Transferência foi determinada pela Justiça, mas a mulher não resistiu.
Clauricéia Rangel estava em estado grave, com problema nos rins.
Filha quer Justiça após não conseguir vaga para a
mãe (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
A falta de vaga na rede pública de saúde fez mais uma vítima no Espírito Santo.
Clauricéia Maria Rangel tinha 53 anos e estava internada em estado
grave na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Guarapari, no litoral do
estado, com problemas renais. De acordo com a filha, a Justiça pediu a
transferência dela para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em um
hospital estadual, mas o procedimento foi feito tarde demais e a
paciente acabou morrendo. A família falou que quer processar o estado e
outros envolvidos.mãe (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Clauricéia foi encaminhada à UPA pelo Instituto do Rim, na última quinta-feira (3) e morreu por volta das 3h da madrugada desta quarta-feira (9). Por ser um caso grave, a subsecretária de saúde de Guarapari pediu a transferência da paciente ao governo do estado, mas isso não aconteceu.
“A UPA fica com o paciente, mas se o caso se agravar, ele é cadastrado na Central de Vagas, para transferência para Unidade de Tratamento Intensivo. Foi o que aconteceu. Eu mesma liguei várias vezes nesta terça, mas não saiu e a paciente veio a óbito. Nossa obrigação é cadastrar o paciente e a do estado é conseguir a vaga”, disse a subsecretária Gaida Neves.
A família então recorreu à Justiça para pedir a vaga. Nesta terça-feira (8) o pedido foi aceito pelo juiz, que considerou o caso de vida ou morte. A transferência foi determinada para o mesmo dia, mas a ambulância chegou apenas 12 horas depois.
“Minha esposa morreu sem ninguém ver. Muita coisa passou pela minha cabeça, mas a pergunta que ficou foi 'a que ponto chegou a saúde?' Tudo o que os políticos prometem, não cumprem, nada melhora. Eles fazem as coisas que dá para todo mundo ver, como ruas, pontes, mas para a saúde nada, pois as pessoas morrem e ninguém vê”, falou o marido, Arildo Rangel.
A família pretende processar o Estado. “Mesmo depois da decisão da Justiça, falaram que não tinha vaga, demoraram, e quando Samu chegou minha mãe já estava morta. Quantas mãe vão precisar morrer? Agora, quero a Justiça. Vou processar todos os envolvidos nisso, a secretaria de Saúde do município, o governo do estado, a unidade, os médicos, todos. É muita revolta, pois as pessoas veem o que está acontecendo e não fazem nada. As cosias podem ser feitas, mas eles não querem”, disse a filha Francélia Rangel.
Outro lado
O Subsecretário de Estado da Saúde, Geraldo Queiroz, explicou que a secretaria está apurando se houve falhas. “O lugar dessa paciente não era é uma UPA, ela deveria estar na emergência esperando uma vaga de UTI, ou até mesmo já ter sido levada imediatamente para uma UTI. Estamos vendo o que aconteceu e vamos adotar providências, para que sejam responsabilizados aqueles que deram causa a isso, se é que houve culpa de alguém”, disse.
Questionado sobre a falta de vagas de UTIs em unidades do estado, o subsecretário confirmou. “Não é comum, mas às vezes o sistema fica saturado. Já apuramos que não havia vaga de UTI nesse tempo que a paciente precisou, mas espaço nas emergências havia. Era possível fazer 'vaga zero' pelo Samu e essa paciente entrar em alguma emergência para esperar pela vaga”, falou.
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