MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Como os carros, motos também entram na moda dos SUVs


Colunista fala sobre evolução do segmento das aventureiras.
Veja dicas sobre qual modelo escolher para o seu perfil.

Roberto Agresti Especial para o G1

Suzuki V-Strom 1000 e BMW R 1200 GS (Foto: Divulgação)Suzuki V-Strom 1000 e BMW R 1200 GS (Foto: Divulgação)
Não é preciso um olhar muito atento para perceber que há um segmento bem forte no mercado de motos, e em franca evolução. Trata-se das chamadas maxi-trails (ou big-trails, tanto faz), motocicletas que prometem levar seu dono a qualquer lugar do planeta, por mais remoto que seja. E, detalhe: haver uma boa estrada é um item opcional.

Versatilidade e capacidade de superar terrenos ruins estão no topo do elenco de qualidades destas motos.
Todavia, é preciso de um pouco de flexibilidade na interpretação do que é efetivamente um "terreno ruim", já que o passar dos anos – o segmento das maxi-trails começou a se formar no final da década de 70 – deixou tais motos cada vez maiores, mais potentes e pesadas. E excesso de peso é, sempre, um inimigo cruel para a capacidade de transpor obstáculos.
VEJA OPÇÕES DE AVENTUREIRAS
BMW R 1200 GS  (Foto: Divulgação)

BMW R 1200 GS
Potência: 125 cv
Torque: 12,5 kgf.m
Peso: 238 kg (em ordem de marcha)
Preço: de R$ 72.900 a 91.200

É um poço de alta tecnologia, equipada com suspensões com regulagem eletrônica, mapeamentos de motor diversos, controle de tração...
Ducati Multistrada (Foto: Divulgação)

Ducati Multistrada
Potência: 150 cv
Torque: 12,7 kgf.m
Peso: 224 kg (em ordem de marcha)
Preço: de R$ 67.900 a 89.900

É tida como uma verdadeira superesportiva com guidão alto. Tem alguma aptidão para superar estradas ruins mas é no asfalto que exalta sua personalidade. É a mais potente de seu segmento e a tecnologia de ponta está por toda parte, do motor às suspensões, freios e etc.
Honda Transalp (Foto: Divulgação)

Honda XL 700 V
Potência: 60 cv
Torque: 6,1 kgf.m
Peso: 200 kg (em ordem de marcha)
Preço: R$ 29.990 (R$ 31.999 c/ABS)

Herdeira das primeiras bicilíndricas da marca japonesa, a Transalp é o resultado de anos de aperfeiçoamento. Se destaca pela solidez e comportamento equilibrado. Para quem quer ir e vir sem problemas.
Yamaha Ténéré 660 (Foto: Raul Zito/G1)
Yamaha XT 660Z Ténéré
Potência: 48 cv
Torque: 5,95 kgf.m
Peso: 186 kg (em ordem de marcha)
Preço: R$ 29.920

A agilidade e características de sua ciclística (roda dianteira aro 21") fazem a Ténéré muito adaptada para enfrentar estradas verdadeiramente ruins nas mãos de condutores não muito experientes, considerando também nesta equação um motor monocilíndrico de potência não exagerada.
Suzuki V-Strom 650 (Foto: Rafael Miotto/G1)

Suzuki DL 650 V-Strom
Potência: 72 cv
Torque: 6,52 kgf.m
Peso: 214 kg (em ordem de marcha)
Preço: R$ 35.900

Atualizada em nosso mercado, o destaque é o motor V2, potente e robusto. Tem excelente capacidade de rodar bem em estradas boas e ruins, nas quais a roda dianteira de 19" aliada aos pneus mistos realmente lhe dão vantagem.
Kawasaki Versys (Foto: Divulgação)

Kawasaki Versys 650
Potência: 64 cv
Torque: 6,2 kgf.m
Peso: 210 kg (em ordem de marcha)
Preço: R$ 30.764/33.800 c/ABS – R$ 36.835 c/ABS

"Raspa" no segmento maxi-trail, mais por conta da versatilidade (exaltada até no nome) do que por cumprir com capacidades off-road verdadeiras. Apesar da roda dianteira de 17 polegadas e pneus para uso 100% em asfalto, a Versys não desdenham incursões em estradas mal pavimentadas.
Triumph Tiger 800 XC (Foto: Gustavo Epifanio/G1)

Triumph XC 800 Tiger
Potência: 95 cv
Torque: 8,0 kgf.m
Peso: 225 kg (em ordem de marcha)
Preço: R$ 39.900

A agressividade de seu potente motor tricilíndrico está aliada a um projeto moderno. Rival declarada da BMW F 800 GS. É boa na terra, mas melhor no asfalto.
Conceitualmente uma grande trail de 30 anos atrás era uma 500cc. Aliás, a mãe de todas elas pode ser considerada a Yamaha XT 500, moto que tem em seu currículo a vitória no primeiro rali Paris-Dakar, disputado em 1979.A receita da XT 500 agradou não só aos quem precisavam cruzar um deserto, mas também à aqueles cuja maior aventura seria um bate-e-volta até um mirante no alto da serra, ou uma rápida esticada até aquela praia "remota", a menos de 100 km do criado-mudo.
Esta pioneira XT 500 logo passou a ser 600cc, recebendo o sugestivo nome de "Ténéré", alusivo ao deserto africano e, claro, às suas glórias esportivas naquele terreno hostil.
A BMW abriu o olho e também começou a apostar neste segmento, conseguindo um inesperado sucesso nos ralis africanos do começo dos anos 80, com suas grandes motos equipadas com os clássicos motores de dois cilindros boxer de 800cc.
Boas vendas decorrentes do sucesso esportivo nessas então inéditas competições no deserto animaram vários fabricantes a ousar: a Honda veio com sua linha XL anabolizada, com motores elevados às 600cc, e rapidamente propôs uma bicilíndrica não gratuitamente batizada de "Africa Twin".

