Em 12 anos
de petismo, a diplomacia profissional foi substituída pela tosca
militância ideológica do partido no poder. Faz-se de tudo para
contrariar a política externa norte-americana. Editorial do jornal O
Globo:
A
política externa é uma das que mais foram alteradas desde que o PT
chegou ao Planalto, em janeiro de 2003. Ficou visível que o Itamaraty
como instituição deixou de ter peso nas decisões, ao mesmo tempo em que
uma visão de mundo condicionada por um nacionalismo de esquerda,
antiamericanista, do pós-guerra, passou a ser preponderante. Foram
engavetadas características da diplomacia profissional: a busca pelo
equilíbrio, a não intervenção em crises políticas de outros países, o
bom relacionamento com americanos e europeus, sem se afastar do mundo
emergente.
O curioso
é que onde se esperavam alterações de fundo, na política econômica,
nada aconteceu. E ainda bem, porque foi a manutenção de princípios da
administração tucana que evitou o descarrilamento da economia, atingida
por uma séria crise de confiança causada pela perspectiva de chegada do
próprio PT ao poder. Consta que, para manter as fileiras petistas
unidas, a política externa foi cedida, em contrapartida, às frações mais
à esquerda do partido.
E no
momento observa-se mais um surto de esquerdização da diplomacia, quando o
Planalto necessita de um PT unido, às vésperas da que deverá ser a mais
árdua batalha eleitoral que o partido enfrentará, desde a vitória de
Lula, em 2002.
O último
sintoma do surto foi a decisão do governo Dilma de convocar o embaixador
em Tel Aviv , Henrique Sardinha, “para consultas", devido ao “uso
desproporcional da força” por parte de Israel em Gaza. Havia formas
menos estridentes de comunicar o justificável mal-estar com as mortes de
civis em Gaza — mas também sem deixar de registrar a contrariedade com
os constantes ataques de foguetes feitos pelo Hamas contra cidades
israelenses, incluindo, agora, Tel Aviv.
A atitude
gerou a resposta, também desequilibrado, da chancelaria israelense, com
o uso do deplorável termo “anão diplomático” para qualificar o Brasil. O
ministro das Relação Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, embaixador de
carreira, respondeu dentro dos códigos da atividade, enquanto Marco
Aurélio Garcia, assessor especial da presidência, militante petista, uma
espécie de ministro das Relações Exteriores “do b", manteve o nível do
porta-voz israelense, classificando-o de “sub do sub do sub do sub do
sub” — copiando o ex-presidente Lula na resposta a um comentário de
autoridade americana de que não gostou.
Mais uma
prova de que os profissionais da diplomacia estão em segundo plano é a
tíbia posição brasileira diante do ataque ao jato comercial por grupos
de rebeldes ucranianos apoiados pela Rússia de Putin, outro aliado
preferencial do Planalto. O avião, malaio; o míssil, russo. Morreram 298
pessoas.
O governo
evita qualquer condenação à Rússia e faz o mesmo com a Síria de Assad,
ditador já com mais de 150 mil mortos na biografia. O conceito é
simples: faz-se tudo aquilo que contraria a política externa americana.
Parece birra, mas há quem considere eficaz para conseguir votos.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário