por
Lilian Machado
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
A disputa
entre o ex-governador Paulo Souto (DEM) e o ex- ministro Geddel Vieira
Lima pela cabeça de chapa das oposições nas eleições de outubro e a
consequente demora na definição não deve impactar sobre o cenário das
outras candidaturas, mas aponta para uma briga entre os partidos para
ver quem lidera o segundo polo político no Estado, segundo
especialistas. Conforme analisam, o grupo oposicionista não se prejudica
ao adiar a escolha para depois do Carnaval, já que para o eleitorado, a
campanha só começa com o horário eleitoral gratuito, três meses antes
do pleito.
As articulações para ver quem irá liderar a composição mostram que
cada um busca uma motivação, que está além da sobrevivência política
pessoal, mas envolve também o futuro dos partidos, em questão.
O cientista político Joviniano Neto lembra que a diferença de
votos entre Paulo Souto e Geddel, nas eleições de 2010, foi de apenas 50
mil. “Mas essa diferença fez com que Geddel perdesse a liderança no
segundo polo político do estado
contra o PT. Consequentemente, ainda que enfraquecido, o DEM continua
sendo o segundo polo. Colocar Souto na corrida significa o esforço dos
democratas de se manterem nessa colocação e ainda de reacender a sigla
nacionalmente. Com isso, Souto parece ter se convencido em ir para a sua
quinta candidatura. Geddel manteve o controle do PMDB e para conservar
essa liderança partidária e permanecer vivo, politicamente, no Estado
tem que buscar ser o protagonista, sendo candidato a governador, ao
Senado ou para deputado federal em lugar do irmão (Lúcio Vieira Lima)”.
Realizações de Wagner e Neto serão exploradas
O cientista político arrisca avaliar que o cenário que representaria o
fracasso para a oposição seria a ida para o segundo turno da candidata
Lídice da Mata (PSB) contra o candidato governista Rui Costa (PT).
“Seria o risco catastrófico de perderem o segundo polo”. Ainda segundo
ele, quanto mais candidaturas houver, mais chances haverá de ocorrer uma
segunda etapa eleitoral. “Porém isso exige mais estrutura financeira e
partidária. Se eles não tiverem isso, poderá ajudar o candidato do
governo que tem mais recursos, mais estruturas de apoios e prefeituras
no interior do Estado”,afirmou.
Especialista em História Política, na Ufba, Carlos Zacarias
lembra as ações realizadas neste ano, na capital baiana, pelo governo
Wagner e pela administração ACM Neto serão explorados nas campanhas e
podem motivar o eleitorado na escolha. “A oposição vai fazer a
prefeitura de Salvador o seu cartão de visita, com as obras no asfalto
da cidade, a requalificação da Barra, as interferências no sistema
viário e na parte cultural e o governo do Estado também vai mostrar as
obras de mobilidade urbana, a implantação do metrô, que certamente irá
ser colocado em funcionamento. Ainda que a maioria não utilize o
equipamento, subjetivamente isso tem impacto. Vale lembrar que o
eleitorado no Brasil
é muito sensível e passional”, disse ao ratificar também que questões,
como essas podem fazer o eleitor mudar o voto de forma rápida.
Conforme Zacarias, o contexto nacional, a economia brasileira, a Copa do Mundo e as manifestações de rua também podem influenciar nos resultados.
“É preciso saber se o Brasil, em relação ao cenário de crise
internacional, vai se manter mais ou menos estável. As manifestações
podem não ter a mesma espontaneidade, mas haverá um grau de mobilização
grande. Lembremos que hoje não se passa mais um dia no País sem ter uma
manifestação. Virou algo cotidiano e a sociedade civil está reagindo,
órgãos como a OAB estão se manifestando, inclusive agora com o aumento
do IPTU”, disse. Há um consenso de que o cenário baiano estará muito
vinculado ao nacional e será influenciado também pelo municipal.
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