A Suzuki privilegiou a opção pelo motor monocilindro, oferecendo uma até então impensável DR 750 Big(!), logo "bombada" à 800cc.
Na virada dos anos 90, com o mercado cada vez mais receptivo à estas engolidoras de quilômetros bons ou ruins, a escalada em tamanho de motores, peso e sofisticação tecnológica fez nascer uma verdadeira corrida tecnológica, onde cada fabricante buscaria propor mais e mais neste vibrante segmento. E mais, como veremos adiante, não se restringiu à capacidade cúbica dos motores...
E HOJE?
Importante observar que entre as maxi-trail disponíveis atualmente no mercado há as que são mais voltadas para um uso tranquilo, predominantemente em asfalto, como as que oferecem maior competência para quem pretende mesmo se aventurar em estradas ruins.
Entre as novidades mais frescas está a Suzuki DL 1000 V-Strom lançamento (ou relançamento, melhor dizendo) cujos potenciais clientes talvez possam ver e tocar a novidade com a ponta dos dedos no iminente Salão da Moto de São Paulo no início de outubro (ou mais certamente na mostra de Milão que abrirá as portas um mês depois).

Um paralelo evidente que pode ser feito para confirmar o sucesso deste tipo de montaria é verificar que a indústria automobilística também seguiu tal trilha – literal e conceitual – de oferecer veículos com capacidades de verdadeiro off-road, porém agregando conforto, multiplicando potenciais clientes e suas diferentes necessidades de uso.
Um Mitsubishi Pajero, ícone de sucesso do mercado brasileiro dos chamados SUV, acrônimo para a classificação que dispensa tradução de "Sport Utility Vehicle", pode ser tranquilamente comparado à mais desejada das maxi-trails do planeta, líder inconteste do segmento no Brasil e no mundo: a BMW R 1200 GS. Ambos, Pajero e GS, oferecem a seu dono status, excelente capacidade de superação de obstáculos e robustez.

Porém, assim como o banco de couro ou o sofisticado sistema de áudio pode parecer algo impróprio a um carro que poderia ir de São Paulo a Manaus sem precisar ser guinchado nos piores trechos de estrada (aliás, a probabilidade maior é o exato inverso, a Pajero rebocar vítimas do terreno ruim) a BMW idealizada para dar a volta ao mundo sem precisar escolher a estrada também traz "mimos", como suspensões reguláveis eletronicamente, controle de tração e freios ABS.
Além disso, também possui outros itens que alguns consideram perfumaria, como aquecimento de manoplas, parabrisa regulável em altura e um chique conjunto de malas "by BMW", com preço comparável ao das chiques Louis Vuitton ou Rimowa.
Aprilia, Benelli, BMW, Ducati, Honda, Kawasaki, KTM, Suzuki, Triumph, Yamaha... a ordem alfabética é intencional, e não só nos ajuda a não deixar ninguém de fora como para verificar que todos os principais fabricantes de motocicletas do planeta tem maxi-trails em seu catálogo.

Algumas são mais rústicas como a KTM 1190 Adventure (Land Rover?) adequadas ao propósito "Buzz Ligthyear", ao infinito e além..., outras são quase luxuosas (Range Rover?) ou superesportivas (Porsche Cayenne?) de guidão alto, mas todas efetivamente oferecem a seus donos a possibilidade de rodar por estradas mal conservadas sem que isso signifique insegurança ou a potencialização de problemas.
Curiosamente, estabelecido um ápice no segmento – que poderíamos quantificar através de motores de cerca 1.200 cc, quatro cilindros (em linha ou em V) e peso que vai dos 220 a improváveis 300 kg, a indústria da moto vislumbrou a chance de oferecer modelos com praticamente a mesma aparência destas gigantescas maxi-trail mas com motores menores, peso mais contido, maiores habilidades off-road e consequente preço mais baixo. Uma espécie de subcategoria também emulada (mais uma vez...) no mundo do automóvel.
Assim como há a BMW R 1200 GS e a Ducati Multistrada e suas já citadas contrapartes automobilísticas, há a BMW F 800 GS para fazer par como o TR4, o chamado Pajerinho, da mesma Mitsubishi. Há também a menos cara Yamaha XT 660 Ténéré que poderia encontrar seu paralelo de quatro rodas em um Troller, talvez.

Nesse ambiente onde rótulos se confundem e confundem – SUV, Crossovers e off-roads puros versus maxi-trails nem tão maxi assim...) o cliente sempre encontrará o "sapato certo" para seu pé, seja qual for a necessidade: se uma expedição ao deserto do Atacama ou uma viagem ao Alaska, ou a "aventura" de 40 km até o sítio do amigo para um emocionante churrasco.
BMW R 80 G/S, de 1980 (Foto: Divulgação)No início, o segmento tinha motos mais apropriadas ao off- road, como a BMW R 80 G/S, de 1980
(Foto: Divulgação)
Conceito Suzuki V-Strom 1000 (Foto: Divulgação)V-Strom 1000 buscou inspiração na DL 750 S de 1988 (Foto: Divulgação)



Roberto Agresti (Foto: Arquivo pessoal)

Roberto Agresti escreve sobre motocicletas há três décadas. Nesta coluna no G1, compartilha dicas sobre pilotagem, segurança e as tendências do universo das duas rodas.

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