Desempregada e com 5 filhos, ela teve o benefício bloqueado há 5 meses.
Funcionários foram impedidos de entrar do Cras até negociação com ela.
Marina Fontenele
Do G1 SE
Desempregada e com 5 filhos, Íris teve o benefício bloqueado há 5 meses (Foto: Marina Fontenele/G1)
Mãe de cinco filhos, desempregada e sem receber o Bolsa Família há
cinco meses, a dona de casa Íris dos Santos Almeida, 29 anos, resolveu
se acorrentar na porta de um Centro de Referência da Assistência Social
(Cras) localizado no bairro Coroa do Maio em
Aracaju, em
Sergipe.
A atitude, realizada na manhã desta segunda-feira (30), teve o objetivo
de pressionar os órgãos responsáveis para dar uma resposta sobre a
suspensão do benefício e pedir a liberação do saque do valor já
autorizado pelo programa.
“Já atualizei meu cadastro duas vezes e nada de liberarem meu
benefício. Eles alegam que um dos meus filhos estava faltando a escola,
mas tenho a declaração de que todos estão frequentando a escola. Eles
prometeram me dar uma solução em 48 horas, senão vou voltar a me
acorrentar”, afirma Íris.
Os funcionários do Cras ficaram impedidos de entrar na unidade até que a
coordenação conseguisse um acordo com a manifestante. De acordo com
Iulná Almeida, coordenadora do Cras Benjamin Alves de Carvalho, as
informações sobre essa família estão atualizadas e dependem de avaliação
do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
“Esse problema de falta de uma das crianças na escola foi em 2011, mas a
avaliação da família já foi feita e é só uma questão de tempo para ser
solucionada. O MDS dá um prazo de três meses para essa avaliação
cadastral. O que eu posso dizer é que uma parcela de R$ 230 já foi
liberada para ela, mas o saque ainda não foi autorizado, vamos buscar o
porquê disso”, explica Iulná. No entanto, o valor referente aos meses
que o benefício ficou suspenso não será pago.
Íris mostra comprovantes de presença escolar dos filhos que têm menos de 13 anos
(Foto: Marina Fontenele/G1)
Diante da reivindicação de Íris, outros moradores da região também
resolveram cobrar respostas sobre a suspensão do pagamento do Bolsa
Família. Severino Leite da Silva, 44 anos, mora com a mãe e o
companheiro dele e reivindica a volta do benefício que foi suspenso para
ele há quatro anos. “Fiz o cadastro aqui no Cras, mas quando liga para
Brasília diz que não fui cadastrado. Não posso sair de casa para
trabalhar porque a minha mãe é doente e não dá para manter a casa com um
salário mínimo que ela recebe que mal dá para comprar os remédios para
ela”, argumenta Severino.
Segundo Iulná, Severino não tem direito a receber a quantia porque o
teto per capta do Bolsa Família é de R$ 140 e, para caso de extrema
pobreza, é de R$ 70. “A mãe dele recebe o Benefício de Prestação
Continuada (BPC) que equivale a um salário mínimo e mesmo se dividir
esse valor para os três moradores da casa o valor continua maior que o
previsto nas regras do programa”, afirma.
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