JAMES MACKENZIE
DA REUTERS, EM ROMA
O novo primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, está pregando o fim das medidas de austeridade ao mesmo tempo em que promete cumprir as metas da União Europeia (UE) para a redução da dívida, e enfrenta pressões de parte da sua recém-montada coalizão para abolir um impopular imposto imobiliário. DA REUTERS, EM ROMA
Letta reúne-se na quarta-feira em Paris com o presidente francês, François Hollande, um provável aliado em seus apelos para que a Europa priorize tanto o crescimento quanto a disciplina fiscal.
A chanceler alemã, Angela Merkel, adotou um tom conciliador na terça-feira, em Berlim, mas não deu sinais de que estaria disposta a rever a posição da Alemanha, que exige medidas rigorosas dos países endividados do sul do continente. Ela insistiu que não há contradição entre crescimento e consolidação fiscal.
Letta evitou defender publicamente um abrandamento das metas de déficit com as quais a Itália se comprometeu para este ano, mas vários ministros e outros políticos, inclusive seu agora aliado Silvio Berlusconi, o pressionam a fazer isso.
O espaço que separa sua retórica antiausteridade das difíceis opções que sua instável coalizão pode ter de tomar já ficaram visíveis numa batalha em torno do odiado imposto habitacional chamado IMU, adotado pelo ex-premiê Mario Monti.
Berlusconi, que tem o poder de derrubar a qualquer momento a coalizão que reúne centro-esquerda e centro-direita, repetiu na terça-feira que a abolição do imposto e a devolução dos valores pagos em 2012 seria uma condição para que ele se mantenha na coalizão. Estima-se que isso abriria um rombo de 8 bilhões de euros no orçamento italiano.
Piotr Snuss/Reuters | ||
O presidente da França, François Hollande (à esq.), cumprimenta o recém-empossado premiê da Itália, Enrico Letta, no Palácio do Eliseu |
Letta até agora se comprometeu apenas em suspender as contribuições a serem pagas em junho, na expectativa de uma revisão mais ampla dos impostos sobre a propriedade imobiliária.
Mas o novo premiê ainda não explicou de onde tirará os cerca de € 2 bilhões necessários para cobrir o buraco a ser deixado pelo cancelamento do imposto em junho. Governos locais, principais beneficiários dessa taxa, se mostram ansiosos com a possibilidade de precisarem fazer cortes.
"Não acho que os partidos políticos possam pedir que a aritmética seja diferente daquilo que aprendemos na escola", disse Flavio Zanonato, ministro da Indústria e também prefeito de Pádua, ao jornal "Corriere della Sera". "Dois mais dois não são oito, e se abolirmos o IMU sobre residências privadas teremos de fechar as prefeituras."
A agência de rating Fitch elogiou a formação do novo governo, mas observou que ele tem pouca margem de manobra nas finanças públicas, e que pode não durar o suficiente para realizar reformas estruturais necessárias para elevar o crescimento.
"O primeiro esboço do programa de governo de Letta, em discurso ao Parlamento na segunda-feira, careceu de detalhes importantes sobre como uma forte redução tributária será financiada", acrescentou a agência.
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