma decisão importante em suas mãos é
eliminar Cuba da lista de estados que patrocinam o terrorismo do
Departamento de Estado dos Estados Unidos. Antes que o presidente faça
isso, os norte-americanos devem estar a par das acusações de um analista
de segurança da região sobre o trabalho de El Aissami a favor do islam
radical e respaldado por Cuba.
O
ocidente está ciente da crescente presença do fundamentalismo islâmico
na América, porém as autoridades poderiam estar subestimando a ameaça.
Joseph Humire é um analista de segurança e co-editor de Iran’s Strategic Penetration of Latin America (algo assim como A penetração estratégica do Irã na América Latina),
um livro publicado este ano. Em uma entrevista na semana passada em
Nova York, Humire descreveu o progresso considerável do Irã, ao longo de
três décadas, em estabelecer operações na região.
As
etapas iniciais do processo incluíram agentes clandestinos que usaram
mesquitas para fazer conexões no interior das comunidade muçulmanas, e
depois aproveitaram essas relações para ter acesso à riqueza e ganhar
proeminência política. Nos lugares onde estas primeiras incursões foram
exitosas, assinala Humire, o Irã abriu embaixadas e estabeleceu acordos
comerciais que permitem aos agentes criar negócios, que podem ser
utilizados como fachadas para operações encobertas.
Na
Venezuela e na Bolívia o Irã deu mais um passo, ao desenvolver uma
presença militar através de acordos conjuntos nas indústrias de defesa.
Na Venezuela, a zona zero desta atividade é o estado Aragua, onde El
Aissami é o governador.
Havana
aplaude a intervenção islâmica. Desde o surgimento do chavismo, Cuba
proporcionou serviços de inteligência à Venezuela e seus aliados
regionais, principalmente Nicarágua, Bolívia e Equador. Humire diz que
também forneceram tecnologia da informação para passaportes, o que
permitiu a esses países tramitar documentos a pessoas do Oriente Médio,
outorgar documentos novos e manter em segredo suas verdadeiras
identidades. Cuba utilizou esta capacidade para intercambiar informação
com países afins, inclusive Rússia e Irã.
Criado
na Venezuela por um pai nascido no Líbano e doutrinado pelo movimento
estudantil de esquerda Utopia 78, na Universidade de Los Andes, foi
ministro do Interior entre 2008 e 2012. Segundo um informe de junho de
2014 do Center for a Secure Free Society, com sede em Washington, do
qual Humire é diretor executivo, “autoridades regionais de inteligência”
acreditam que o escritório de El Aissami utilizou tecnologia da
informação desenvolvida pela segurança estatal cubana, para outorgar a
173 pessoas do Oriente Médio novas identidades venezuelanas que são
extremamente difíceis de rastrear.
O informe, Canada on Guard: Assesing the Immigration Threat of Iran, Venezuela and Cuba (algo como Canadá em guarda: avaliando a ameaça imigratória do Irã, Venezuela e Cuba), assinala que autoridades de inteligência da região acreditam que “entre as pessoas mais notáveis”
que receberam documentos falsos de Caracas estavam Suleiman Ghani Abdul
Waked, um importante membro do Hizbolah libanês. O mesmo informe, que
cita entrevistas com autoridades de inteligência latino-americanas
anônimas, sustenta que El Aissami construiu “um conduto terrorista
criminoso que traz militantes islâmicos à Venezuela e países
circundantes, e envia fundos ilícitos da América Latina ao Oriente
Médio”. Humire me disse que o governo venezuelano qualificou o informe como propaganda norte-americana.
Aragua
é a sede de Parchin Chemical Industries (PCI) e Qods Aviation, duas
empresas das Forças Armadas iranianas que têm sociedade com a indústria
militar venezuelana, segundo Iran’s Strategic Penetration of Latin America.
PCI é fabricante de explosivos, munição e propulsores de mísseis. Qods é
produtor de veículos aéreos não-tripulados. Ambas companhias foram
sancionadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, sob a
Resolução 1747.
O capítulo escrito por Humire assinala que Havana agora “tenta cancelar sua dívida com o Irã”,
para receber assistência econômica de Teerã. Esta ajuda, sem sombra de
dúvida, estará condicionada a um maior acesso iraniano aos países sob a
influência cubana, inclusive Venezuela, diz o expert. Provavelmente
recorrerão a El Aissami, para que ele os ajude.
Tradução: Graça Salgueiro
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